Eu não sou como você!

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🎼Minha dor é perceber que apesar de termos feito tudo o que fizemos, ainda somos os mesmos e vivemos como nossos pais.🎼
Cássia Eller

Bible estava sentado em sua mesa folheando todos os papéis que foram entregues pelo detetive que havia contratado para descobrir tudo sobre Biuld Jakapan.

Suas mãos tremiam, seu estômago embrulhava, cada linha daquele documento era tão difícil de ler que Bible sentia que poderia perder as forças antes de chegar a terceira página, mas não poderia parar agora, não poderia mais voltar atrás.

As primeiras lágrimas começaram a cair quando leu a página que falava da adolescência do rapaz que até aquela manhã ele julgava o culpado de todas as coisas ruins que tinham acontecido com ele, mas agora Bible sentia que estava tão sujo quando os monstros que fizeram tudo aquilo com o rapaz.

_Voce não precisa ler tudo agora! Flower que já havia lido os documentos falou vendo a angústia de Bible e entendo bem o que ele estava sentindo.

_ Eu... Eu preciso... Bible falou mesmo não conseguindo continuar.

_ Bible, tome um banho, suba e va ficar com sua filha, a qualquer momento eles vão chegar aqui e você precisa estar composto, acredite em mim, não vai ajudar em nada se ele souber que você tem todas essas informações, que você sabe de cada detalhe triste da vida dele, não vai mudar nada o que foi feito até agora, só vai piorar tudo.

O carro de Mile deslizava sobre o asfalto, o trajeto até o novo lar de Biuld parecia sufocante, era como atravessar uma estrada que se apertava ao seu redor, já viu nos desenhos animados quando elas se reforcem, se deformam e afunilam até expressar o personagem animado? Era exatamente assim que Biuld se sentia, destorcido, deformado, apertado e sufocado, suas mãos suavam, sua garganta estava seca, sua cabeça doía e seu peito estava sufocado com emoções conflitantes, no meio do medo, do desespero, havia também alegria, esperança de poder estar mais perto de Veni, de poder trazer o mínimo de normalidade a vida da pequena que por anos fora seu tudo.

Biuld tinha certeza que Apo e Mile tentaram falar com ele e talvez ele tenha dito algo de volta, ele não sabia, seus ouvidos zumbiam e seu estômago estava cada vez mais embrulhado, Biuld retorceu as mãos tentando não gritar para que o casal de amigos parassem o carro e dessem meia volta, tudo dentro de Biuld pedia isso, mas ele não podia fazer isso, Veneza precisava dele.

Respirando fundo pela milésima vez para se acalmar sem ter êxito, Biuld fechou os olhos e lançou uma oração silenciosa para que Cherry o ajudasse.

"Droga Cherry, foi você quem me meteu nisso, não é justo ter me abandonado no meio dessa confusão, eu preciso de você!" Ele pensou tentando não chorar, nesse momento o céu se iluminou, um relâmpago atravessou o céu e o estrondo de um trovão foi ouvido tão forte que Biuld se assustou e abriu os olhos, o tempo que estava aberto até aquele momento escureceu e as nuvens se desfizeram em uma chuva grossa e quase assustadora, pelo menos era para quase todo mundo, mas não para Biuld, pela primeira vez em dias, ele se sentia quente, um pequeno sorriso brotou em seu rosto e uma lágrima solitária escorreu.

_ Obrigada! Ele falou baixinho.

Apo que encarava o melhor amigo do banco da frente sentiu seu peito apertar, ele as vezes não tinha noção e fazia coisas sem pensar, mas ele realmente acreditava que esse confronto seria importante, não teria como no mundo Bible acreditar que Biu era uma pessoa ruim vivendo com ele 24 horas, ele ainda se sentia culpado por entregar para o detetive de Bible coisas sobre a vida de Biuld que ele queria manter enterrado, ele sabia que se o amigo soubesse talvez jamais o perdoaria, mas Apo sentiu que deveria fazer, mesmo que Biuld o odiasse, ele ainda não se arrependia, não poderia viver deixando Bible acreditar que Biuld era realmente capaz das coisas horríveis que ele o culpava.

Todos os Trens deveriam ser azul!Onde histórias criam vida. Descubra agora