4. Proibido Para Mim

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Maio de 1821 – Grécia – Parga

— Acorde, moça... já vai amanhecer.

Eu acordei assustada e me sentei na cama me cobrindo com a coberta. O quarto ainda estava escuro e eu estava meio desnorteada vendo Dimitri terminar de fechar os botões da sua camisa e Tasos sentado na cadeira calçando os sapatos.

— Mas o que vocês estão fazendo aqui? — perguntei um pouco irritada e tentando ajeitar meus cabelos.

Kaliméra para você também, Glykiá. — disse Tasos prendendo os cabelos.

— Não tinha mais quartos disponíveis e precisávamos de um lugar para passar a madrugada. Então entramos pela janela e dormimos no chão. Nos desculpe pelo inconveniente. — respondeu Dimitri.

— E vocês não podiam ter batido na porta como as pessoas normais fazem? — perguntei irônica.

— Nós tentamos Senhorita, mas você estava apagada! — respondeu Tasos.

— Mas também não é para menos, do jeito que você bebeu não sei como não está com uma ressaca daquelas. — disse Dimitri irritado.

— Eu vou descendo, espero vocês lá embaixo. — disse Tasos saindo porque ele sabia que viria sermão pela frente!

— O que está acontecendo com você, Agnes? Para que beber daquele jeito e se envolver com o primeiro que aparece na sua frente!

— E porque não?

— Porque você é uma mulher responsável, inteligente e que merece alguém a sua altura. E não um vlákas (idiota) que se encontra em um bar!

— Sabe o que eu acho? Que não é certo você estar dentro do meu quarto e muito menos ter dormido aqui! Por favor, saia!

— Precisamos conversar, moça! — disse ele me olhando com a testa franzida.

— Eu não estou afim de conversar, Dimitri! E eu preciso me vestir!

— Eu não vou sair daqui até termos uma conversa, Agnes! — disse ele se encostando na porta. — Esse seu comportamento está inaceitável!

— Você quem sabe!

Me enrolei no cobertor e me levantei da cama lhe encarando e, deixei o cobertor cair pelo meu corpo. Ele ficou sustentando o meu olhar com desejo e raiva, e depois saiu do meu quarto fechando a porta atrás de si. Pelo menos eu estava de calcinha.

Eu não sei porque estava agindo com tanta rebeldia, eu não era assim! Mas era o que tinha para hoje. Eu não estava sabendo lidar com isso tudo.

Me vesti, ajeitei os cabelos, coloquei minha arma carregada escondida nas minhas costas embaixo da minha saia, e a adaga presa na minha bota, peguei minha bolsa e desci. Já não tinha começado o meu dia bem, espero que minha viagem para Trípoli fosse melhor. Eu já conhecia um pouco dessa cidade, ou melhor, conhecia só a Taberna da Môu. Eu tinha que cavalgar até Parga, lá pegaria uma embarcação e desceria em Kiveri e cavalgaria novamente até Trípoli.

Respirei fundo e fui soltando o ar devagar, eu precisava pensar positivo. Parei na recepção e entreguei as chaves para um rapaz. Meu plano "A" era cuidar dos feridos da guerra e depois ir para a Turquia encostar na escultura da Deusa Afrodite e voltar para o meu tempo. E o plano "B", caso não desse certo eu voltar para a minha casa, eu ainda tinha que pensar.

— Você não vai tomar café da manhã, moça?

— Não obrigada. — falei me virando para Dimitri.

Koúkla Mou - Livro 4 - Encontros e DesencontrosOnde histórias criam vida. Descubra agora