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P.o.v Maíara 


Marília Mendonça.

Esse nome me rodeou desde meu primeiro dia nessa escola.

Marília está no terceiro ano, assim como eu, temos a maioria das aulas juntas, quando eu olhei ela pela primeira vez quase tive um orgasmo.

Não estou brincando, ela é extremamente linda, tem uns olhos maravilhosos, cabelos loiros e um corpo espetacular, a gente se esbarrou no corredor no meu primeiro dia

E ela até que não foi tão vadia comigo, pediu desculpa pelo esbarrão, e falou que a gente se via depois.

Quando eu comecei a conversar com Maraisa até perguntei quem era ela, e minha amiga falou o nome dela, mas falou para mim cair fora dessa ilusão, afinal, ela era conhecida como a "Rainha Vadia" do colégio.

Eu admito que achei exagero, mas uma semana depois senti na pele que tudo isso era verdade.

Por algum motivo indeterminado, Marília começou a infernizar minha vida após uma semana.

Era me fazendo cair, jogando coisas em mim, falando para suas amiguinhas me infernizar e muitas outras coisas.

Essa garota tem um ódio tão grande por mim e eu não sei porque, eu nunca nem falei direito com ela, e por dois anos isso acontece, Maraisa falou que com o tempo ela ia se cansar de me perturbar e ir para outra, mas até agora isso não mudou.

Tanto que agora estou eu, em plena aula de Sociologia com o cabelo cheirando a sabão e todo duro, ainda ouvindo as risadas da imbecil que sentava a algumas cadeiras na minha frente.

— Metade, já já o colégio acaba e você não vai mais precisar ver essa otária — Maraisa disse enquanto afagava meu ombro.

O mais revoltante era que Marília é sobrinha do diretor, além de Cheerleader, então o tio dela encobre ela em tudo que ela faz, não adianta nem reclamar, e se eu falasse para minha mãe, ela ia querer bater nela e no tio dela, então é melhor eu não falar para minha mãe, protetora do jeito que é, para não ir presa.

Ela infernizava todos, mas tem uma preferência por mim, e eu ainda vou descobrir o porquê.

O resto da aula passou normal, com algumas bolinhas de papel sendo jogadas em mim, mas isso era normal então eu ignorei.

*

Eu odiava educação física, odiava tomar banho no colégio, então preferia ficar suada e tomar banho em casa, e isso não era agradável, e se não bastasse, Maraisa e eu não tínhamos educação física no mesmo período, e isso me deixava com tédio já que eu não tinha amizade com muitas pessoas do colégio, na verdade minha única amiga mesmo era ela.

E isso me bastava já que as pessoas dessa escola eram todas babacas e Maraisa, mesmo sendo filha de dois advogados renomados, era super gente boa, simpática e animada, talvez seja por isso que ela seja excluída nessa escola também.

O professor, escolheu um garoto alto, que era do time de futebol mas eu não lembro o nome dele, e Marília para escolher os times já que a gente ia jogar queimada, coisa que não tenho nenhum afeto.

Eu estava no meio do amontoado de pessoas quando senti alguém tocar meu ombro, quando eu me virei encontrei Naiara sorrindo para mim.

— Sim?

— Oi.

— Oi — respondi, franzindo o cenho.

— Hey, como você está Mai? — perguntou a garota sendo simpática.

Eu já tinha falado com Naiara algumas vezes, mas ela me parecia um legal muito forçado, Maraisa dizia que ela queria ficar comigo, mas eu não queria ficar com ninguém.

Tipo, todos na escola achavam que eu curtia mulher, achavam porque não sei como alguém ficou sabendo e espalhou no colégio, e como eu nunca neguei nem confirmei, era um boato ainda.

Eu sempre soube que gostava de mulher, apesar de já ter até namorado um menino no Brasil, foi coisa de semanas para mim cair fora, mas me assumi para amigos e minha mãe só a três anos.

Eu estava estranhando Naiara vir falar comigo assim, sozinha, já que sempre Maraisa estava comigo, mas eu também não era nenhum bicho, não podia mandar a menina sair fora.

— Bem, e você?

— Também, bom, na verdade, vim te chamar para meu aniversário que vai ser na semana que vem — ergui as sobrancelhas surpresa, nunca era chamada para nada, aqui no colégio.

— Hum, obrigada pelo convite, mas eu não sei se vou poder... — Naiara pareceu ficar frustrada e fez um biquinho.

— Por quê?

— Tenho que perguntar para minha mãe e ver com Maraisa... — Ela me olhou, avaliando por alguns segundos.

— Porque espero que o convite seja para ela também, não?

— Sim, sim, claro, pode levar sua amiga, quanto mais gente melhor!

Sorri e concordei com a cabeça.

— Certo então, mas te aviso com o decorrer da semana.

— Claro, você pode...

— AZEVEDO! — Alguém gritou, alguém não, pela voz soube ser Marília, a garota me lançou um sorriso, piscou e correu até a equipe da Mendonça.

— PEREIRA! — O rapaz negro alto gritou, me chamou e eu suspirei caminhando até lá.

Quando todos já tinham sido escolhidos o professor dividiu a quadra e o jogo começou, não foi surpresa quando toda a equipe de Marília, menos Naiara, começou a mirar apenas em mim.

Tentando a todo custo me acertar, até às pessoas do meu time queriam que eu fosse queimada, eu sofria perseguição nesse colégio!

Mas eu era muito ágil, era flexível, tipo o homem aranha, e consegui me esquivar de todas as bolas que vinham em alta velocidade na minha direção.

No final só sobrou eu e o capitão do time na quadra e a equipe da Mendonça estava quase intacta.

Quando o capitão jogou a bola tentando queimar Marília, ela conseguiu segurar e, sabe quando a pessoa te olha nos olhos e é como se você conseguisse ler seus pensamentos?

Foi isso que aconteceu, Marília me olhou por fração de segundos e sorriu, jogando a bola com tudo em minha direção, eu até tentei sair, mas a bola foi mais rápida, e se não bastasse me atingir, foi bem na cara ainda.

O impacto foi tão forte que eu acabei caindo no chão gemendo de dor.

𝙰 𝚅adia da 𝙼inha 𝙲rush | 𝙼𝙰𝙸𝙻𝙸𝙻𝙰  Onde histórias criam vida. Descubra agora