Com a intenção de fazer seu novo vizinho diminuir os altos sons de gemidos que balançam a parede que separa seus apartamentos, Julie tem a ideia de gemer mais alto - falsamente- para atrapalhá-lo, mas acaba atiçando a curiosidade do músico.
#Tosdnan...
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Eu estava terminando de lavar a louça quando alguém bateu em minha porta, dei uma olhada rápida pelo apartamento torcendo para não estar tudo tão bagunçado quanto antes.
Não sou a maior das das de lavar a louça, minhas mãos ficam ressecadas e meu humor muda drasticamente dos copos as vasilhas.
Abri a porta já dando espaço para o grupo de garotas entrarem, me surpreendi um pouco com o fato delas não terem trazido mais que fardinhos de cerveja e canetinhas.
O protesto delas é escrevendo nessas latinhas de canetinhas? Não faz sentido, por isso resolvi tomar a dianteira nisso.
Eu sou a líder, a capitã da equipe de natação. Eu era, meu Deus, não sou a capitã e não sou da equipe de natação. O que essas pessoas estão fazendo espalhadas pelo meu chão recém limpo.
Por que elas estão tocando no controle da minha tv e abrindo não apenas minha geladeira como também meus armários?
— Não — Chamei a atenção da garota que estava prestes a colocar o dedo no meu vidro de geleia — É a geleia de uva feita pela minha família, é super delicada, use um talher.
Ela revirou os olhos antes de fechar o pote o colocando de volta na geladeira visivelmente insatisfeita com a possibilidade de obedecer uma das regras da casa, é o único doce que eu me permito comer vez ou outra, seria injusto.
Seria injusto deixar alguém colocar o dedo que acabou de vir da rua na minha geleia de uva, mesmo que agora todo mundo esteja me olhando estranho como se eu fosse surtar.
Por que eu surtaria com a garota de cabeça enorme mexendo e provando as minhas toucas de mergulho dadas pelo meu patrocinador que a dias não dá sinal de vida?
Eu posso não ser a pessoa mais organizada dessa vida, mas também não uma porcalhona sem educação.
— Podemos começar agora o que temos que fazer?— Perguntei colocando as cartolinas no chão e já me certificando de colocar todas as canetinhas que comprei junto a elas.
— A gente ainda tem tempo, vai passar o jogo do Lyon contra o PSG — A garota de bochechas redondas como seu corpo disse procurando o canal certo na tv.
— Não combinamos de assistir o futebol e sim de nos prepararmos para uma manifestação a favor dos direitos das mulheres no futebol, um dos nossos primeiros atos deveria ser assistir um jogo de futebol feminino.
— Não tem futebol feminino neste horário — Priscila disse vindo do banheiro — Relaxa, a gente só vê o masculino pra falar mal.
A garota se deitou na minha cama apoiando os pés descalços na minha janela, apoiando os pés sujos no que eu mais uso como porta copos nessa casa, por isso deixando sempre limpo.
— Que casa abafada — Marta disse procurando alguma coisa com os olhos — Não tem um ventilador?— Neguei — Você tem uma Alexa, mas não tem um ventilador?— Balancei a cabeça mais uma vez — Me surpreende como você consegue viver aqui.
