13. Uma Noite Diferente

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Maio de 1821 – Grécia – Trípoli

Abri os olhos, eu estava em um quarto confortável e amplo, em uma cama grande e macia. A noite já havia caído e pela janela aberta entrava um ar gostoso.

Meu braço estava enfaixado, eu tinha um curativo no meu ombro e ainda estava vestida com a roupa do hospital.

Dimitri estava sentado na poltrona ao meu lado, lendo um livro. Sua camisa estava aberta e as mangas dobradas para cima dos seus braços fortes com as veias saltadas. Seus cabelos dourados e curtos, estavam húmidos. A barba por fazer, e um cheiro de banho tomado pairava no ar, bem refrescante. Ah, Baby!

— Dimitri, que lugar é esse?

Ele abaixou o livro e olhou para mim, com lindos olhos azuis, aliviado.

— Que bom que você acordou, Koúkla mou. Eu aluguei essa casa para sua recuperação. Como você se sente?

— Com um pouco de dor, mas nada que eu não possa suportar.

Senhor! Como levar um tiro doía e queimava!

— Por favor, me fale a verdade sobre a dor e o que você está sentindo. Não quero que você piore, ou sofra sozinha, moça.

— Eu juro que estou bem. E você como está?

Ele me deu um sorriso.

— Me sinto bem melhor agora que você acordou.

Ele pegou minha mão e deu um beijo. Como eu gostava do toque dele.

— Porque você me trouxe para essa casa?

— A trouxemos aqui porque o hospital lotou de pacientes novamente. E aqui nós podemos cuidar melhor da Senhorita.

— Obrigada por se preocuparem comigo. E, como vocês me acharam naquele galpão?

— Eu passei no hospital para vê-la, e a enfermeira chefe disse que você tinha acabado de sair. E quando cheguei no seu dormitório, suas amigas estavam desesperadas, elas viram uma mulher e alguns homens carregando você em uma carroça.

— E o que aconteceu com aquela vaca da irmã dos Petrakos?

— A Senhorita não precisa se preocupar com isso. Posso garantir que ela não será um incômodo.

Eu lembro de ouvir um tiro e em seguida, ela no chão.

— Quem atirou nela?

— Fui eu, Agnes. — respondeu ele sem nenhum tipo de remorso. — Nunca mais vou deixar alguém que te machucou, impune.

— Eu teria feito a mesma coisa. E os rapazes? Onde estão?

— Estão lá embaixo, preparando o nosso jantar. Espero que você esteja com fome.

— Pode apostar que eu estou sim.

— Tem algo que eu preciso te dizer, moça. — disse ele sério, com a testa franzida.

— O que foi?

— Eu tomei uma decisão Agnes, vou terminar meu compromisso com a Chrisoula.

— Como? — perguntei não entendendo.

— Você sempre foi a minha escolha, só que o destino nos pregou muitas peças nos afastando. Mas eu não vou deixar que isso aconteça novamente. Eu quero você...

— Eu também te quero muito, mas... não vamos ficar juntos!

Deus sabe o quanto isso pesava em meu coração!

Koúkla Mou - Livro 4 - Encontros e DesencontrosOnde histórias criam vida. Descubra agora