Capítulo 20 - A maldita festa

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Me olhei no espelho, apavorada com o que via e desacreditada que aquilo tivesse saído do guarda-roupa da minha mãe.

Era curto. Muito curto.

Para que eu não precisasse aprender mágica, lembrei que, há alguns anos atrás, minha mãe era bem festeira, então deveria ter alguma coisa bonita e com cara de festa no guarda-roupa dela. Imaginei que serviria em mim já que temos o mesmo físico.

Minha mãe usava aquilo?

Era um vestidinho preto de tecido macio, com um (grande) decote redondo e de amarrar nos ombros, com a bainha na diagonal. Quando tirei do cabide, não imaginei que fosse ficar tão... Pequeno. E colado. E curto.

Voltei para o meu quarto e tirei o vestido. Dessa vez, abri o meu guarda-roupa e fucei lá dentro.

Vesti uma calça jeans preta que, quando a vesti, percebi que talvez fosse um número menor que o meu. Peguei uma regata vinho, qual eu nem lembrava da existência, porém não estava cheirando mal, achei-a bonita quando encontrei. Calcei meus coturnos e me olhei no espelho.

Por que eu não fiz isso desde o início?

Peguei um dos meus vários rabicós na gaveta e fiz meu rabo de cavalo, porém, esse não era qualquer rabicó. Era um rabicó especial, porque essa noite merecia. Era um rabicó brilhoso, preto com glitter prata. Fiz um pequeno delineado e passei um pouco de rímel.

Me olhei no espelho uma última vez e... Olha só, eu estava uma gatinha. E nem precisei aprender mágica para isso.

Desci os poucos degraus que davam até a sala embutida com a cozinha e vi minha mãe sentada no sofá, vendo um daqueles programas de reforma de casas.

- Ué, e o vestido? - minha mãe perguntou ao me ver, me olhando de cima a baixo.

- Tá brincando que eu iria sair com aquilo lá. Minha bunda tava quase aparecendo naquele vestido!

- E sua bunda tá quase explodindo nessa calça.

- Mãe!

- Desculpa! - ela riu um mais um pouco. - Você tá linda.

- Hum... Obrigada.

Quando perguntei a ela se poderia ir numa festa, imaginei que ela fosse, pelo menos, ficar receosa, mas não. Bem o contrário, na verdade. Ela ficou feliz que, finalmente, sua filha adolescente tinha lhe pedido autorização para ir em uma festa ao invés de ficar no quarto lendo um livro de romance bem safado (essa última parte ela não sabia) ou maratonando uma série, com o celular a uns cinco centímetros de distância dos olhos e enrolada até o pescoço com o edredom.

Puxei uma cadeira e cruzei os braços sobre o tampo da mesa enquanto esperava a buzina do carro de Scorpia soar.

Imaginei quantas pessoas Double Trouble teria convidado.

Provavelmente metade da escola.

Provavelmente metade da escola estaria lá.

Ou seja, muita gente.

Aos poucos, fui me tocando onde que eu estava me metendo. Mas não iria dar para trás agora.

Escutei a buzina do carro de Scorpia e estremeci.

Tudo bem, tudo bem... Vai lá, Catra. Tá tudo certo.

- Tchau, mãe. Eu não vou demorar muito, tá bom? Ou qualquer coisa eu fico na casa da Scorpia. - deixei um beijo na bochecha dela, igual eu sempre fazia quando me despedia dela.

- Tudo bem, divirta-se. Me avise se não for voltar pra casa.

- Combinado.

Guardei meu celular no bolso da frente da calça e saí. Pelas janelas abertas do carro de Scorpia, provavelmente por causa do calor, vi Perfuma no banco do passageiro e Entrapta no banco de trás.

Gorgeous • CatradoraOnde histórias criam vida. Descubra agora