11. Doce Ilusão!

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Maio de 1821 – Grécia – Trípoli

Quando acordei Dimitri já não estava mais no meu quarto. Não vou negar que senti um vazio enorme sem ele perto de mim. Cheirei meu travesseiro na esperança de ainda ter o seu cheiro.

Levantei da cama, me vesti, arrumei meus cabelos e vi um bilhete em cima da mesinha.

Agápi mou,

Tive que sair cedo, ainda estamos reconstruindo o acampamento que a Senhorita incendiou.

Obrigado pela noite incrível, cada momento ao seu lado me faz o homem mais feliz do mundo.

Por favor, se alimente direito e nada de confusões.

Sempre seu

DK

Suspirei porque tinha sido uma noite muito gostosa mesmo. Só de pensar nele me dava um friozinho na barriga e uma vontade de repetir outra vez... Mas ele nem precisava escrever para eu me alimentar direito, o que eu mais fazia na Grécia era comer, e como assim nada de confusões? Eu não procurava nenhum tipo de encrenca, elas que vinham até mim e eu precisava resolver.

Sai do meu quarto, desci as escadas e fui para cozinha, tinha algumas mulheres tomando o café da manhã, me juntei a elas.

Kaliméra, korítsia (bom dia, meninas). — falei me sentando à mesa e pegando um pedaço de pão.

Koíta... koíta... (olha... olha...), que sorriso é esse, mulher! — disse Tânia, me olhando.

— Parece até que viu um passarinho verde. — comentou Marta.

— Passarinho verde? Essa aí viu é uma cobra desse tamanho. — falou Toula mostrando o tamanho da cobra.

Nós todas rimos.

— Conta com detalhes como foi sua noite para suas amigas que não dão uma faz tempo. — pediu Marta.

— Eu não, vocês são muito assanhadas, isso sim. — falei enchendo o saco delas.

— Fale por você Marta, porque eu tenho um namorado bem fogoso. — disse Tânia com um sorrisinho.

— Nos conte mais sobre o seu namorado quente, Tânia. — disse Toula.

— Eu não tenho vergonha de contar, meu Petros sabe como agradar uma mulher.

A mulherada soltou vários gritinhos eufóricos. E o café da manhã seguiu com muita comida, vinho e conversa de putaria.

Depois tomei banho me sentindo renovada e pronta para mais um dia. E sai caminhando na rua principal onde tinha várias lojinhas e barracas que vendiam um pouco de tudo. Precisava comprar algumas coisas.

O dia estava nublado e frio, a rua estava cheia de pessoas indo e vindo, comprando e vendendo. Parei em algumas barraquinhas que vendiam tecidos e tive a sensação de que estava sendo vigiada, de novo. Entrei em uma perfumaria e fingi que estava vendo os perfumes e cremes nas prateleiras e fiquei observando as pessoas na rua. Teve um homem de chapéu que me chamou atenção. Ele estava atrás de uma das barracas se escondendo e olhando para onde eu estava. Saí da loja e fui direto na direção dele. O homem saiu e começou andar rápido, eu corri e consegui ver quem era, aquele jeito dele...

— É sério, Tasos!

Ele parou de caminhar e se virou para mim. Estava usando um chapéu preto, camisa com colete, os cabelos negros soltos, cavanhaque bem aparado e olhos verdes astutos.

— Oi Docinho... você por aqui? — disse ele fingindo surpresa.

— Tá de brincadeira?

— Bom... eu estava só comprando algumas coisas.

Koúkla Mou - Livro 4 - Encontros e DesencontrosOnde histórias criam vida. Descubra agora