8. Unidas Venceremos

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Maio de 1821 – Grécia – Trípoli

Entrei na pensão e fui para o meu quarto, peguei minha arma extra e a carreguei com munição.

— Senhorita, o que você está fazendo? — perguntou Marta, uma das voluntárias que também dormia na pensão.

Ela me olhava com olhos arregalados.

— Meu amigo saiu sem se despedir, e ele não é de fazer isso. Então eu vou atrás dele. Estou preocupada.

— Você se refere aquele bonitão que nos preparou o café da manhã hoje?

— Sim, ele mesmo. Só não sei para onde ele foi levado!

— Você já o procurou no acampamento dos gregos?

— Ainda não, mas quero ir lá. Só não sei onde fica.

— Meninas... meninas... o acampamento dos rebeldes foi invadido pelos turcos! Eles renderam todos os homens! — disse Tânia aflita.

— Dimitri deve estar entre eles! Precisamos ir para lá!

— Eu sei onde fica o acampamento, meu namorado é um dos soldados. — falou Tânia.

— Então me fala onde fica! Preciso fazer alguma coisa.

— Agnes, a Senhorita vai precisar de muito mais que uma arma para conseguir ajudá-los. Venha com a gente, eu vou te mostrar nosso arsenal secreto. — disse Marta.

Guardei a arma no meu bolso, a minha prateada estava nas minhas costas embaixo da minha camisa e a adaga estava dentro da minha bota. Segui as meninas, e pelo caminho íamos falando com as mulheres, que moravam na pensão, para avisar as outras que estávamos em código vermelho.

Pegamos uma escada e entramos no quarto da Marta, no teto havia um sótão. Subimos e ali tinha um verdadeiro arsenal de armas e munições.

— Caramba! Isso é incrível! — abracei Marta. — Muito obrigada.

— Enquanto vocês carregam as armas eu vou chamar as mulheres que estão de folga para nos ajudar. — falou Tânia.

Eu e Marta fomos descendo as armas e as carregando com munições. As meninas chegaram sabendo da situação e foram nos ajudar.

— Qual é o plano? — perguntou uma delas.

— Chegar atirando não vai dar, eles devem estar em muitos homens.

— Eu tenho uma ideia, e vou precisar da ajuda de todas vocês para colocá-la em prática. — falei para elas.

Expliquei meu plano e todas concordaram. Então saímos para conseguir o máximo de garrafas e álcool possível para fazermos bombas caseiras.

A tarde toda passamos correndo atrás de tudo que iríamos precisar para conseguirmos libertar os homens dos soldados otomanos.

A noite chegou e já tínhamos tudo organizado. Eram muitas mulheres armadas montadas em seus cavalos e em carroças cheias de armas, munições e bombas caseiras. Todas estavam vestindo calças para facilitar a cavalgada e a correria.

Partimos no escuro só a lua iluminando a estrada. Me sentia nervosa com o coração acelerado e elétrica. Eu e Mávro fomos na frente com a Tânia que sabia o caminho. Tivemos que nos separar em grupos para rodear o acampamento. Não teria como chegarmos sem ser notadas, pois com certeza eles tinham homens escondidos vigiando na mata.

Quando nos aproximamos descemos dos cavalos e os deixamos pastando entre as árvores em um local mais afastado. Nos infiltramos entre as arvores em silêncio, vi várias tendas e homens turcos armados de guarda, só não consegui ver onde estavam mantendo os reféns. Ouvimos um assobio, que era o sinal para colocarmos o nosso plano em ação. Então começamos a ascender os tecidos que iam nas garrafas e jogamos dentro do acampamento causando explosões e queimando barracas, carroças... o fogo se alastrava muito facilmente.

Koúkla Mou - Livro 4 - Encontros e DesencontrosOnde histórias criam vida. Descubra agora