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-Olha minha filha, essa mudança vai fazer bem pra nós, desde que o seu pai teve que ir nós não tivemos tempos muito bons. Essa mudança vai fazer muito bem para nós- Minha mãe falava para mim enquanto dirigia.

- Tudo bem, eu sei.

- Lia! Tira um pouco esse fone! Conversa comigo como uma pessoa normal- Minha mãe pediu cansada.

Minha mãe não aceitava que eu ficasse 20 minutos em silêncio, parece que não passava pela cabeça dela que eu estava chateada de mudar de cidade.

- Mãe, a gente tá a mais de 5 horas nesse carro, a gente já conversou sobre diversas coisas, eu não posso ouvir um pouco de música?!- Eu respondi descontando minha raiva nela sem querer.

- Pode- Ela suspirou cansada.

- Mamãe! A gente já chegou? Eu quero sair desse lugar!- Minha irmã Margot tinha acabado de acordar e de novidade começou a reclamar.

- Não Margot a gente ainda não chegou.- A mamãe explicou carinhosamente.

Mas essa não parecia s resposta que a Margot queria, porque ela começou a chorar no tom mais agudo que ela conseguia.

- Cala a boca Margot, nossa! Você é muito chata!- Eu explodi sem aguentar mais.

Minha mãe começou a gritar por cima de todo o caos o que só deixou tudo mais estressante ainda.

Mas logo a Margot voltou a dormir.

- Filha, tenha mais paciência com a Margot, coitada, só tem 6 aninhos, só tá com saudades do papai.

- Certo, mas saudades dele todo mundo tem, mas isso não dá o direito dela ser mimada e irritante.

-Não fala assim da sua irmã! Olha... acho que chegamos- dizia agora que via uma casa quando virou a esquina.- Vai ser tudo de bom, seremos vizinhas de uma amiga antiga minha, a Suzan, faz muito tempo que eu não tenho notícias dela.

Então o carro parou na frente da casa e a mamãe começou a tirar suas coisas de dentro do carro.

Eu também comecei a retirar minhas coisas do carro e logo colocá-las no quarto.

A casa já estava mobiliada então nós não demoramos muito pra arrumar nossas coisas, em umas três horas a casa já estava toda arrumada.

Meu quarto já estava todo organizado e bem bonito, bem do jeito que eu gostava, já tinha colocado LED nas paredes, alguns pôsteres, quadrinhos, claro que a decoração não poderia faltar pôsteres de bandas e minha guitarra,

- Filha, eu vou sair com a Margot para ir no centro, você quer vir com a gente- Minha mãe perguntou da sala no primeiro andar.

- Não, eu vou aproveitar pra descansar e tomar um sol- Respondi.

Quando a mamãe e Margot saíram eu coloquei alguma roupa mais confortável, no caso um shorts e uma camiseta.

Peguei meu livro do Harry Potter e o enigma do príncipe, eu amo esse livro, já li várias vezes, me faz lembrar meu pai, a gente lê juntos.

Pra mim ficar em cada lendo é mil vezes melhor do que sair pra festas, tudo o que eu preciso está ali, no meio daquelas folhas e tinta.

Peguei um copo de água na cozinha, uma cadeira de sol e fui aproveitar meu quintal, e pela primeira vez depois de tudo aquilo eu me sentia em paz.

Eu já tinha lido doía capítulos quando eu percebi que tinha alguém me observando.

No quintal vizinho haviam dois meninos, um pequeno e o outro maior, ambos pareciam ter por volta de seus doze anos.

Eu tentei ignorar, mas quando você sabe que está sendo observado você já não consegue fazer mais nada.

Então eu tentei socializar com aquelas criaturas curiosas.

"Oi" eu falei.

O menino que era menor e mais magricela saiu correndo pra dentro de casa, seu amigo respondeu amigavelmente o aceno, mas logo foi chamado a sair correndo pelo amigo.

Eu tentei retornar à minha leitura mesmo depois de todo o acontecimento.

Infelizmente o menino voltou, mas dessa vez não era aquele mesmo menino, era outro, mais alto, mais velho e mais emo.

Tinha por volta de uns 16 anos, era pálido, magro, tinha cabelos pretos e uma postura bem torta, acho que por conta da altura, e igual os outros meninos ele continuou encarando.

- O que foi? Perdeu alguma coisa aqui?- Eu já estava ficando irritada com tudo aquilo.

- Na verdade sim, a bola do meu irmão caiu no seu quintal- Ele disse sorrindo.

Eu olhei em volta e encontrei a bola em um arbusto do quintal, entreguei para o menino.

- Prazer, Rodrick Heffley.- Ele disse pegando a bola da mão dela.

- legal- Fiz um joia e voltei para dentro de casa com as minhas coisas.

Era tempo para aproveitar o sol e a leitura, mas infelizmente meus vizinhos não pareciam respeitar isso.

Fui para meu quarto assistir um filme qualquer que me fizesse esquecer da minha existência.

Tirei um tempo para pintar um pouco enquanto escutava música também.

Mas chega uma hora que você não tem mais nada pra fazer, nada mais soa satisfatório.

Deitei na minha cama, a música "lights are on" preenchia o ambiente, tornando tudo mais triste e dramático do que já era.

Minha cabeça latejava, eu não conseguia parar de pensar por nem um momento, eu tinha acabado de deixar minha vida inteira pra trás.

Eu era uma nova pessoa, pela primeira vez na vida eu poderia ser eu mesma, do jeito que eu quisesse ao mesmo tempo que isso era emocionante, isso me assustava pra caralho.

Escutei o barulho do carro na garagem.

- Lia, eu cheguei. Eu já te matriculei pra escola, eu achava que o quanto antes melhor, então amanhã você já começa. Eu vou dar um banho na sua irmã- Minha mãe se escorava na minha parede e despejava muitas informações sobre mim.- o que você acha da gente tirar um tempinho nos duas depois, faz muito tempo que a gente não faz isso. - Ela sentou do meu lado.

- Tá bom, pra ser sincera, eu iria adorar- Eu estava com saudades de passar um tempo com a minha mãe.

Ela saiu e foi dar um banho em Margot, eu aproveitei o tempinho que eu teria para dar uma arrumada no meu quarto, lá fora começou a chover, o que só deixava o clima mais calmo.

Esperei minha mãe vir e enquanto isso eu comecei a assistir um episódio de "Black Mirror" ela não chegou, então eu assisti mais um, quando eu estava no meio do terceiro episódio eu fiquei preocupada e fui atrás dela ver o que tinha acontecido.

Fui até o quarto da Margot e as duas estavam deitadas na cama da Margot dormindo, minha mãe parecia ter desmaiado de cansado, eu não julgo porque ela realmente deveria estar cansada depois de tanto dirigir.

Eu peguei uma manta e cobri as duas.

Peguei meu celular e vi uma notificação, era a Solei, estava perguntando como tinha sido o primeiro dia na casa nova, mas sinceramente, não estava nem um pouco afim de conversar no momento.

Voltei pro meu quarto apaguei a luz e tentei dormir.

PrimadonnaOnde histórias criam vida. Descubra agora