Capítulo Dois

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P.O.V KARA ZOR-EL


— Shhh, silêncio — sussurrei depressa.

— Shhh, você! Não fiz nada.

— Eu não disse que você fez alguma coisa. Eu pedi silêncio. Você vai estragar tudo antes de conseguirmos ver alguma coisa — sibilei para Alex.

Ela resmungou, provavelmente irritada comigo, mas ficou quieta enquanto levávamos a enorme escada em direção ao muro de pedra da propriedade deles.

Muitas horas haviam se passado desde que tínhamos deixado o apartamento de Monel, e que eu tinha oficialmente me mudado para a sala de visita da minha amiga. Como prometido, já tínhamos comemorado a mudança e o rompimento com muitas doses de tequila e várias margaritas cada.

Talvez também já tivéssemos usado a sala de projeção como nosso karaokê e assassinado umas músicas pelo caminho, mas atribuímos a péssima performance ao tempo ruim porque normalmente arrasávamos cantando todas as canções.

Enquanto estávamos deitadas olhando para o teto, Alex recebeu uma mensagem de texto de Sam dizendo que se atrasaria para a nossa fossa, e foi exatamente quando me lembrei de que não era uma boa ideia deixar Alex beber mais do que quatro doses de tequila.

Depois que a consolei, já que ela estava chorando porque Sam se atrasaria, ela decidiu que seria ótimo pegar a escada que tínhamos visto os jardineiros usarem mais cedo e conferir o lado do muro de Lena Luthor  ― a atriz bonitona de cinema que tinha se mudado para lá alguns meses antes. Como eu poderia dizer “não” a um plano tão bom? Nosso plano não incluía espiá-la nem nada assim.

Bom, claro que não éramos de perseguir, só queríamos ver como era a casa dela, sabe? Afinal, casas são muito importantes. É sempre uma conquista na vida ter um teto sobre a cabeça da gente.

E se por pura sorte a víssemos andando meio pelada pela casa ― ou, quem sabe?, totalmente pelada ―, bom, não seria nossa culpa estarmos olhando, né? A culpa seria única e exclusivamente dela.

Então, esse foi o motivo de termos ido parar no quintal de Alex, levando aquela maldita escada.

— E se ela estiver pelada, Kara? O que a gente vai fazer?

— Hum… ver se ela está nua por vontade própria? É praticamente atentado ao pudor, mas não vamos chamar a polícia, eu acho.

— Está falando sério?

— Claro que não! Cuidado por onde anda, tem uma árvore atrás de você.

Depois de me olhar de cara feia, ela olhou para trás e quase bateu no tronco da árvore.

— Ah, valeu.

Sorri e balancei a cabeça. Sam se surpreenderia muito quando encontrasse a esposa caindo de bêbada.

Quando já estávamos bem perto, lentamente abaixei a ponta da escada que eu estava segurando.

— Não solte, tá? Precisamos apoiá-la no muro.

— Sei o que precisamos fazer, pare de me dar ordens. E, por favor, pare de bater no meu arbusto!

— Meu Deus, Alex, estou sendo arranhada nesse arbusto idiota aqui, e você não está nem um pouco preocupada com a possibilidade de eu morrer de hemorragia.

— Não se preocupe, você não vai morrer por causa de uns arranhões. Sem contar que isso tudo foi ideia sua. Vou ficar repetindo isso quando a Sam chegar em casa e nos pegar aqui. — Ela cantarolou a última frase enquanto eu fazia o melhor que podia para me afastar do arbusto mortal.

The Wall Between UsOnde histórias criam vida. Descubra agora