Capítulo Vinte e Nove

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P.O.V KARA ZOR-EL

Eu li a entrevista. Eu li a entrevista várias vezes, tentando entender o sentido, mas não; meu nome ainda estava lá e fui acusada ― sem rodeios ― de ter sido a pivô do fim de um casamento.

Como eu poderia ter destruído algo que nem existia? Será que as pessoas eram tão idiotas assim?

Quando comecei a ler pela quinta vez, Alex teve que puxar o tablet das minhas mãos, que o seguravam com força.

— Mas que merda é essa? EU VOU MATAR ESSA MOCREIA, ALEX! — gritei, mas depois baixei a voz quando as outras pessoas se viraram para me olhar feio.

Eu me inclinei para a frente na cadeira e agarrei as bordas da mesa para me segurar. Então, meu telefone começou a tocar e minha raiva atingiu outro nível.

— Como eles conseguiram meu número?

Alex suspirou.

— É uma confusão.

— É mais do que uma confusão. O que diabos eu fiz pra ela?

— Você não fez nada, Kara. Eu suspeito que isso seja apenas para tirar os holofotes dela e de Lena… ou ela está tentando se vingar dela. Quem sabe? Desde o divórcio, ela tem feito de tudo. Você conhece o ditado: não existe publicidade ruim… acho que ela levou isso muito a sério.

Estávamos no centro da cidade, em nosso café favorito, esperando a chegada da nova equipe editorial de Alex para podermos repassar seus planos para o próximo romance. Mais do que isso, era uma comemoração pelo contrato.

Nós soubemos da entrevista por Cat, a agente de Sam, quando ela ligou para avisar Alex que havia todo um frenesi da mídia em torno dela e que provavelmente eu seria incomodada por telefonemas.

Se eu soubesse que seria assim mesmo, nunca teria saído de casa naquela manhã. Assim que passamos pelos portões, fomos seguidas por paparazzi.

— Talvez ela estivesse esperando voltar com a Lena. Sei lá, aparentemente ela estava, segundo ela mesma. Talvez, se eu não tivesse escalado aquele maldito muro, elas já estariam juntos novamente. Lena nunca disse nada sobre uma reconciliação, mas o que eu sei sobre o relacionamento delas, não é? Elas foram casadas por anos e não só isso, elas também têm um filho juntos.

— Não pense assim, Kara. Se o destino delas fosse estarem juntas, não importaria quantos muros você pulasse.

Respirei fundo e soltei o ar.

— Podemos sair, sabe? Tenho certeza de que, se ligássemos para Sam ou Lena, elas viriam nos buscar rapidinho.

— Por que eu tenho que fugir? Eu não fiz nada. E quero estar nesta reunião, caramba. Não fiz nada de errado que exija que eu enfie o rabo entre as pernas e fuja desses urubus.

A mesa começou a vibrar novamente, então peguei meu celular e o desliguei; era isso ou enfiá-lo no copo de água na minha frente. Antes que Alex pudesse falar, seu celular tocou. Rosnei e levei as mãos à cabeça, frustrada.

— Não, espere, é Lena. Você quer atender?

Pensei no que responderia. Eu não deveria sentir a necessidade, mas infelizmente senti.

— Acho que não quero fazer isso agora —admiti, por fim.

Quando Alex se retraiu e olhou para o aparelho, acrescentei: — Não é nada com ela, Alex. Só não quero falar sobre isso agora. Eu quero agir como se nunca tivesse acontecido por, pelo menos, mais algumas horas e me concentrar na reunião.

The Wall Between UsOnde histórias criam vida. Descubra agora