Capítulo 18 - Reunidos

49 6 0
                                    

   Faz cerca de oito horas desde que o sol nascera e S/N fora encaminhada por médicos às pressas para a sala de cirurgia, e Jéssica Hawkins já não sabe mais o que fazer.

   A ruiva caminha de um lado para o outro na sala de espera do hospital municipal precário e imundo de Duskwood. Já haviam a alertado que a situação de sua melhor amiga permanece débil às 05:43 da madrugada, o que a impediu de voltar a dormir.

   Dan se levanta da cadeira pela quarta vez só esta tarde, se encaminhando para a mesa da secretária. A atendente arvora os olhos dos documentos em suas mãos para o homem, repete a mesma frase:

— Já disse, senhor Anderson. Ele está na sala de cirurgia e ainda não recebemos notícias dela. Agora volte a sentar. — Ela empurra as hastes dos óculos para trás, ajustando-os a cabeça e retorna a atenção para a papelada.

— Porra! — Ele exclama, batendo no balcão da mesma, sôfrego. — Como é possível ela estar naquela sala desde as seis da manhã e ainda não termos o status da saúde dela? Qual é, vai! Sabemos que tem alguma coisa errada nessa merda.

   A mulher se limita a revirar os olhos e desdenha-lo.

— Não adianta, Dan. A gente não vai saber nada antes do médico chegar. — Thomas afirma, simplista, alisando as pernas descobertas de sua namorada na tentativa de acalma-la.

   Hannah perpetua os olhos no nada, assustada.

   O homem barbudo empurra a mesa da senhora de avental, tentando se conter para não pegar o móvel e jogá-lo pela janela do segundo andar.

   Lilly Donfort está mais afastada dos amigos, o celular junto ao ouvido.

— Jake, Jake! Calma. Você tá indo rápido demais. — Ela interrompe o irmão atônito do outro lado da ligação. — Explica de novo o que aconteceu.

— Lilly, eu já disse. Não sei mais o que explicar. — O arruído metálico da voz de Jake sinaliza de que ele está arquejando em busca de ar. — Ela foi atacada no quarto de hotel onde estava, pulou uma janela, caiu na lixeira, tentou fugir deles e acabou sendo baleada. Quando eu a encontrei na casa do desafio, eu a arrastei pro hospital.

— Tá. E ela tinha perdido tanto sangue assim? Qual era o estado que ela tava? — Pergunta ela, tentando acompanhar.

— Não sei. Alguns mililitros, talvez. Ela estava péssima, quase desmaiando. A camisa estava completando encharcada de sangue quando eu cheguei. Acho que a bala acertou em cheio. — A Donfort fecha os olhos com força, tentando permanecer positiva.

   A voz de desespero do hacker aparenta se apoderar de quase todo o cômodo do hospital.

— Lilly... sem ela... o que eu faço? Ela é tudo... — Sua voz falha, lágrimas se apossando dos olhos. — tudo o que me importa. Ela é o que impede o meu mundo de bambear de novo. Não, ela é este mundo. Não posso, não posso e não vou aceitar perdê-la. De novo não.

— Ela é forte, Jake. Ela fica bem. Ela sempre fica bem. — É a única coisa que é capaz de dizer.

   Não permitindo se entregar a agonia, o hacker recupera a postura.

— Lilly, eu tenho que te pedir um favor. — Ele afirma, a voz soturna.

— Qualquer coisa. Pode falar.

— Assim que a S/N estiver estável, tire-a do hospital.

— O quê? — A menina franze o cenho, surpresa.

— Tem gente atrás dela, Lilly. — Elucida o mais velho. — Por essa razão foi atacada. Temo que as buscas por mim tenham se extendido até ela por não terem mais o que fazer. Se ela ficar muito tempo no mesmo lugar, eles irão pegá-la.

Só mais um minuto - DuskwoodOnde histórias criam vida. Descubra agora