12. Sempre Pode Piorar

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Maio de 1821 – Grécia – Trípoli

Abri os olhos, minha cabeça latejava de dor. Tentei me mexer, mas estava amarrada em uma cadeira, sentada. Minhas mãos estavam atrás das minhas costas totalmente presas, assim como meus pés. Onde eu estava? O tempo já havia escurecido e tinha algumas velas acesas iluminando o lugar que era um grande galpão.

— Mais que porra é essa!

— Que boca suja a Senhorita tem. — falou uma mulher que estava atrás de uma pilastra me olhando.

Ela era alta, morena, cabelos pretos compridos, olhos castanhos raivosos. Deveria ter seus 40 anos de idade. Me lembrava de alguém.

— Quem é você? E o que você quer? — perguntei irritada.

— Então... você é uma mulher que vai bem direto ao ponto!

— As circunstâncias me fazem ser direta.

— Já que a Senhorita vai direto ao assunto, eu também vou ser curta e grossa. Sou eu quem vai matá-la. — disse ela me olhando com um sorrisinho.

Tentei não demonstrar o medo que eu estava sentindo por estar amarrada, e uma mulher que eu nunca vi na vida, me ameaçando.

— Ameaçar uma pessoa que está presa é fácil. Quero ver você me desamarrar para resolvermos isso!

— Bem que meus irmãos disseram que você era ardilosa!

— Seus irmãos?

— A Senhorita deve se lembrar muito bem deles, pois foi você e aquele vlákas do Kardakos, que mataram os dois! — disse ela nervosa, se aproximando de mim.

Agora só me faltava essa! Todo castigo para corno é pouco!

— Eu sabia que você me lembrava de alguém. Você deve ser irmã daqueles escrotos dos Petrakos!

Ela me deu um tapa na cara, meu rosto ardeu.

— Meu nome é Karen, e nunca mais fale assim dos meus irmãos sua vaca! Kalio e Kostas não estão mais aqui para se defender!

— Ainda bem que não estão mais aqui! Aqueles idiotas foram tarde!

Ela me deu mais um tapa, e dessa vez meu lábio cortou e senti o gosto de sangue. Eu tinha que controlar a minha língua! Aquela vaca tinha a mão pesada.

— A Senhorita acha que é quem para falar dos meus irmãos! Eles eram tudo para mim!

— Seus irmãos tentaram me violentar, e olha que não foi uma vez só! Eu só me defendi, era eu ou eles!

— Kostas me disse que você deu em cima dele, e quando o Kardakos chegou, você fingiu que meu irmão estava abusando de você!

— É claro que ele disse isso para a irmãzinha dele. Até parece que ele te contaria que estava tentando violentar uma mulher!

— Meu irmão nunca seria capaz de fazer isso!

— Olha... vamos fazer o seguinte, faz logo o que você quer fazer porque não estou com saco para ficar batendo boca com você não! — falei mal-humorada.

— Eu acho que a Senhorita não está entendo a gravidade da situação.

— Entendo sim, você quer vingança! Então tudo o que eu disser, não vai adiantar nada!

— Mas a Senhorita está esquecendo de uma coisa. Quem decide a hora e o que fazer com você sou eu!

— Você realmente é parecida com aqueles idiotas, uma covarde! Bateu em minha cabeça, pelas minhas costas, e ainda me amarrou para me matar! Só te falo uma coisa, se eu me soltar, sou eu que vou matá-la! — falei com raiva.

Koúkla Mou - Livro 4 - Encontros e DesencontrosOnde histórias criam vida. Descubra agora