- Voltei. - Digo, me sentando na cadeira ao lado de Imp.
- Achei que tinha caído na privada. - Imp diz. Engraçado ele.
- Encontrei... Alguém no banheiro. - Imp me olha, um tanto desconfiado.
- Conheço?
- Não. - Ele faz beiço.
- Fiquei curioso agora.
- É só... Alguém da escola.
- Humm.
- Quando você vai voltar pra Salineas? - Pergunto, mudando o assunto.
- Acho que semana que vem. Já tô bastante tempo longe do trabalho, sinto falta daqueles bichinhos. - Imp fala, sorrindo.
Imp era veterinário. Um excelente veterinário. Ele ama cada animalzinho que passa dentro daquele consultório como se fossem filhos de verdade pra ele, eu sempre achei isso muito engraçado. E eu não sou muito diferente, amo bichinhos. Se eu pudesse, teria um gatinho, porém minha mãe não deixa, e agora, morando com Shadow, aí sim que eu não teria um.
- Deve ser legal. - Falei, sorridente.
- É incrível! - Imp diz, também sorridente. - Mas e você? O que quer ser?
- Ham... Nunca falei isso pra ninguém, mas, eu quero ser veterinária também. Quero cuidar dos bichinhos, igual você faz. Eu acho incrível o que você e várias outras pessoas fazem para ajudar eles. - Tenho esse sonho a anos, mas nunca tinha falado a ninguém.
Uma vez, quando eu tinha uns onze anos, eu e minha mãe estávamos numa pracinha, e nessa pracinha tinha uma casinha de madeira, qual eu amava brincar dentro, e nesse dia não foi diferente. Fui brincar na casinha, toda feliz, porém quando entrei, o sorriso que eu tinha no rosto se foi num piscar de olhos. No canto da casinha tinha um gatinho cinza deitado. Ele estava todo judiado, com vários arranhões, a pontinha de uma das orelhas cortada e uma das patas de trás sangrando. Me doeu ver aquilo. Como ele tinha feito aquilo? Alguém tinha feito aquilo ele? Ele estava tão fraco que eu quase não enxergava a barriga dele subindo e descendo, tive que chegar um pouco mais perto para ver se ele respirava. Ele ainda respirava, porém muito fraco, provavelmente não aguentaria muito mais. Fui correndo chamar minha mãe. Minha mãe viu o gatinho e levamos para o veterinário. Ficamos algumas horas esperando notícias do gatinho, quando o veterinário voltou, disse que ele estava fraco, mas ia se recuperar se tivesse os cuidados certinhos. Meu sorriso voltou na mesma velocidade que tinha se ido quando vi aquele gatinho todo judiado dentro da casinha. Ele também disse que se não fosse por mim, se não tivesse chamado minha mãe e deixado o gatinho lá, ele não teria aguentado muito mais tempo. Fiquei feliz com aquilo. Implorei pra minha mãe para que ela deixasse eu ficar com o gatinho, mas ela não deixou. Levamos ele para um abrigo de animais onde seria bem cuidado. Fiquei triste em deixar ele lá, mas sabia que ele ficaria bem. Depois disso, enfiei na minha cabeça que queria cuidar dos bichinhos, igual aquele veterinário tinha cuidado do gatinho que eu havia encontrado na casinha, todo machucado.
- Sério? Por que não tinha me falado antes, Catra? Isso é muito legal! - Imp falou, com um sorriso de orelha à orelha.
- Ah, sei lá... Mas, agora você sabe.
- Tenho certeza que será uma veterinária incrível. - Imp diz, ainda sorrindo.
- Obrigada. - Fico feliz dele achar isso.
Meu celular vibra no bolso.
Mãe♡
"Oi filha! Imagino que já tenha saído da escola, por que está demorando tanto pra voltar? Está tudo bem?
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Gorgeous • Catradora
Roman d'amourQuando sua mãe, Simone Applesauce, lhe deu a notícia de que iriam se mudar, Catra odiou a ideia. Deixar seus amigos, namorado. Péssima ideia. Mas quando ela se muda de vez, para uma cidade nova, escola nova, ela encontra um par de olhos azuis. Um pa...