[01] A lei é um lixo

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— Que porra você quer dizer com não podemos nos divorciar?! — Snape gritou para Geoffrey Bailiff, o advogado bruxo de meia-idade que estava sentado do outro lado da mesa antiga altamente polida. O oficial de justiça não vacilou diante desse ataque verbal – ele estava acostumado com isso, agora, depois de anos sendo gritado por clientes que não apreciavam o que ele tinha a dizer sobre os detalhes da lei bruxa, especialmente quando era contra seus casos.

— Bem, para começar, Sr. Snape, Sra. Snape — Hermione olhou para ele ao usar o título, — tecnicamente falando, vocês não são realmente casados — ele explicou calmamente.

— Então deveria ser uma simples questão de redigir alguns papéis e depois assiná-los — Snape afirmou como se isso resolvesse o assunto.

O oficial de justiça sorriu com paciência, mas com bastante prática.

— Veja, Sr. Snape, Sra. Snape — novamente ela se irritou, — vocês não podem se divorciar porque, de acordo com a papelada do Ministério, o casamento não foi consumado. — Ele apontou para alguns documentos em sua mesa.

Snape e Hermione bufaram em uníssono, depois se afastaram ligeiramente um do outro, cruzaram as pernas e cruzaram os braços sobre o peito em imagens espelhadas.

— Devo perguntar ou você quer esse privilégio específico? — Hermione dirigiu-se a ele por cima do ombro. Sua resposta foi cerrar a mandíbula e manter os olhos fixos nas botas de pele de dragão.

— Sinto muito, Sr. oficial de justiça, mas temos que perguntar. — Ele bufou e ela olhou para ele. — Tudo bem, tenho que perguntar – como o Ministério saberia se nosso casamento foi ou não consumado?

O advogado colou um leve sorriso no rosto.

— Todos os casamentos são registrados no Ministério, mas só se oficializam quando são consumados, altura em que um selo mágico aparece automaticamente nas certidões, tornando tudo legal. Essencialmente, estamos falando sobre a ativação de um feitiço que foi automaticamente tecido nos votos que você fez – provavelmente apareceu como faixas douradas translúcidas envolvendo suas mãos entrelaçadas. Como eu disse, o feitiço é acionado por...

— Sim, sim, todos nós sabemos como isso é desencadeado – podemos continuar com isso? — Snape interrompeu bruscamente.

— Certo. Portanto, se o casamento não foi consumado — continuou o oficial de justiça, — então não pode haver divórcio.

— Se bem entendi, então, o que precisamos é de uma anulação, significando que nunca houve um casamento verdadeiro em primeiro lugar — Hermione posou.

— Esse pode ser o caso em um tribunal religioso trouxa, mas não é o mesmo no mundo bruxo.

Claro que não é — Snape comentou maliciosamente.

— Deixe-o terminar — ela retrucou irritada em sua direção.

— Veja, as leis bruxas que regem o casamento datam da Idade Média e foram projetadas especificamente para promover relacionamentos em vez de separá-los. De um modo muito geral — continuou o oficial de justiça, — essas leis exigem que se passe um ano e um dia antes que o divórcio possa ser concedido e, claro, antes que o divórcio possa ser concedido, tem de ter havido um casamento verdadeiro, que isto é, tem que ter sido consumado.

— Isso é um absurdo — Snape rosnou.

— Seja como for, é a lei.

— Então a lei é um lixo.

— Foi o que me disseram - muitas vezes, na verdade, Sr. Snape — Bailiff respondeu com paciência.

— Mas... por que? — ela se sentiu compelida a perguntar. Snape grunhiu ironicamente e ela o silenciou bruscamente.

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