One Shot 18

1.5K 53 43
                                    

— Eu acho que nós não estamos funcionando mais. - murmurei baixo, porém decidido.

Já fazia algum tempo que sentia que essa relação não estava dando certo. Muitas exigências que estavam além do que eu podia realmente oferecer - a ela - naquele momento da minha vida.

— Você só pode tá de brincadeira comigo?! - A voz feminina estava estridente, chocada e raivosa quando exclamou. - Foi pra isso que você me ligou?

Respirei fundo. Eu era um babaca por fazer isso por ligação, mas seria muito mais cretino se mantivesse isso por mais um dia que fosse.

— Eu sempre te disse que não estava pronto, que estava buscando algo casual, e quando pisquei, você estava morando na minha casa e agora veio me visitar nas gravações...

A voz dela me interrompeu, meio gritando, me fazendo afastar o telefone da orelha.

— Não fale como se fosse minha culpa! Você disse que eu podia ficar, disse que eu poderia visitá-lo!

Ela estava certa, não era culpa dela, pelo menos não só dela.

— Não estou colocando a culpa em você, só estou apontando fatos, eu não estou pronto pra algo sério, eu não posso, por muitas razões, e você sabe bem algumas delas. Não sei quando volto pra Londres, não seria justo continuar prendendo você numa coisa sem futuro. Não posso mais! Não é justo com nós dois, estou sendo o mais sincero que posso.

Parei de falar, não estava nos meus planos me exaltar, queria ser verdadeiro e breve. Quando voltou a falar, a voz dela estava amarga e rancorosa.

— Eu sei por que está fazendo isso. E é patético pra porra.

A linha ficou em silêncio, e eu soube que ela tinha desligado na minha cara.

O alívio que senti por saber que estava acabado, que eu estava livre para respirar novamente, para colocar minha cabeça no lugar sem culpas ou remorsos, fez que não me importasse com a falta de maturidade dela. Talvez eu merecesse a infantilidade por estar me sentindo tão leve e até feliz, por colocar um ponto final nessa história.

Desci as escadas, indo direto para cozinha, passando por um Jack jogado no sofá e um Harry trabalhando concentrado no notebook. Em silêncio preparei chá para nós três. Quando ficou pronto, deslizei pela bancada, uma xícara para Harry.

— Terminei com a Nádia. - respondi quando ele agradeceu pelo chá, sem nem desviar o olhar da tela.

Meu irmão estava soprando o vapor, aproximando os lábios para o primeiro gole, quando direcionou o olhar pra mim.

— Como é? Você falou isso mesmo? Terminou de verdade? Porra, Tom, não brinca com essas coisas, cara! - ele levantou da banqueta, dando a volta no balcão e parando na minha frente.

— É sério, acabei de falar com ela. Ela desligou na minha cara. - bebi um gole do chá, fazendo uma careta depois; eu realmente não era bom fazendo chá preto.

Mano, eu podia dizer o quão babaca é terminar por ligação, mas eu só tô aliviado por você ter saído dessa finalmente. - Harry me abraçou e depois virou pra Jack. - Temos que comemorar, Jack, vamos abrir um vinho, pela cara do Tom esse chá tá horrível! E nós temos que comemorar!

Se Harry e Jack estavam tão felizes com a notícia, só queria ver a minha mãe quando soubesse. Meu celular tocou e me distraí das brincadeiras dos rapazes, desbloqueando a tela e vendo a mensagem.

Eu, definitivamente, não era uma pessoa de eclipsar meus sentimentos, eu sempre sabia o que estava sentindo, o que queria e mesmo que às vezes o orgulho me impedisse de expressar para os outros, eu estava consciente do que passava em meu coração.

E nessa situação não era diferente.

Há exatos vinte dias, meu irmão Sam tinha me ligado pra dizer que Zendaya tinha sido indicada ao Emmy. E tudo - as mágoas, o término, a distância, o tempo sem nos falar - desapareceu da minha mente. Nada era mais importante que esse marco na carreira dela, e eu não podia estar mais orgulhoso.

Passando por cima de qualquer coisa, mandei mensagem parabenizando-a, e desde esse dia, não tínhamos parado de nos falar, contornando o atual fuso horário que nos separavam.

No começo, fui cauteloso, e pude perceber que ela também, mas a conexão estava ali, parecendo intacta, e em poucos dias estávamos nos ligando durante a madrugada - minha ou dela -, contando coisas que tínhamos perdido na vida um do outro e sendo só nós mesmos, em nossa bolha, mesmo com 9654 km nos separando.

Eu a amava exatamente da mesma forma.

Tentei seguir em frente nos últimos quase quinze meses, mas foi só ouvir a voz dela, e tudo estava ali, claro e na mesma intensidade. E a confirmação de que a veria logo para as gravações de No Way Home, só concretizou minha intenção.

Eu faria de tudo para reconquistar o amor da minha vida.

One shots tomdayaOnde histórias criam vida. Descubra agora