Capítulo 51

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Em 14/03/1997 duas pessoas se conheceram, eram exatas 18:35 da manhã no horário de Brasília, mas já se passavam das 23 horas no pequeno restaurante onde apenas uma mesa era ocupada

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Em 14/03/1997 duas pessoas se conheceram, eram exatas 18:35 da manhã no horário de Brasília, mas já se passavam das 23 horas no pequeno restaurante onde apenas uma mesa era ocupada. 

Nela uma garota de cabelos com um grande volume afro amassado pelas longas horas passadas em um banco desconfortável de ônibus lia um livro de física enquanto tentava ignorar tudo a sua volta, escondendo sua ansiedade em palavras que não se encaixavam nas frases que seus olhos engoliam entre um olhar a sua volta e uma tentativa de concentração.

A alguns metros um rapaz de olhos verdes e nariz volumoso andava de um lado para o outro à procura de uma garota, a qual ele só sabia o seu nome, Luiza.

Foi naquele pequeno restaurante que fez seu nariz coçar com o forte cheiro de café e cigarro que ele a viu pela primeira vez, sem saber quem era, sentiu seu corpo arrepiar em repulsa só de ler a capa daquele livro. Giuliano nunca se deu bem com física, química ou qualquer outra fórmula. E esse era o principal motivo para a vinda de Luiza, e para a sua responsabilidade em encontrá-la.

Herdeiro de uma grande firma de investimentos e como diz seu adorado pai "tonto como un burro" não poderia procurar ajuda próximo a ti ou traria mãos olhos a família Lopes, com muita conversa foi decidido que uma professora estrangeira poderia ser a solução de seus problemas.

E de fato foi, com um aperto de mãos sem graça e um flerte mal feito Giuliano se apresentou, Luiza riu, não para ele, mas sim, dele. Um pequeno segundo de silêncio e ela retribuiu a apresentação. 

"— Luiza —" Giuliano demorou-se a recordar a ligação de seu nome com o motivo de estar ali, quando percebeu ficou envergonhado e admitiu ter sido uma brincadeira de mal gosto essa cantada.

 — E o que aconteceu depois?— Perguntei vendo Ramon se levantar a bater as mãos sobre a bermuda branca jeans que usava.

— Depois eu nasci — Contou com um sorriso estendendo sua mão esquerda para me ajudar a levantar.

— Não foi o que eu perguntei.

— Você pode saber o resto da história comprando o meu livro.

— Você nem começou a escrever, deveria ser proibido um autor deixar seus leitores curiosos.

— Minha peixinha — Ramon sorriu ladino e com a voz carregada de melancolia mexeu os lábios devagar — Pensei que odiasse livros que chegassem a derreter de tanto romance acumulado.

E então ele sorriu me puxando para cima logo após esfregar em meu rosto minha frase dita em um de nossos primeiros nada planejados encontros.

— Gosto dos romances que envolvem você?

— Que me envolvem?

— Isso, o dos seus pais e o nosso.

— E aquele do cavalheiro e sua melhor amiga fofoqueira? Sabe, eu sempre tenho olhos para os livros que somem da minha estante.

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