Capítulo 4 - Decisão

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— Você está sendo julgada pelos seus pecados passados que rondam as trevas e seus crimes perversos contra a podre humanidade; quais são suas últimas palavras antes de partir para seu descanso eterno? — Inquire uma voz rouca.

   Quando S/N a reconhece, se força imediatamente a parar de chorar e retira a arma da mão de seu "agressor".

— É sério, Darkness? Ainda assustando gente com essa maldita arma de brinquedo? — Ela Inquire para o homem de preto.

— Só funciona com você mesmo, Ny-m0s. Com você, nada nunca perde a graça. — Ele elucida, fazendo a menina arquear a sobrancelha.

— Você era bem diferente quando te conheci pessoalmente, alguns meses atrás. O que aconteceu com aquele garoto fechado, que só ouvia heavy metal, que não demonstrava ter sentimento algum e era frígido com todo mundo? — A investigadora interroga.

— É que nós ainda não tínhamos nos conhecido muito bem, trevinhas. — Afirma, simplista. Ele olha para o celular da menina em seu colo; ao ver um texto gigante, ele se interessa: — O que é isso aí?

— Nada. — Rebate vertiginosamente, prestes a guardar o celular.

— Se não era nada, por que não me deixa ver? — Darkness pega a outra extremidade do aparelho. As unhas pintadas em tons diversos de preto e roxo brigam com os dedos ágeis de S/N pelo domínio do telefone.

— É só trabalho da faculdade.

— Se é "só trabalho da faculdade", então me deixa ver. — Os dois puxam o telemóvel de um lado para o outro pela cafeteria, assustando os clientes com os gritos da discussão

— Você não precisa ver.

— E por que não?

— Porque não é nada importante!

— Se não é importante, trevinhas — Ele finalmente retira o celular da mão de sua amiga bruscamente e levanta o braço para cima, deixando-o fora de alcance da menor — Não vai ter problema se eu ver.

— NÃO precisa!

   Ele lê.

   Em voz alta.

   Miles se senta na cadeira ao lado dos dois, ouvindo tudo de olhos vidrados em sua irmã, ponderando.

   Darkness finaliza a leitura, os olhos esbugalhados expressando um terror imenso. As íris pretas do garoto parecem ter se destituído de seu brilho normal quando passam pelo último ponto.

— Que porra...

— ... é essa...? — Finaliza a frase do emo, levantando as sobrancelhas incrivelmente bem definidas. O Hanson liberta seus fios de cachos do capuz do moletom negro e umbroso, deixando seus cabelos rebeldes e marrons canela à mostra.

   S/N pega os dois pelo braço e os leva para o canto mais afastado do estabelecimento, voltando para pegar sua bebida em sua antiga mesa logo depois.

— Quantos desse você já recebeu? — Os dois perguntam em uníssono.

— Cinco contando com este.

   O silêncio foi subitamente convidado a recair sobre eles. Nenhum dos três melhores amigos alega mais nada por muito tempo.

— Por que não disse? — Miles finalmente interpela. O tom rouco que seu irmão usa exala arrogância rigidez.

— Eu não queria-

— Por favor, NÃO fala que não queria nos preocupar. — O homem com múltiplos anéis a interrompe. Mesmo depois de tanto tempo, a garota nunca havia o visto falar com ela de maneira tão áspera.

   Silêncio.

   Ela tem evitado o assunto do acidente de Jennifer Hanson há meses. Vem desviando de qualquer coisa que possa fazer menção à algum membro do antigo grupo de Duskwood. Vem se esquivando discretamente de todos os diálogos que possam envolver o homem hacker e tem escapado de toda a pressão que Darkness e Miles depositam nela para que ela fale algo.

   No entanto, aquilo tudo parece estar a perseguindo. E finalmente conseguiu pegá-la desprevenida.

— Então é por isso que não queria falar dele? — É a vez de seu irmão perguntar. S/N simplesmente anui com a cabeça, concordando.

— Você podia ter nos contado. — Darkness assume a voz. — A gente poderia ter te ajudado.

— Fiquei com medo de que se eu os envolvesse eles machucassem vocês também. — Afirma, simplista.

   Ela passa um bom tempo vislumbrando os dois garotos imensuravelmente lindos - pelo menos, em sua humilde opinião - a sua frente. Ele passa as pupilas dilatadas de um para outro dezenas de vezes; sua mente é tomada por uma imagem de seu irmão e Dark de joelhos no chão do tapete recheado de arbustos, rosas e frutos respingando sangue que é a floresta de Duskwood, milhares de armamentos e agentes tendo o crânio de ambos em sua mira.

   Seus olhos marejam quando, em sua idealização, a cabeça dos dois simplesmente recebe incontáveis tiros de bala.

— Ovelhinha... — A voz de seu irmão é branda; ela sabe que os dois já estão testemunhando seus olhos embaçados. Ele a pega pelos ombros levemente e abaixa a cabeça à altura da sua. — Não pense na gente. É com você que estamos preocupados.

— Ser ameaçada pelo governo e não cumprir o que eles estão pedindo não é pra qualquer um não. Ou você é foda pra caralho, ou você é imbecil pra caralho. No seu caso, deve ser um pouco dos dois. — Darkness completa.

   Ela sorri.

— Então você já decidiu? — Demanda Miles. — Quer mesmo sacrificar tudo pelo hacker?

— Eu iria até o fim do mundo por aquele imbecil.

   É verdade. Jake cortou completamente o contato, apagou o número de todos do grupo do celular de S/N e os bloqueou em todas as redes sociais, de forma que ela não se comunica com nenhum deles há tempos. Mas está na hora de mudar isto.

   Mal sabe ela que o telefone em seu bolso está sendo monitorado. Há um hacker do outro lado da ligação, e ele está descontente com a ideia.

Só mais um minuto - DuskwoodOnde histórias criam vida. Descubra agora