Capítulo 21 - Borboletas voam sozinhas

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O ciclo de vidas das borboletas, junto com outros insetos, é um dos mais complexos. Dizem ser uma vantagem evolutiva que individuos de mesma espécie, mas em fases de vida diferentes, ocupem nichos distintos. Eles não competem entre si, logo adultos e jovens tem uma taxa de sobrevivência que não se atropelam. São independente.

A fase de lagarta é a que dura mais tempo. Ela acumula os nutrientes necessários para construir o casulo em um local seguro para, caso tudo der certo, emergir em uma linda borboleta. Não é fácil, a vida da lagarta. Nem antes e nem depois de virar borboleta.

Um tópico muito importante nesse processo é que, muitas vezes, as pessoas podem não reconhecer a borboleta quando essa larga o casulo. Esperam que ela seja lagarta, que não voe e não busque pelo néctar da vida. Espera que ela coma folhas para sempre. Que se prenda ao limite que as pequenas pernas a levem. Mas ela, borboleta, está pronta para voar.

Os pais de Marcela sabia que ela estava escondendo alguma coisa. Durante o frio do inverno, ela não teve nenhuma crise em sua anemia e não fazia sentido Marcela está tendo elas agora. Porém, sendo verdade ou não, não deixariam a única filha na escola tento chance dela estar sentido dor. 

Na quinta-feira, Lucas foi à casa de Marcela logo depois da aula de teatro, por volta das 17h. Ele cortou o cabelo, agora não há fio algum caindo sobre o seu rosto, e sua pele está lisa feito porcelana. Marcela inveja que ele tenha uma rotina firme de cuidados com a pele, que ela nunca foi capaz de ter.

- Eu disse pra ela nunca mais falar comigo - Marcela finaliza tudo o que passou na escola desde que as aulas voltaram. - Não adianta fazer essa cara, esse foi o meu limite. Eu sou apaixonada por ela, mas a Giulia é só uma garota, assim como a Daiana.

- Ah, não, você não acabou comparar a Giulia e a Daiana na minha frente... Vou fingir que nem escutei isso.

Eles estão dividindo uma bacia de pipoca no chão da sala dela enquanto escolhem um filme para assistirem juntos. Lucas aponta para um filme de comédia e pragueja quando Marcela passa reto.

- Ela não consegue se decidir se quer ficar comigo ou não, igualzinho a Daiana fez. - Marcela diz isso com um amargor que se prende em sua boca. - Fica fazendo esse joguinho que me deixa enjoada. Ela fica roubando minhas noites de sono. Fica monopolizando minha lágrimas. Ela me deixa criar expectativas só pra depois destruir tudo. De novo e de novo. Você não acha que isso foi exatamente o que a Daiana fez? Ela fez isso com você também!

- A Giulia faz isso com você? - Lucas espera Marcela confirmar com um gesto. - Mas, a Daiana fazia isso de propósito. Ela sabia que brincava com nós dois e mesmo assim não parava. Você, algum vez, já disse pra Giulia que é essa a impressão que tem, de que ela tá jogando?

- Primeiro, não é impressão. - Marcela está falando de boca cheia. - Segundo, se ela faz isso porque quer ou sem querer, não muda como EU me sinto. - Aponta para si mesma. - Acho que... Não sei, acho que esperava mais dela.

- Ela é só uma pessoa. Eu não quero passar pano pra ela, mas acho que é mais complicado. Aliás, ela pessoa que está fugindo de casa porque o pai é um merda e a mãe é uma morta que não faz nada.

- Lucas!

Ele dá os ombros, como se fosse óbvio o que acabou de dizer. Ele deita no tapete.

- Vocês duas não fazem sentido pra mim. - Está olhando Marcela, mesmo deitado. - Por que tantos problemas se vocês já sabem que são apaixonadas e estão morando, literalmente, no mesmo andar de um prédio? Que desperdício de amor!

- Sim, porque você aproveita todas as suas chances de amor. - Lucas se senta em um pulo. - Quando ia me contar que pediu a Lisbete em namoro? - Ele arregala os olhos e evita o rosto de Marcela. - Eu tenho ciúmes. Tenho ciúmes dos dois, mas talvez eu goste da ideia. Só um pouco, mas goste.

⚢ Não Mate Borboletas Por Ela ⚢ [Completo]Onde histórias criam vida. Descubra agora