Perdido

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🎼Suddenly, I'm not half the man I used to be. There's a shadow hanging over me. 🎼

The Beatles

Era tarde, porém Biuld não sentia que poderia dormir aquela noite, os acontecimentos daquela manhã ainda se repetiam em sua mente, fora tudo surreal, desde o esplendor daquele lugar, até a forma que reagiu ao Bible e finalmente a sua admissão sem ao menos uma conversa de verdade com o homem intimidador.

Biuld sentia que nada se encaixava naquela cena, ele ficara tão deslumbrado com todos os detalhes do ambiente ao seu redor, logo aquela senhora apareceu e o rapaz não pensou muito, fez o que geralmente faz, ajudou e então a figura altiva de Bible Wichapas apareceu e ele ficou perdido, era como se Biu ainda pudesse sentir tudo, suas mãos suando, sua cabeça em branco, sua boca seca, quase como se a presença de Wichapas pudesse sugar todo o ar do ambiente.

_ Porra Jakapan! Biuld exclamou para o teto do quarto passando as mãos por seu rosto. _ Para de pensar idiotices e durma. O rapaz continuava tentando se acalmar. Deitando de lado Biu olhou para o rosto adormecido da filha e sorriu, mesmo que ele tivesse que mentir sobre a existência de Veneza, ele faria aquilo, porque ser o assistente pessoal de um dos homens mais poderosos de Bangkok os tiraria daquela situação.

Biuld amava Apo e era extremamente agradecido por tudo que o amigo fazia por ele, mas não queria ser um peso para ninguém, a pequena Veneza era sua responsabilidade, ele era o pai da fofura de cabelos loiros, olhos azuis e muitas esperteza.

Afagando os cabelos da menina ele fechou os olhos e suspirou mandando uma oração silenciosa para que o universo conspirasse ao seu favor, quando finalmente pegou no sono Biuld sonhou com a mulher que mais amou na vida, ela sorria e corria dele, o lindo vestido azul ganhado por ele naquele aniversario balançava no vento.

_ Biu me prometa uma coisa! A mulher falou parando na sua frente. _ Se um dia eu não estiver mais aqui...

_ Que conversa besta é essa! o rapaz falou abraçando a cintura fina da mulher.

_ Biuld, não somos eternos, você sabe!

_ Eu não quero ter essa conversa com você! O rapaz falou chateado.

_ Ok Ok! a mulher falou rindo. _ Vem aqui, deixa eu curtir você mais um pouco.

Então o sonho mudou, as imagens felizes foram substituídas pelo som estridente de um telefone tocando.

_ Alo! ele atendera o telefone sonolento.

_ Biuld você precisa vir para casa agora, Cherry... Cherry esta morta.

Então Biuld sentou assustado na cama, seu corpo molhado de suor e a respiração pesada, ele olhou para o lado e Veneza ainda dormia profundamente, levantou de pressa e correu para o banheiro, as lágrimas molhavam seu rosto, ele entrou de roupa e tudo em baixo da agua corrente, sentou no chão e deixou toda a dor que sentia sair em soluços desesperados.

Ele queria gritar, queria culpar alguém por sua perda, mas nada saia alem de gemidos desesperados e soluços dolorosos, de repente braços fortes o seguraram com força, Biuld nem teve tempo de ver quem o segurava, o conforto e a quentura daqueles braços era tudo o que ele precisava, a pessoa não disse nada, só o segurou com força enquanto o chuveiro lavava suas dores.

Quando finalmente se acalmou Biuld tentou ficar de pé, mas suas pernas ficaram fracas, os braços que o seguravam lhe deram apoio para que pudesse se levantar, os olhos de Jakapan encontraram aos do amigo que o observava da porta, os olhos vermelhos e seu rosto molhado pelas lágrimas que escorriam ali mostrava o quanto Apo sofria em ver o amigo daquele jeito.

Todos os Trens deveriam ser azul!Onde histórias criam vida. Descubra agora