20. Surpresa Inesperada

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Junho de 1821 – Grécia – Parga

Acordei, levantei da cama correndo e vomitei dentro da bacia.

— O que aconteceu, Docinho? — perguntou Tasos, entrando no meu quarto e segurando o meu cabelo.

— Devo ter comido alguma coisa que não me caiu bem.

— Mas nós comemos a mesma coisa e eu não estou colocando tudo para fora.

— Então deve ser tristeza.

— Pode até ser. Vou mandar chamar o médico dos meus tios para vir examiná-la. Não é de hoje que a Senhorita tem passado mal.

— Não precisa. Tem acontecido tantas coisas que acabam refletindo no meu corpo.

Tasos me ajudou a deitar novamente na cama e me cobriu.

— Sei que não deve estar sendo fácil, mas eu estou aqui e posso consolá-la. — disse ele piscando para mim.

— Você não perde a oportunidade.

— Nunca.

— Só para eu saber, Tatá. Você vai ficar andando pela casa assim? Sem camisa?

Ele passou a mão pelo peito forte com um sorrisinho. Estava vestindo só uma calça de dormir bem fininha, os cabelos soltos e a barba por fazer, a postura relaxada.

— Só porque eu sei que você gosta de ver meu corpo, Docinho. Vou preparar o nosso café da manhã e já volto. — disse ele saindo do meu quarto.

— Obrigada.

Fechei os olhos para dormir mais um pouco. Ainda estava cedo e meu estômago embrulhado.

— Docinho, acorde...

— Porque? — perguntei abrindo os olhos.

— Eu trouxe seu café da manhã. Você precisa comer para não ficar com o corpo fraco.

— Muito obrigada, Tatá.

Tasos me ajudou a sentar na cama e ajeitou o travesseiro nas minhas costas. Pegou a bandeja em cima da cômoda e colocou ao meu lado na cama. Tinha tanta comida...

— Nossa! Que cheiro forte de ovo!

Meu estômago embrulhou novamente.

— Vou tirar do seu quarto, mas coma o restante e tome o suco de laranja, Docinho. — disse Tasos, pegando o prato com ovos mexidos e saindo do meu quarto.

Tomei só o suco, não estava com fome.

— Agnes, você não tocou na comida. O que está acontecendo? — perguntou ele preocupado entrando no quarto novamente.

— Só não estou com fome agora. Daqui a pouco eu como.

— Vou deixá-la descansar e daqui a pouco eu subo para ver como a Senhorita está.

Ele pegou a bandeja e saiu. Levantei da cama e abri a janela, estava calor e o sol bem forte iluminando todo quarto. O dia estava lindo, pássaros voando e o oceano com vários tons de azul... respirei fundo sentindo o cheiro salgado do mar que me trouxe lembranças gostosas de quando eu ia à praia com meus amigos.

Fiquei olhando para o mar e observando as pessoas. A rua sempre movimentada com vários comércios, barracas e pessoas indo e vindo. A Grécia era incrível.

— Docinho, posso entrar? — perguntou Tasos, batendo na porta.

— Entra.

— A Senhorita está bem?

Koúkla Mou - Livro 4 - Encontros e DesencontrosOnde histórias criam vida. Descubra agora