Epílogo 👑

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⚠Atenção . Esta história contém cenas de sexo e violência, o que não são indicadas para menores de 18 anos🔞. Não é permitido nenhum tipo de plágio. Não se esqueçam de votar, comentar e partilhar!
Boa leitura.

♤♤♤

Estou alegre. De volta ao apartamento, busco o que quero para partir. Não há sinal de Harry pela casa. Ele deve ter pego somente algumas roupas que a maioria ainda está cá. O tempo passa e olho para o lado. Minha bolsa em mãos. Não deve ter ido longe. Pelo menos que eu procure até encontrar. Estou a perguntar o que farei se encontra-lo. Falhei no encontro de hoje com a psicóloga. Ela que dane-se. A mulher é uma puxa assuntos muito irritante. Arrancando tudo de mim para fora como se estivesse em um parto e a placenta fosse o essencial que estaria procurando para elevar ao céu e revelar sua descoberta de estudo junto com seu maravilhoso diploma.

Não dormi nas noites anteriores, como sempre ocorre comigo. É muita coisa a absorver. Os acontecimentos que vem ocorrendo nos últimos dias, a mudança drástica em nossas vidas desde o acidente. Não planeei nada disto. O que cai em minhas mãos, eu deixo e resolvo. É mais simples do que parece.

Apalpo a bolsa pegando o frasco de comprimidos. Já conheço o fármaco. Com cada de grão de substância ativa e toda a sua dinâmica em meu corpo. Desenrosco a tampa e levo duas cápsulas à mão. E depois à boca. Engulo seco e fecho os olhos por alguns instantes com o queixo para cima. Duas respirações na sala. Sintonizo-me com a outra. Enlaçando-me e evitando-me afogar sob nossa tristeza. Faço isso de novo por ele. Só assim deixo que o nevoeiro me conduza. Preciso fazer isso por nós. E pelo Jimmy.

O que eu vejo não é o que eu quero. Não é o que eu necessito. O último dia que estou com Gina. Ela toda feliz para se despedir de mim, dizendo que tinha conseguido um emprego fantástico numa empresa de congelados, mas que ficaria com aquela saudade de nós. Ela me desejou tudo de bom para a minha gravidez. E sabia a verdade. Que Harry nunca aceitaria o Jimmy. Como ela ficaria ao saber de tudo até ao final? Termino o pensamento com seu sorriso e logo vejo-me sentada ao volante de um Peugeot vermelho do Harry, sorrindo para mim mesma do espelho retrovisor, os dentes à mostra, alinhados e apertados, o queixo firme, sentia-me nervosa, ansiosa, com medo. Meu rosto. Já saberia ali que tinha algum risco? Será que Jimmy teria sentido naquele momento o que eu senti? Meu filho terá morrido lembrando-se das angústias da mãe? Ele seria uma criança feliz? Estudos falam muito da ligação dos sentimentos que o feto sente durante a gestação com os comportamentos que adota na altura da amamentação. Sei que isso é verdade porque mostra a mim. Eu nunca fui desejada e nem aceite pela mulher que mais me carregou. E sinto tudo até hoje. Mas é diferente de mim com o Jimmy. Eu amo meu filho. Muito. Quero que ele volte, nem que for para senti-lo de novo fatigando-se dentro de mim. Demonstrando-me todo o seu amor.

Não vejo-me mais no carro. Estou agora na presença dos meus antigos amigos, na minha antiga cidade. Eu não sei se posso chama-los amigos. Maya, Lisa e Max. Estamos juntos os quatro. Eles conversam comigo. Tem os rostos em fúria, mas as fisionomias quase abaixadas como se fossem cães se sentindo ameaçados. Mas eu sinto que eles sentem. São ameaçados por mim. Há muito que não sentia essa sensação. Deles terem medo de mim. Deles terem tanto medo e quererem machucar- me para abafar o que sentem. De nós como uma só.

E aí atrás deles, por entre os ombros de Lisa e Max consigo ver a Claire, minha linda cunhada. Os cabelos longos e morenos descendo pela cintura e os braços pendendo inertes ao lado do corpo desejável. Ela não tem medo de mim como os três. Ela não quer expulsar-me de sua vida como os três. Ela quer excluir- me da vida do irmão. Porque sabe que trarei desgraça para a vida dele. Para a vida do homem que mais amo. Mas ela sabe que ele nunca quis o filho que fiz com ele? Não, pouco sabe disso. Eles pensam que sou aquele ser humano abominável que a mãe nunca quis. Que os irmãos nunca quiseram. Simplesmente tudo de errado acontece a mim.

