Capítulo 4.4

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Preferia estar errado, preferia sacar da arma e atirar para cima, se fazer de louco. Tudo menos que Mama estivesse dentro daquela sala.

— E...Edan? Eitan?

A mulher tinha retornado à porta.

— É Ethan. – Ele a corrigiu mostrando a pronúncia correta.

— E você é o Ethan?

Ele engoliu em seco.

— ...sim.

— Então entra.

A menina atrás dele riu. Ele fez cara de indignado.

Andou o pequeno trajeto como se estivesse no corredor da morte.

Esperava encontrar policiais, Mama, a SWAT. Encontrou algo bem pior, mas não percebeu logo que entrou.

— Ah, Ethan. Sente-se por favor.

Um homem alto e bem apessoado, com barba feita e voz grossa sentava do outro lado de uma mesa pesada de madeira. Ethan se sentou e olhou em volta, ainda procurando pelos dementadores saindo da parede. Sentia algo de errado com o cara a sua frente.

A cadeira era pequena e muito mais baixa que a do diretor, uma forma de imposição de autoridade.

— Como você está, meu bom garoto?

Armado. Ethan sorriu.

— Bem.

E o homem ficou ali parado, com os dedos enlaçados, esperando algo mais. Quando não recebeu, os separou e pousou as mãos na mesa gentilmente.

— Eu estou muito bem também, obrigado por perguntar. – Ethan escutou a mulher que o chamou mexendo em alguma prateleira atrás de si, o quarto todo era lotado de livros e coisas guardadas

– E você sabe por que está aqui?

Tem uma arma na minha bolsa.

— Não tenho certeza.

Se o homem percebeu seus pensamentos, não demonstrou.

— Meu nome é Marcel. Sou o diretor dessa escola – Ele se levantou – e responsável pelos alunos protegidos por ela. Sinto muito que não tenhamos tido o tempo correto para nos conhecermos ontem.

— Protegidos?

A menina de ontem que o diga.

— Sabe Ethan, você parece um menino inteligente. Vou lhe contar um segredo. Que tal?

Ethan não fez questão de responder.

– Estamos fadados à mediocridade. – Ele sorriu – É a lei. Uma hora ou outra uma espécie chega num ponto evolutivo onde não existem mais desafios, predadores, ameaças. Então ela deixa de evoluir como forma de sobrevivência e passa a fazê-lo por adaptação.

Ele sentou-se de frente com Ethan. A diferença de altura era gritante.

Daqui a pouco ele começa a contar o plano maligno dele.

— Quero mudar isso, quero um futuro melhor para esse mundo.

Falei. E eu queria ter nascido rico e gostoso, supera.

— E quem é o futuro da nação, Ethan?

Ladainha. Se pudesse, Ethan já teria saído. Tinha se preparado para sua execução, mas acabou caindo direto numa palestra motivacional. Se fosse pra jogar, que fosse para sair dali o mais rápido o possível.

Sangue de Moleque - KorvoOnde histórias criam vida. Descubra agora