Eu não estou grávida.

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Cinco minutos depois, estou de volta com a minha médica e olhando para o teste, que está colocado na outra extremidade da mesa. Ela digita rápido em seu teclado, enquanto eu freneticamente bato o pé no chão. Prendo a respiração quando ela alcança e ergue o teste, olhando para ele brevemente, antes de virar os olhos em mim.
— Positivo — diz ela, simplesmente, segurando-o para mim, para que eu veja eu mesmo. Eu sabia que estaria, mas a confirmação torna isso ainda mais uma realidade, e também inflama a dor e a loucura, que me trouxe a este ponto em minha vida.

Eu não consigo chorar, no entanto.
— Eu quero um aborto. — Eu digo claramente, olhando diretamente nos olhos da doutora Monroe. — Você pode por favor fazer os arranjos?

Eu vejo como ela, visivelmente, se afunda em sua cadeira.
— Camila, é claro, isso é uma decisão sua, mas é o meu trabalho lhe dar as opções.

— Quais são?

— Adoção, apoio. Há muitas mães solteiras por aí que lidam com isso muito bem, e com o apoio de seus pais, tenho certeza que você vai ser bem cuidada.— Eu tremo.

— Eu quero um aborto. — Repito, ignorando todos os seus conselhos e sinceridade. Ela está absolutamente certa, porém. Gostaria de ser cuidada pelos meus pais... se eu fosse solteira. Mas eu não sou. Eu sou casada.

— Certo — ela suspira — Ok, você vai precisar de um exame para determinar quanto tempo você tem de gravidez. — Ela começa a redigitar rápido em seu teclado, enquanto eu me sento, me sentindo pequena e estúpida. — Estou prescrevendo mais algumas pílulas, para quando você estiver resolvida, você esteja certa de se manter protegida. O hospital vai lhe dar muita informação com relação ao pós-tratamento e os efeitos colaterais.

— Obrigado. — Eu murmuro, pegando a receita dela. Ela não a libera imediatamente, e eu olho para ela.

— Você sabe onde me encontrar, Mila. — Ela me olha interrogativamente, obviamente duvidando de minha decisão, por isso oferecemos um pequeno sorriso para reforçar que eu realmente estou bem, que estou fazendo a escolha certa.

— Obrigada — eu digo de novo, porque eu não sei mais o que dizer.

— Tome cuidado, Camila.— Deixo seu escritório e me apoio contra a parede do lado de fora. Sinto-me doente de repente.

— Camila! Qual é o problema? — Ela está ao meu lado num piscar de olhos, sua voz enriquecida com pânico. Ela se agacha na minha frente, para chegar ao nível dos meus olhos. — Jesus, Camz.

Um suor irrompe em minha testa e minha boca é invadida com saliva. Eu sei que eu vou vomitar. Eu disparo para o outro lado do corredor e trombo contra as mulheres, em seguida, avanço para botar pra fora o conteúdo do meu estômago, no primeiro banheiro que eu encontro. Eu aperto minhas mãos no assento e ignoro a compulsão de lavar minhas mãos, imediatamente. A grande e quente mão de Laur está fazendo círculos, suavemente, nas minhas costas, enquanto eu suspiro, e ela puxa meu cabelo para fora do caminho.
— Eu estou be... — Meu estômago convulsiona novamente, e eu deixo rasgar outra evacuação. Eu agacho e afundo em frente ao vaso sanitário, descansando minha cabeça no
meu braço. Por que diabos eles chamam isso de doença da manhã, quando ela bate em você de forma aleatória ao longo do dia? Ouço a porta do banheiro abrir.

— Oh querida, eu deveria pegar um pouco de água? — É Doutora Monroe. Se eu tivesse a energia, eu ficaria preocupada que ela encontrou Laur comigo no banheiro.

— Por favor. — Lauren responde.

Ouço a porta se fechar novamente, e Laur se agacha atrás de mim, me segurando por trás.
— Terminou? — Ela pergunta baixinho.

Mi Mujer (3ª temporada) Onde histórias criam vida. Descubra agora