Gorgeous • Catradora

Capítulo 22 - Te afetei tanto assim?

Catra Applesauce

Me agachei e levantei um pedaço do piso de pedra quebrado para pegar a chave reserva que tinha ali embaixo. Eu sabia que Adora ainda estava com o carro parado a poucos metros atrás de mim, me observando. Sabendo disso, enquanto girava a chave na fechadura da porta, fiz o maior esforço possível para não olhar para trás e apenas entrar em casa de uma vez. Assim que entrei em casa e fechei a porta, demorou algum tempo até eu escutar Adora dar partida no carro.

Eu quis bater minha cabeça contra a porta, para reforçar mais um pouco a dor de cabeça que eu já sentia.

Eu beijei Adora.

Cacete, eu beijei a Adora!

E foi incrível.

Cada arrepio que senti e suspiro que deixei escapar a cada toque dela em mim foi algo totalmente novo, novo e incrivelmente bom, que eu nunca havia experimentado antes e queria sentir de novo. Adora constantemente me puxava e me prensava mais contra ela durante o beijo, e aí, só ela existia. Eu esquecia de todo o resto, como se toda vez que ela me puxasse minha mente desse pane e a única coisa que eu conseguia fazer era acompanhá-la. Esquecia até mesmo da parte em que eu, infelizmente, ainda era a namorada de alguém. Quer dizer, nem sei mais se esse alguém ainda me via como uma namorada. Uma namorada séria.

Não usei Adora para me vingar de Dan, por mais que eu estivesse com raiva, eu não queria e não quero me vingar dele. Mas... Acabei me empolgando quando Adora me inspecionou de cima a baixo e pareceu ter gostado muito do que viu, talvez ela nem tenha reparado que me olhou tão intensamente a ponto de fazer meu corpo queimar por baixo das roupas. Não me segurei e avancei nela. E eu estava ficando quase louca com todas essas sensações que só Adora me causava. Lembro perfeitamente do momento em que apertei sua cintura, como se eu soubesse o que estava fazendo. Mas eu não fazia ideia e naquele momento só queria senti-la mais e mais.

Tudo isso em apenas o quê? Três minutos?

E eu queria de novo, só deixando de fora aquele show de horrores que eu dei depois do beijo. Sentia minhas bochechas queimarem de vergonha só de lembrar.

Também queria socar a minha cara.

Socar a minha cara por ter enrolado tanto até, finalmente, decidir terminar com Dan e por apenas ter tido coragem de beijá-la depois de ter bebido todas. O que será que ela pensou? Será que achou que só fiz aquilo por causa da bebida? Por favor, espero que não. Não minto que fiquei chateada quando ela me afastou e vi que a expressão dela não era tão boa, depois entendi o porquê dela ter me afastado e, sinceramente, nem se eu tivesse bebido mil copos eu me arrependeria daquilo. O estado em que eu estava quando a beijei não era dos melhores, eu sei, mas acho que não teria feito se estivesse totalmente sóbria. O que me deixa irritada comigo mesma. E com o coração a mil só de pensar em como vou encarar Adora nos próximos dias, principalmente depois do que ela me disse no carro.

Eu sabia que Adora me queria, e eu queria que ela soubesse que eu também a quero.

[...]

Acordei sentindo uma luz forte na cara, e quando abri os olhos, foi apenas para fecha-los novamente, sem conseguir mantê-los abertos por conta da claridade. Me virei para a parede e puxei o edredom até a cabeça a fim de voltar a dormir, mas arregalei os olhos com a voz que surgiu atrás de mim:

- Bom dia, bonita. Sabe que horas são? - me virei novamente e, apertando os olhos para tentar abafar um pouco a claridade, dei de cara com minha mãe em frente a janela agora aberta, segurando a cortina.

Gemi e me virei de barriga para cima, puxando junto o edredom.

- Três da tarde. Você perdeu a escola hoje, não tem problema faltar um dia. Trouxe um chá pra você. - senti o lado esquerdo da cama afundar e então vi minha mãe sentada na beirada da cama, só agora reparei que ela segurava uma xícara grande e só pelo cheiro forte que vinha dela eu sabia que era chá de gengibre. Minha mãe torceu o nariz. - Não faça essa careta. Tome. - me estendeu a xícara.