⚢ Não Mate Borboletas Por Ela ⚢ [Completo]

Capítulo 7 - Como programar uma mentira part. 2

A mãe de Sérgio, Nádia, está preparando o resto da mesa quando Sérgio abre a porta do apartamento. Marcela estende para ele o embrulho azul com a camiseta do Corinthians que comprou hoje mesmo, às pressas.

— Boa tarde, tia — diz Marcela e Nádia acena em sua direção.

Os seis meses de gravidez estão contidos em um vestido social azul e fechado que combina com as duas presilhas que mantém seu cabelo curto e crespo todo para lado esquerdo.

— Essa blusa é nova? — Patrícia pergunta para Marcela, indo abraçar a menina.

A mãe de Marcela comprou uma jaqueta jeans azul escura de Natal para Marcela, mas era a primeira vez que ela usava. Primeiro porque estava presa no uniforme da nova escola e segundo porque estava irritada demais com a mãe pelo motivo anterior, então se recusava a usar.

— Parece uma vocalista de banda — Sérgio constata, convidando Marcela até a sacada do apartamento.

Nesse cômodo, Lucas e Giulia estava com as mãos apoiadas na grade de proteção enquanto olhavam a cidade. O gato frajola, Totó, de 10 anos, estava lá também, mas não olhava de volta quando Giulia tentava brincar com ele.

— Cadê a Lisbete? — Foi a primeira coisa que Lucas disse em sua direção, fingindo muito bem uma cara de insatisfação.

Giulia balança a cabeça negativamente.

— A gente não nasceu grudada, em? — Marcela aperta os olhos. — Se queria ela aqui, era só convidar.

— Sérgio disse que eu não podia convidar ninguém! — argumenta, tirando uma mecha do cabelo da frente do rosto.

— Você sabe muito bem que não era a Lisbete que eu não queria que você convidasse. — Sérgio se senta em um dos dois bancos na sacada e Patrícia ocupa o outro, ele coloca a mão na perna descoberta da menina de vestido lilás.

— Você acha que eu ia ter a cara de pau de convidar a Daiana?

Todos na sacada estão assentindo de forma sincronizada. Lucas revira os olhos.

— Obrigada pelo voto de confiança. — Lucas força o sorriso enquanto ergue os polegares das duas mãos e, logo depois, vai para a sala de estar sozinho.

Marcela e Sérgio se encaram em silêncio e Giulia está entretida porque finalmente conseguiu a atenção do Totó.

— A Lisbete não quis vir — fala Marcela. — Vocês não têm ideia da confusão que aconteceu ontem. Eu estourei a bolha de uma fofoca enorme.

— Agora você conta pra gente — pede Patrícia, ficando de pé e passando a mão pelas costas de Marcela.

Depois de contar toda a fofoca para seus melhores amigos, Lucas estava chocado sentado no chão da sacada. Ele voltou quando percebeu que estava perdendo alguma coisa importante, Patrícia consegue ser bastante expressiva quando fica chocada.

— Que filho da puta! — Giulia fala alto demais e logo se desculpa com o gato em seu colo. Ela está ao lado de Lucas. — Quem precisa de inimigo quando tem um irmão nesse nível? — Marcela concorda.

— Acho que ela vai perdoar ele. São irmãos, no final das contas.

— E dai? - Lucas se intromete. - Conviver é uma coisa, perdoar é outra. O quê? — Marcela está fazendo cara feia pra ele. — Olha o Igor, gente. Ele é meu irmão, mas é péssimo.

— Você também não é flor que se cheire — Patrícia sussurra.

— Ei!

A conversa é interrompida quando Caetano aparece para chamar todos para cantar os parabéns. As tias de Sérgio já estão na frente da mesa de pano amarelo e o bolo de decoração branca está rodeado de beijinhos e brigadeiros. Sérgio tirou fotos com todo mundo e foi Lucas quem postou a foto deles cinco no feed do Instagram.