⚢ Não Mate Borboletas Por Ela ⚢ [Completo]

Capítulo 30 - Todas as paixões que movem o mundo part. 1

Marcela reuniu coragem para sair da cama. Foi dormir muito tarde ontem após de ajudar Victor a direcionar os novatos dentro da extensão depois das aulas para o exame de inglês, TOEFL, que todos os alunos precisam fazer para conseguir entrar em uma universidade nos EUA. Os últimos dias haviam sido tão tensos que os músculos de seu pescoço estavam todos travados e metade da sua boca foi comida sem que ela notasse.

Ela tomou banho e vestiu o uniforme. A saia estava mais folgada do que um dia fora e, em contrapartida, a blusa começou a apertar seus seios que cresceram. Tentou passar o delineador, como vem tentando todos os dias, e apesar de ser nítido a sua luta, ele tem ficado melhor. Lisbete avisou que ficaria.

- Não vai mesmo falar comigo? - Marcela perguntou para Lisbete.

Ela estava com a cara emburrada em sua direção desde que soube que Marcela mudaria de sala. Isso aconteceu três dias atrás, mas Lisbete continua ignorando Marcela a maior parte do tempo. Lisbete apenas pisca os olhos sonolentos e pede licença para usar o vaso sanitário enquanto Marcela continua no banheiro.

- Tem alguma coisa que eu posso fazer pra você ficar menos chateada comigo? - Marcela para de se encarar no espelho e encara aquela sentada. - Por favor.

Lisbete se levanta e Marcela da espaço para que ela lave as mãos e comece a escovar os dentes. As duas mal cabem juntas na frente do espelho e Marcela desiste do espaço, saindo do cômodo. Ela olha o celular uma última vez antes de colocá-lo abaixo do travesseiro e assiste Lisbete enfiar o seu no suporte abaixo de sua saia. Depois disso Lisbete de senta na cama, esperando Marcela para que saiam juntas. É por isso que Marcela não desiste de tentar falar com ela. Não é como se a colega de quarto estivesse chateada a ponto de nunca mais falar com ela porque continuam seguindo a mesma rotina de sempre, a diferença é que nenhuma palavra sai da boca de Lisbete em direção a Marcela.

- As aulas totalmente diferentes - Marcela comenta, porque sabe que não está falando sozinha. - Tem umas matérias aleatórias que são pra comer crédito da universidade dos Estados Unidos, igual eles tem no ensino médio de lá.

As duas andam lado a lado no corredor e ultrapassam a fila do elevador até a escada. Marcela sabe que Lisbete presta atenção no que está falando porque, de vez em quando, olha para ela com os olhos curiosos.

- De segunda e quarta não vamos pra nenhuma extensão, a gente tem aula pro exame de inglês, e é bem doido. - Marcela parou de descer e Lisbete olhou pra trás. - Droga, esqueci de mandar email pros professores. - Ela bufou. - A gente precisa de duas cartas de recomendação de professores diferentes. Pensei em pedir uma pro diretor, ele não dá pra quase ninguém, mas o Juan gosta de mim e ele gosta do Juan.

Marcela ficou em silêncio quando viu os lábios de Lisbete pressionados. Ela queria muito dar uma opinião. Pelo que ela conhecia da amiga, era uma luta grande entre seu orgulho para ficar calada e o mesmo orgulho pra opinar sobre tudo.

- De quinta no almoço agora vou precisar ir falar com o Juan, inclusive, ele é quem ajuda quem vai estudar fora falando o que tem que ter ou não. Sabia que ele passou em várias faculdades lá fora e não foi pra nenhuma?

Lisbete respirou fundo. Marcela se perguntava quanto tempo ela iria se aguentar antes de perguntar.

- Por quê? - Foram 5 segundos. Lisbete fechou os olhos, arrependida. Ela caiu no pequeno golpe de Marcela. - Tá mentindo, né?

- Não - Marcela disse, descendo os dois degraus que tinha de diferença e agarrando o braço de Lisbete. - Ele estava aplicando em 2015, você já sabe todo o BO que teve aqui esse ano, não é? - Ela concordou com a cabeça. - Ele decidiu não ir.

- Fofoca pela metade - Lisbete praguejou.

- Sabia que só 1% dos applications pra Harvard são aceitos? - Marcela falava isso com animação. - A Giulia vai começar a dar aula de português junto com a tia dela pra conseguir ir melhor nas classificações. Agora eu sei porque a Mônica passou nas universidades que queria, ela era o Burnout em pessoa.