Capítulo 42 - A porta do armário quebrou part.2

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As mãos de Giulia tocavam os ombros de Marcela enquanto os braços de Marcela rodeavam sua cintura. Ela estava um degrau acima de Marcela na escada alta da rodoviária do Guarujá e esse era o único motivo pelo qual ficou alguns centímetros mais alta.

- Minha mão ficou até fria de tanto nervoso. - Giulia pressionou os lábios. - Então a fofoca não chegou na sua casa?

- Não - foi que Marcela respondeu.

Marcela não sabia muito bem o que estava fazendo, mas sabia que não estava pronta para compartilhar os últimos acontecimentos da sua casa com ninguém. Sentia na boca do estômago certo desprezo por si mesmo ao pensar em contar tudo o que aconteceu para Giulia. Ela não queria que sua namorada se sentisse culpada e, por fim, Marcela queria lidar com isso sozinha. Nem precisou implorar para que Carlos não falasse nada já que ele mal está falando com qualquer pessoa.

- Meu aniversário é sagrado, lembra? As coisas ruins só acontecem depois. - Marcela tentava usar um tom divertido, mas sua comunicação não-verbal não acompanhava.

Os olhos de Giulia estavam diferentes do normal. O verde-esmeralda continuava o mesmo, mas a intensidade e a demora para piscar deixavam Marcela nervosa. Muito provavelmente apenas aquela paranóia que se sente quando sabe que se esconde algo.

- Ano passado foi antes - Sérgio comentou, sentado no mesmo degrau que Giulia estava de pé.

Eles chegaram na casa da praia do avô materno de Marcela, em Santos. Coincidentemente o convento onde Giulia morou fica a menos de dez minutos de carro da casa. O Vovô Ferdinando está nas últimas há alguns anos e mora com a tia Beatriz em Sergipe, por isso a casa estava vazia. Ele morou em Santos por 20 anos.

Apesar do terreno ser grande, a casa era pequena e o caminho entre ela e o portão era carregado de lama quando chovia muito, o que aconteceu ontem. Assim, o sapato de todos ficaram um nojo. A casa está mal-cuidada por dentro, os móveis acumularam muito pó e as eletrodomésticos estavam de desmontando.

- Então, sua namorada tá vindo ou não? - Giulia perguntou para Sérgio. - Sem careta. É mais fácil chamar ela de sua namorada.

- Mais fácil do que pelo nome dela? - Sérgio revirou os olhos. - Não, ela não vem.

- Vou fazer miojo pra gente comer - Marcela disse, se desvinculando de Giulia no sofá da casa.

O sorriso nos lábios de Marcela se fazia e desfazia em apenas dois segundos de diferença. Esses picos de esquecimento dos problemas e então a memória a atormentando seriam regulares durante os nove dias que ficariam em Santos, ela sabia. Apesar disso, estava realizada pela ideia de que passaria seu aniversário e Natal com pessoas que foram extremamente importantes para o seu ano. A família que ela escolheu a dedo.

- Feijão! - Giulia argumentou, tirando da sacola branca do mercado três embalagens de miojo de feijão da turma na Mônica.

A buzina alta do carro do pai de Lucas soou lá fora e Sérgio foi abrir a porta.

Pela janela da cozinha, Marcela viu que do carro saiu Lisbete, acenou para ela pouco antes de ir pegava as bolsas no porta-malas. Victor escorregou e quase caiu no instante que colocou o pé fora do carro. A cadeira de rodas de Lucas atolou por 10 minutos sem que Sérgio e Lauro conseguissem tirá-la de lá e, quando todos eles já estavam dentro da casa, o até então único adulto dali foi embora.

- Feliz aniversário, Ma - Lauro abraçou Marcela e deu dois tapinhas no ombro esquerdo de Lucas. - Juízo, em. Bom Natal pra vocês.

O agradecimento saiu em unísono.

Victor largou seus sapatos na entrada e começou a subir com as mochilas para o andar de cima enquanto Sérgio estava em um luta contra a cadeira de rodas de Lucas para tirar todo aquele barro acumulado.

⚢ Não Mate Borboletas Por Ela ⚢ [Completo]Onde histórias criam vida. Descubra agora