E o que eu quero?

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As palavras, ditas sem nenhum remorso ou arrependimento, ampliam meus olhos e endireitam minhas costas. Seu rosto está inexpressivo, e embora eu soubesse, eu estou chocada. Ao ouvi-la dizer isso em voz alta, confessando isso, está aumentando o meu ritmo cardíaco já em alta velocidade.
— Eu disse que peguei suas pílulas. — Ela parece brava.

Isto não pode ser ignorado por mais tempo. Eu posso sentir a ira dormente e escaldante dentro de mim, empurrando-me para liberá-la. Minha menstruação é para amanhã, e eu tenho certeza que não vai vir. Esta mulher, minha louca esposa, está apenas completamente e sem vergonha confessando ter roubado minhas pílulas anticoncepcionais, e agora a minha negação está se convertendo em fúria e meu sangue fervendo.
— Camila, pela porra de um motivo, mulher! — Suas mãos voam para a cabeça em frustração. — Peguei suas pílulas porra!

Eu nem sequer tento argumentar, porque não há absolutamente nada razoável sobre esta situação. Quando eu ando em direção a ela, ela me olha de perto, com cautela, e quando eu estou diante dela, esbofeteio completamente em seu rosto. A palma da minha mão queima, imediatamente, mas estou com muita raiva para me focar na dor. Sua cabeça virou para o lado, seus olhos estão para baixo, e eu ainda posso ouvir, somente, a nossa respiração irregular, só que agora não estamos saciados, a respiração é pesada, movidas a suspiros de raiva. Ela traz o rosto de volta e, antes que perceba o que estou fazendo, minha mão está voando de novo, mas dessa vez, ela pega meu pulso na frente de seu rosto. Eu me liberto e continuo a bater no seu peito com as duas mãos em um chicote frenético de raiva. E ela me deixa. Ela só fica lá e toma a minha surra enlouquecida, meus punhos, persistentemente, a golpeiam, enquanto grito e choro. Quando acho que vou entrar em colapso com a exaustão, dou um passo para trás e perco o controle de minhas lágrimas.
— Por quê? — Eu grito com ela.

Ela não tenta me tocar ou vir em minha direção. Ela só permanece de pé na porta, ainda com nenhuma emoção em seu rosto. Sua linha de expressão franzida não está exatamente lá, mas sei que ela deve estar preocupado, e ela deve estar realmente concentrado em não impedir sua esposa transtornada.
— Você estava ignorando isso, Camila. Eu preciso que você reconheça isso. — Sua voz é suave e uniforme. — Eu precisava arrancar uma reação de você.

— Eu não entendo porque você me disse isso. Eu sabia! Quero dizer, por que diabos você fez isso? — Sua cara feia chegou. Então, mordisca o lábio. Eu não sei por que ela está pensando tão duro sobre isso. Nada pode diminuir o fato de que isto está malditamente claro. Ela é fodida, e eu estou fodida para ignorar isso por todo esse tempo.

— Você me deixa louca.— Ela balança a cabeça. — Você me faz fazer loucuras, Camila.

— Então, a culpa é minha? — Eu grito. — Minhas pílulas começaram a se perder, apenas alguns dias depois que você me teve. — Eu digo teve, porque ela realmente o fez.

Ela me quebrou, sua determinação impossível de escapar.
— Eu sei. — Seus olhos caem para o chão.

Oh, não! Ela vai me encarar, não desviar o olhar de mim. Eu me desloco de volta em seu peito e agarro sua mandíbula, forçando sua cabeça relutante para cima.
— Você não vai conseguir escapar de suas razões para isso. Você tomou para si ditar o rumo da minha vida. Eu não quero um bebê, porra! Este é o meu corpo! Você não pode tomar essas decisões por mim! — Minha voz está rompendo os meus gritos. Eu não quero! Ou quero? — Diga-me por que, no maldito inferno, você fez isso comigo!

— Porque eu queria mantê-la para sempre. — Ela sussurra.

Eu deixo cair o queixo e passo para trás.
— Você queria me prender?

— Sim — Seus olhos caem novamente.

— Porque você sabia que eu iria correr, quando eu descobrisse sobre seu negócio e seu problema com a bebida?

Mi Mujer (3ª temporada) Onde histórias criam vida. Descubra agora