⚢ Não Mate Borboletas Por Ela ⚢ [Completo]

Capítulo 43 - Duas opções miseráveis e boas ao mesmo tempo

Janeiro de 2019

Sempre existiu vantagem em fazer aniversário perto de Marcela, mas não dessa vez. Ambas sabiam que quando voltassem para São Paulo as famílias fariam de tudo para que fosse impossível o contato entre elas. Hélio ter a deixado ir para praia com eles não passava de uma mentira grotesca que Giulia contou, ele acredita fielmente que a filha está na casa da avó de novo. Seus amigos sabiam o quão significante era aquela viagem e mentiriam por ela quantas vezes fosse necessário. Mesmo com os pais de Marcela sabendo, seria tarde demais caso comentassem algo com os de Giulia.

— Esse foi o melhor réveillon da vida. — Marcela sorriu, tirando a jaqueta jeans assim que entraram no quarto.

Ambas estavam bronzeadas depois de muitos dias indo tomar banho de mar ou apenas caminhando pelas ruas de Santos enquanto comentavam como realmente os prédios eram tortos. Foram no aquário e também no jardim botânico. Beberam muitos drinks em uma festa decadente com música ruim por várias horas, Marcela não podia beber álcool, mas sua energia era a da mais bêbada entre eles. Viveram, sem tirar nem pôr, uma vida paralela e perfeita. Giulia e Marcela estavam vivendo, por dias, a vida que queriam viver para sempre. Elas e os amigos ficaram acordados até tarde vários dias apenas conversando ou jogando. Eles cozinharam algumas vezes ou foram comer na hamburgueria em frente ao prédio. Era aquela a definição de felicidade para Giulia e agora que estava muito próximo de irem embora era como se despedir de uma vida inteira. Essa virada de ano era como se despedir de uma vida inteira de meias certezas.

Giulia se jogou no colchão de solteiro que estavam dividindo nos últimos dias e Marcela não pensou duas vezes antes de se deitar em cima dela. Elas se encaixaram perfeitamente com os braços de Giulia segurando Marcela firmemente, como se ela fosse um sonho bom que iria desaparecer a qualquer momento. Queria tocar Marcela o tempo inteiro para ter certeza de que ela ainda estaria ali quando abrisse seus olhos pela manhã. Ela tinha essa necessidade de Marcela. Do cheiro do shampoo de côco e da pele macia e quente. Queria guardar cada mínima informação sobre ela.

— Eu amo você. — O sussurro de Marcela estava abafado no pescoço de Giulia, onde sua boca estava, e suas palavras ecoaram como nas células do corpo de sua namorada. Ela ergueu a cabeça para que pudesse olhá-la melhor. Tinha tristeza em seu rosto, como se a realidade tivesse roubado o seu sonho rapidamente.

Giulia sabia que era hora de falar sobre o elefante nada sala.

— Eu te amava antes de você saber e vou continuar amando você.

Os lábios de Marcela se contorceram em um bico como se ela estivesse pronta para chorar. Giulia suspirou e ambas se moveram juntas por conta disso. Marcela voltou a esconder seu rosto no pescoço dela e Giulia a apertou mais forte quando sentiu algo molhado. Ela escarava o teto branco enquanto usava todas as suas forças para confortar Marcela. Ambas sabiam, entretanto, que não há como fazer isso.

O silêncio ficou lá, marinando, até Giulia precisar ir no banheiro. Marcela ficou deitada no colchão e quando voltou ela estava no celular.

— O que você está fazendo?

— Instagram. Você viu que a Patrícia tá com um namorado novo?

— Meio feinho.

Marcela não segura o riso e Giulia também não.

— Ele é um gato!

— Eu sei. — Giulia deita de novo quando Marcela abre espaço para ela. — Fico meio triste pelo Sérgio.

— Ele é o Sérgio, mas ainda é homem. Não é qualquer um que aguenta uma mulher igual ela. Engraçada, corajosa, bonita, determinada...

— Okay agora eu tô ficando com ciúmes.