LXXII

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Me apeguei. Antes fosse por pessoa, me apeguei a memórias que já vivi e que sei que jamais voltaram, me apeguei aquela maldita letra que intitulamos nossa canção. Me apeguei a aquele livro que li e vi nos personagens eu e você, me apeguei no verão por nele te conhecer. E falando assim parece que a ti não consigo esquecer, mas o fato é que o que menos me dói é você, o que realmente me faz chorar não é ter que te ver partir, não, já me acostumei com isso por todos os outros que estiveram aqui. O que verdadeiramente me machuca é saber que mais uma vez lembranças irão se apagar, seremos estranhos com memórias que mal irão se cumprimentar, o que me dilacera é saber que daqui a dois meses sua voz claramente não conseguirei mais escutar e depois dos seis teu rosto já começará a se desfigurar. O que dói é me apegar tanto a passados, pretéritos, que vivo eles ao invés do presente, o que me dói é fazer com outra pessoa o mesmo que fiz com você daqui pra frente, meu medo é tentar viver com outro alguém as lembranças guardadas de anos atrás, meu medo é continuar me apegando ao que já aconteceu até o ponto em que o futuro, passado e presente não se distinguam mais.

Des(casos) de amorOnde histórias criam vida. Descubra agora