Capítulo 16 👑

33 2 0
                                    

⚠Atenção . Esta história contém cenas de sexo e violência, o que não são indicadas para menores de 18 anos🔞. Não é permitido nenhum tipo de plágio. Não se esqueçam de votar, comentar e partilhar!
Boa leitura.

♤♤♤

Ao contrário de nós, Zack vivia na mentira, mentindo constantemente para nossos pais, ficava em momentos tão difícil de distinguir o que seria real daquilo que ele inventava. Para mim ele teria criado uma mania, das grandes. Ela tornou-se uma necessidade que ele só abria a boca para falar tudo e mais. Crianças pequenas não podem mentir, porque as maiores sabem gerir melhor suas invenções dementes. Ele vibrava-se como um mentiroso e ladrão e eu acabei por tomar conhecimento disso. Via-o como uma figura esquisita. Um grande charlatão de bigode e sua bengala enquanto carregava um grande saco nas costas que continha joias de toda a população de uma cidade. Aquilo devia ter encarnado no meu irmão. Ele estava lá em casa quando eu tive minha primeira pequena crise antes dos seis anos, e só limitou a rir porque tinha uma irmã especial com poderes especiais. Que mais tu podes fazer, maninha? Com esses poderes todos que tens? Será que podes dividir? Ouvia muita barbarice da boca dele. Não me sentia especial, mesmo que ele tanto repetisse isso. Aquilo era doença. Eu estava doente.

Ao contrário do que ele achava, roubar não era a melhor coisa do mundo. Ele achava isso. Eu só apoiava, mesmo que em silêncio. Ele roubava coisas. De nossos pais, de nossos irmãos, talvez algo de mim que eu não tenha notado, ficava como um ser estranho movendo-se no escuro, algo como um ninja, mas eu não dormia pela noite. Ouvia os passos dele a noite inteira. Deitava-se logo cedo para descansar e o dia era para outras coisas. Saio uma noite de meu quarto com uma grande caneca de cerâmica bordada que fiz na escola e dei para ele. Teria que ganhar algo de minha mão que não fosse a roubar. Nada que fizesse, fazia com que ele parasse. Ele era inquieto e descobriu que eu não dormia de noite. Mais um poder especial, dizia. Agora teria que usufruir dos outros para conseguir algo. Usar meu transtorno para roubar era mais estranho que tudo o que havíamos feito. Ele passou a chamar-me — a especial dos sonhos. Via aquilo que acontecia em mim como se fosse uma fantasia, porque eu era capaz de trazer sonhos à realidade. Nunca mais lhe fiz esse favor. As coisas poderiam perder o controlo. E mais tarde, ele veio a saber o que eu era capaz de fazer.

Apesar de tudo não consigo imaginar o Zack a cometer um grande furto, mesmo que tenha se enfiado em uma grande gangue criminosa. Já tive notícias dele, mas não de Ronnie e de Liam. São muitas cartas, trocadas entre o Harry e o Zack. Como se fossem amigos, eles se comunicam muito. A maioria são do Zack, dando informações de como está na prisão, e leio algo breve que ele diz que é a sua terceira vez na prisão. Não há datas em nenhuma das cartas. Podem ser de qualquer ano. Sinto-me um pouco furiosa, Harry sabe muito de meu irmão, mas quero deixar isso para trás, ele trabalhara com meu pai por um tempo. De certeza que os dois intercalaram cartas através do meu pai. Não tenho paciência para ler tudo. O Harry pode saber onde meu irmão está. Não ouço falar dele há quase 15 anos.

Permito-me ter ideias frescas, meu irmão vindo atrás de mim, com sua cara de trocista, nem que fosse para saber detalhes do funeral do nosso pai. De que eu procurei a cara dos três no funeral dele, até entrar em casa, mas só havia estranhos presentes. Por mais que Zack não seja tão bom garoto, ou homem, não consigo imagina-lo dentro da prisão, usando fatos coloridos, sorriso grandão no rosto, o belo rosto como o de nosso pai, ou caracóis escuros semelhantes aos meus. Mas ele sempre preferia deixar à moda escovinha. Talvez ele ainda assim continuasse. Quase com 40 anos, imaginei-lhe com uma família a sério, mais feliz e firme do que aquela que tivemos, sem traumas, apenas banquetes bons com crianças rindo histéricas entre si com gomas entre os dentes. Eu sentia-me uma tia e uma cunhada cúmplice que poderia oferecer grande apoio a o que quer que fosse. Não a um irmão solitário ex-presidiário.

Levantei do chão, com os joelhos dormentes, a ponta dos papéis apontando para baixo como se fosse um corpo sem vida e coloquei-os onde os achei no armário do Harry, convincente que pudesse voltar para ler mais.

♤♤♤

Regressei a Universidade antes da hora do almoço a ver se eu conseguia ter alguma reunião com a minha tutora do projeto e ela recebeu-me com um adiantamento mesmo que revelasse que o que eu já tinha antecipado era muito pouco. Pelo menos a ideia do projeto mantinha-se aceite. Disse-lhe que estava a trabalhar nisso sozinha e ela ficou em silêncio e anotou algo em seu caderno. Observei suas letras com alguma relutância, a velocidade com que ela debatia com a caneta de anotações no papel. Em silêncio, ela escreveu por cinco minutos. Como Harry e meu irmão conheceram-se? Quem terá entrado em contato com o outro? Harry foi atrás do meu irmão por causa de meu pai? Então já havia uma possibilidade dele saber de grande parte de minha história. Imagino a resposta de Zack a certas perguntas. Nossa mãe nos tratava feito merda. Ele responderia a algo parecido. Ela poupou- nos a vida indo embora. Facilitou-me a mim e a meus irmãos. Jane que danasse. Ela cuidará de si.

Tive mais uma hora de conversa com a tutora, ela esclareceu tudo o que podia e disse-me que precisava ir a outro encontro. Terei que entregar uma resposta de todo o projeto no espaço de duas semanas. Senão terei notas baixas.

Vejo-me sozinha na sala de reuniões, com meu caderno em mãos e a caneta rosa tremulando entre meus dedos, suave, pensando em escrever as próximas linhas de raciocínio e lembrando das palavras da tutora de que precisarei de um colega para formar um grupo e terminar de organizar o projeto. Teremos uma grande surpresa para o dia das apresentações. A maioria dos jovens se sente ansiosa com a aparição de uma possível surpresa, algo novo e surpreendente que aumenta em escalões o nível de alegria e que os possibilitem a trabalhar bem melhor. Eu não consigo sentir nada disso. Nunca fui surpreendida na minha vida. Não tive motivos extraordinários que me deixassem estupefata de feliz. Como se o efeito surpresa fosse banida de mim.

E na hora de guardar minhas coisas na mochila que minhas mãos pesam sob mim, meu corpo cai pesado nas costas da pequena cadeira de madeira e vejo-me inclinada para o chão como se o efeito da gravidade sobrepusesse mais que tudo e a vontade de cair no sono, volta. Ali mesmo, preparando-me para ir embora. Luto com tudo o que posso mas uma certa força causa-me dor na bacia, e minha cabeça vê-se muita inclinada para trás. Meus olhos já estão semicerrados, meu corpo já dominado, mais forte que eu, ela puxa-me para o interior de mim. Por fim, vejo a sombra que cobre minha vista como se fosse tapada por uma mão e tudo ficando escuro. Lembro da precisão de algumas coisas: 15 de fevereiro – 14 h e 20 minutos. " Eu cuido de tudo por ti"

Love &Honey - Harry Styles Onde histórias criam vida. Descubra agora