Capítulo 9

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A turma ainda estava animada quando entrei no Uber para ir para casa, ao contrário de todo mundo eu não tenho bem um motivo para me divertir com pagode e cerveja, se é que aquelas pessoas precisam de um motivo para isso.

Destranque a porta marrom do meu apartamento fazendo o chaveiro - uma bola de vôlei dada pelo Breno a um bom tempo, que carrega o mesmo significado do chaveiro com um boneco aleatório que ele carrega na sua - cansada desejei um banho assim que passei pela porta, tirar esse excesso de suor e comer uma salada antes de dormir é a minha rotina de final de noite.

Pelo menos era.

Dei um sorriso vendo as costas expostas do homem alto que sobre uma cadeira não precisava se esforçar para trocar uma lâmpada.

— Eu poderia ter feito isso — Fechei a porta chamando sua atenção.

— Você já estaria sem energia até lá — Me acusou, desceu da cadeira e sorriu — Eu ganho um beijo da minha namorada agora?

Meu sorriso aumentou ainda mais enquanto eu aproximei meu rosto do seu juntando nossos lábios, os 1,90 do jogador pareciam se encaixar perfeitamente nos meus 1,72 como sempre se encaixou.

— Se tivesse me dito que viria hoje eu teria ficado em casa, feito alguma coisa pra gente jantar e passado mais tempo com você — Falei a ele olhando nos seus olhos.

— Eu não queria te atrapalhar ou atrapalhar os seus planos, então eu vim do aeroporto pra cá e pedi o jantar.

— Você não ia atrapalhar.

— Eu não sabia disso até você dizer isso agora — encostou nossos lábios em um selinho demorado.

— Eu vou tomar um banho então — Falei ainda sorrindo como umas das garotas que eu descreveria como boba antes de conhecê-lo.

Assim que entrei no banheiro tirei a blusa me olhando no espelho e precisei colocar metade do meu corpo para fora com a intenção de tirar uma dúvida.

— Não pediu comida japonesa, pediu?— Ele deu risada negando enquanto se jogava na cama, se Breno e eu temos pouco em opostos o gosto por comida é o maior deles.

Eu gosto de comida mexicana e ele não, ele gosta de comida japonesa e eu não, ele gosta de panquecas e eu não sinto mais que gosto de farinha, ele é apaixonado por doce de leite e eu odeio doce de leite. Então sempre tentamos equilibrar nossos gostos.

— Na verdade eu fui além e pedi uma pizza, metade frango — O meu sabor favorito — E metade à moda — O favorito dele. Dois sabores que os dois sabemos apreciar.

— Eu já disse o quanto eu te amo hoje?

Perguntei sorrindo.

Ele deu de ombros despreocupado.

— Algumas vezes, mas eu ainda posso ouvir isso a noite toda se você quiser.

Voltei a minha atenção para o meu banho, tentei não demorar muito, principalmente quando o ouvi sair provavelmente para buscar o jantar lá embaixo.

Eu não faço bem parte da equipe, então não preciso seguir a dieta todos os dias.

Pelo menos não quando meu namorado viaja durante horas com aquela carinha de quem quer comer pizza no jantar, no café da manhã e se der ainda no almoço.

— Está cheirando bem — Eu disse sentada sobre a minha cama com o saca rolhas abrindo uma garrafa de vinho vermelho quando ele entrou.

— Eu sou um cheiroso.

— Eu estava falando da pizza, mas você está mesmo sempre cheiroso.

Ele abriu a caixa sobre a cama e se sentou ao meu lado segurando as taças.

— É tão estranha a cama desse lado do quarto, não fica agoniada de ficar encarando a porta?

Coloquei a minha tava na janela enquanto me esticava para pegar uma fatia de pizza.

— Estranho é a minha cama mexer conforme a cama do meu vizinho mexe.

Ele parou de mastigar.

— Como assim? Tipo quando ele se levanta ou quando faz aquelas coisas?

— Aquelas coisas, a minha cama e a parede levavam de tabela.

Breno jogou o pescoço para trás dando risada de boca cheia.

— Que situação. Agora eu entendo, pelo menos olhando para a porta você pode se prevenir em caso de invasão.

Tomei um gole do meu vindo e o olhei com atenção.

— Tipo pulando a janela? Se tem alguém na porta, eu tenho que pular a janela.

— Se a parede é fina o suficiente para entregar o que o seu vizinho faz na cama é fina o suficiente pra você atravessar nela.

— Se você meter um tapa como mete nas bolas em quadra ela desmorona — Comentei com uma ironia carregada de verdades.

— Você costumava gostar dos meus tapas — Disse com malícia me fazendo dar risada.

— Se você falar isso em qualquer lugar as pessoas vão acreditar que eu tô levando uma surra — Sorri — Mas você pode me dar uns tapas do jeitinho que eu gosto.

— Hoje?

— De jeito nenhum, eu não vou transar com chances da parede ficar tremendo.

— É incrível que a gente sempre transou e eu nunca notei nada demais nessa parede.

— Era mais fácil quando era apenas a gente nesse andar e tem mais, amanhã nós vamos a um encontro triplo.

— A não, mais uma vez? Eu já disse que se a gente falar com a família dela conseguimos um casamento arranjado e nos livramos dessas coisas chatas. Espero, triplo? Ela conseguiu meter mais alguém pra sofrer?

— Meu vizinho e a namorada.

— A garota do miado?

— Nem te conto — falei negando com a cabeça pronta para contar — Tem mais de uma namorada, são gemidos diferentes.

— Então, ele está mentindo que tem namorada ou é um verdadeiro merda.

— Temos duas opções, talvez o jantar dessa vez seja mais interessante — Fiz a minha tentativa de previsão.

— Tem cara de confusão, vai ser divertido, a gente deveria esperar uma das garotas sair e convidar ela enquanto esperamos a outra chegar — Sugeriu brincando enquanto lotava a pizza de ketchup.

— Acha que seria muita maldade?

— Nós somos pessoas más — Admitiu encarando a tela do meu notebook que transmitia uma live de Simpsons.

— É, somos mesmo — Concordei.

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