A Year and a Day | Sevmione

[20] Um ano e um dia

A irritação que se desenvolveu nas últimas semanas das férias de verão continuou até os primeiros dias do novo ano letivo, afetando tanto os seus relacionamentos profissionais como os mais pessoais. Ela era brusca com os alunos e ele exibia a carranca implacável que uma geração de estudantes passou a conhecer e temer. O fato de ambos estarem ocupados – mais ocupados, até, do que estavam apenas um ano antes – ampliou ainda mais a tensão. Além das aulas que Hermione estava ministrando, ela e Minerva haviam planejado como funcionaria seu aprendizado - ela havia se inscrito na Guilda da Transfiguração e estava esperando ansiosamente para ver se eles a matriculariam formalmente com base em suas notas, nos resultados dos NIEMs e na recomendação de Minerva. Nem sua mentora nem seu marido tinham qualquer dúvida sobre sua aceitação, embora ela mesma não ficasse tranquila até que isso fosse confirmado. Para ele, o trabalho do comitê de reconstrução, ironicamente, também aumentou à medida que o castelo se aproximava da conclusão – ele era muito meticuloso quanto ao layout da torre que abrigaria a sala comunal e os dormitórios da Sonserina, tanto que o capataz da construtora mágica deixou claro para a diretora que ele só trabalharia através dela daqui para frente. Isso o irritou muito e Minerva tentou conter sua irritação apontando como as coisas estavam realmente indo bem, mas isso o deixou ainda mais irascível do que o normal.

As interações entre marido e mulher continuaram tensas – eles mantiveram os pequenos detalhes que se tornaram tão queridos para eles ao longo do ano, como o chá que ele sempre tinha pronto quando ela aparecia pela manhã e os pequenos sanduíches e guloseimas que ela preparava para ele à tarde, mas eles não se sentiam tão à vontade na companhia um do outro como antes. Seus encontros se tornaram menos frequentes e mais hesitantes nos últimos dias do verão - cada um deles pensava que o outro estava se retraindo - e pararam completamente quando voltaram para a escola. À medida que o ano e um dia se aproximavam, ela tornou-se mal-humorada e chorosa, e ele mais severo e fechado. A mudança não passou despercebida, embora ninguém tenha sido tolo o suficiente para manifestar a sua preocupação, pelo menos em público, preferindo manter-se afastado de ambos. Eventualmente, Minerva se sentiu compelida a abordá-los – individualmente – por motivos profissionais e pessoais, mas eles rapidamente mudaram de assunto, Hermione mais educadamente do que seu marido mal-humorado.

Tudo veio à tona uma semana depois. Uma carta do oficial de justiça Geoffrey fora entregue em mãos, em vez de enviada por coruja, como acontecia com muitos desses documentos confidenciais, e, embora fosse endereçada a ambos, fora colocada na caixa de correio dela, e não na caixa de correio da escola, na sala dos professores. Ela soube o que era assim que viu o nome do escritório de advocacia do oficial de justiça em relevo no canto do envelope – ela foi direto para seu escritório para abri-la em particular. Foi curto e direto ao ponto – o fim do período de um ano e um dia estava se aproximando rapidamente e o advogado bruxo queria instruções sobre o divórcio. Seu coração acelerou e sua respiração ficou superficial – ela não queria mais isso, não queria isso há meses, mas não era uma decisão apenas dela. Dado o modo como ele vinha se comportando nas últimas semanas, porém, ela temia que agora ele quisesse prosseguir. A campainha estava prestes a tocar, então ela enxugou os olhos, colocou a carta no livro didático em sua mão e saiu para dar aulas.

Foi mais uma aula estranhamente sombria, tanto que, no final, Barrington-Smythe perguntou se ela estava bem. Ela não mentiu exatamente, foi um começo de semestre difícil, mas ela definitivamente não estava perfeitamente bem, como havia dito a ele e a seus dois companheiros, de forma pouco convincente com base em suas expressões duvidosas. Ela entrou no corredor, que estava repleto de estudantes. À distância, ela o avistou vindo em sua direção, instruindo bruscamente as massas a saírem de seu caminho. Se ela não conseguisse convencer três sonserinos de treze anos de que estava bem, nunca conseguiria convencê-lo e precisava de tempo para pensar em como proceder. Então ela se virou e seguiu resolutamente na outra direção. Era covardia, mas ela ainda não conseguia enfrentá-lo, e certamente não em um lugar tão público.