E começo a elaborar alguma estratégia perfeita, tão boa quanto requinte, a razão de qualquer ato que eu tenha desempenhado, o motivo que me deixou mais alegre. Parcialmente começo a obter minha resposta. E ela começa por um erro. Acreditar demais. Foi o que eu fiz. E não sei se quero errar mais uma vez. Algumas coisas já não voltarão.

Abro os olhos que estão embaçados e miro para a frente. De outras recordações. Não importe em que lado eu decida focalizar, poderei ao menos manipular as minhas verdades. Aperto os olhos de novo, ignorando-o e tudo está vívido de novo, cada detalhe, cada desgosto, cada lágrima, cada deceção, e cada afeição. Distingo-os em cada momento que ocorreram, desde anos, até o recente. O efeito do tranquilizante em meu cérebro tem uma espantosa capacidade de conectar -me as sinapses, trazendo de volta qualquer semelhança que havia apagado antes, e o nevoeiro está ali de novo, dedicando-se a revelar o que eu preciso saber.

Sinto uma mão quente tocando meu braço e viro a cabeça olhando para o homem que tem a metade do corpo para dentro do carro, através da janela. Rui está esplendidamente lindo hoje. Não falamos no Harry. Ele não acredita naquilo que Harry me fez. Ele consola- me como a pobre esposa rejeitada. A esposa traída.

— Vais sair agora? Devias descansar — Responde, os olhos escuros estudando meu rosto e seus dedos acariciando minha pele. Sorrio um pouco tímida.

— Regressarei logo — Ele parece aliviado e segura-me com mais força para aproximar o rosto do meu. Seus lábios macios e fortes estão sobre os meus. Desejando-os. Querendo – os para si. Ele afasta- se após alguns segundos.

— Não demores então.

Aceno com a cabeça. Subo os vidros das janelas e desço para fora da cidade quando distraidamente me vejo na cidade maior, a linhas de distância olhando para tudo, depois de horas. As árvores à volta, o relevo do horizonte ao longe iluminando, o calor pouco atrativo e as crianças farejando tudo. Parei o carro para pedir indicações do caminho, envergonhada por ter esquecido disso e sigo para o grande parque de estacionamentos, trazendo-me recordações do lugar. Viro a cabeça de imediato para a esquerda e desço do carro enquanto noto uma mulher saindo pela porta de sua casa deixando a porta semiaberta. Ela revela- se mais velha. Deve estar aliviada por não me ver há anos. A vedação a volta do parque é baixa e bem cuidada, tudo cabe bem melhor do que na época que eu vivi aqui. Estamos a poucos metros de distância. Curiosamente, olho para cima para a janela do quarto do rapaz que nunca irá envelhecer. Jenny olha para mim, com as mãos cruzadas na frente. Já imagino o que pensa. Thomas optou por esse caminho. Não haveria o que fazer.

— Zack está aqui — Diz como se tivéssemos vivido juntas nos últimos 10 anos e paro olhando seu rosto. Mesmo parecendo mais velha, ainda existe um ar de jovialidade cruel, tão tenra quanto sua voz macia. Desvio o olhar para a porta aberta a metros de nós, imaginando Zack ali dentro contando de tudo para todos. De sua melhor versão.

— És mesmo tu, Jane? Ou a outra? — Ela hesita um pouco, formando os lábios em uma careta triste, tentando diferenciar as distinções existentes em mim. Com um forte aceno, levanto a mão para cumprimenta-la e parto para o carro. Com uma vigorosa sensação de que irei voltar.

Estou com a cabeça no Harry quando coloco meu cinto de segurança. Algo mudou quando ele entrou em minha vida, entendi que precisava estar ali, naquele momento com ele, por um real motivo. Ao grande equilíbrio. Abro o porta-luvas e seguro no pequeno canivete que voltara para pegar na casa alugada de Zack, olhando para a linha de sangue de minha mãe ainda seca nela, como a única prova de que ela esteve em minha vida. Nunca seu corpo foi identificado. Voltarei atrás do Harry quando eu terminar isto. Empunho o canivete em minha mão e olho para fora da janela. Para Jenny ainda preocupada olhando para mim. Estou satisfeita com o arranjo. De repente, meu telemóvel toca. É ele. Agora ele volta a procurar-me, sem dúvida. Duvido que me impeças de fazer isto. Paro com a mão em meio ao movimento para meu telemóvel — por um segundo e antevejo desespero. Eu sei que tudo irá correr bem sim. Como sempre ocorreu. Atendo o meu telemóvel e acaricio-me com sua voz melancólica. Em breve encontrarei-o. 

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