Respirei fundo, olhando aquele olho incrivelmente azul.
Assenti. - Deveria ter avisado.
Ele assentiu. - Só vi que era você quando cheguei perto o suficiente para ver esse cabelo vermelho.
Dei de ombros. - Tá, agora já viu. Pode ir.
Ele assentiu e deu as costas, se afastando.
Respirei fundo e fechei os olhos, me odiando. Depois abri novamente.
- Daryl.
Ele parou automaticamente, e girou, me olhando sério.
- Porque estava me seguindo?
Ele estreitou os olhos. - Não estava seguindo, eu estava apenas por aqui. Eu venho aqui às vezes, gosto da floresta, escutei esse seu andar de bisonte e resolvi ver o que era.
Eu ri. - Eu não tenho andar de bisonte. Eu sou silenciosa.
- Pffff. Poderia escutar você a dez estados de distância, no meio de uma cidade barulhenta que nem Atlanta. - Daryl falava, agitando o braço numa direção aleatória, acima da cabeça.
- Você é um caipira idiota, mesmo. Vai, me deixa aqui. Eu me viro com meu andar de bisonte, senhor perfeição.
Nesse momento, um pequeno grupo de zumbis apareceu, se aproximando.
Revirei os olhos.
- Era só o que faltava. - Rodei o bastão na mão.
Me aproximei deles mas vi Daryl do meu lado.
Bati com o bastão no primeiro zumbi e olhei Daryl.
- Eu sei me virar.
- São muitos. - Disse ele.
- Já enfrentei pior!
A gente falava enquanto matava zumbi, o que era ridículo para qualquer pessoa que visse isso de fora.
- Onde você aprendeu isso tudo? - Perguntou. - Porque patricinhas que nem você, não sabem usar armas e nem rastrear.
Abri a cabeça de um zumbi, fazendo o sangue sujar meu rosto.
- Não sou patricinha! E não tenho de explicar nada para você!
Parámos, olhando o grupo, todos mortos. Respirei fundo, sacudi o bastão e vi Daryl pegando as flechas.
Indiquei a besta. - E você? Onde arranjou isso?
Daryl me olhou por cima do ombro.
- Não tenho de explicar nada para você.
Sorri. Ele me devolvera minha resposta.
Suspirei, passando a mão pelo rosto e depois vi algo mais na frente e me aproximei.
Era uma flor, branca, com pétalas largas e um centro mais escuro. Sorri, era uma das minhas favoritas. Era uma...
- Cherokee Rose. - Disse Daryl atrás de mim.
Olhei ele e ele ergueu a mão. - Sabe o que significa?
Assenti. - Sei. É minha favorita. Meu padrasto costumava apanhar uma para mim, sempre que íamos na floresta. Todos os sábados.
Daryl passou por mim, pegou uma flor e eu quase temi que ele quebrasse ela com a sua mão enorme, mas não, ele foi incrivelmente delicado e pegou a flor sem danificar. Depois, olhando ela, girou na minha direção e me entregou.
Olhei ele e Daryl deu de ombros.
- Pode ser que ele esteja por aí, algures.
Peguei a flor e neguei com a cabeça.
- Não, ele virou. Eu matei ele, de vez. Mas obrigada.
- Lamento. - Disse ele.
Olhei ele e sorri, erguendo a mão para que ele apertasse, como se fosse a primeira vez que via ele, mas Daryl ficou me olhando como se eu fosse doida.
- Zoe Barnes. - Falei.
Ele esticou a mão, depois de uma eternidade me olhando, e apertou a minha.
- Daryl Dixon.Andávamos pela floresta, Daryl do meu lado, segurando a besta no ombro.
Eu colocara a flor no bolso da jaqueta, deixando as pétalas de fora.
- Então... Você nunca conheceu seu pai?
Neguei com a cabeça. - Não. Ele abandonou minha mãe antes de eu nascer.
Daryl assentiu. - Às vezes penso que seria bom o meu ter feito o mesmo. - Falou bem baixo.
- O quê?
Ele negou. - Nada não.
Decidi deixar quieto. Daryl já era distante o suficiente, não precisava de incentivo.
Ele deu de ombros. - Porque você ficou?
Respirei fundo, pensando. É, porque eu ficara?
- Bom... A prisão parece um lugar legal e seu grupo é fantástico. Além disso - Revirei os olhos. - O Loki adorou o Carl.
- Pffff. Ficou pelo cachorro?
Eu ri. - Ele tem sua opinião, sim.
- Misericórdia.
- Ah, qual é? Até parece que você é muito normal?
Ele me olhou. - Pelo menos não falo com cachorros.
Estreitei os olhos. - Ainda. O Loki gostou de você.
- Quer saber? Nem sei porque ainda estou aqui.
Assenti. - É, eu também gostaria de saber. Já que você me odeia.
Ele franziu o cenho. - Não odeio.
- Haha, ah tá.
- Só não confio, é diferente. Você surgiu sabe Deus de onde, armada em zumbi, atacando o Carl e entrando na prisão, com um cachorro enorme como guarda costas... Queria o quê? Uma noite de cantoria em redor da fogueira?
Tentei não rir, juro, mas não consegui e tive de rir na cara dele.
Daryl parou de andar e ficou me olhando, agora claramente me achando maluca.
- Eu também não confio em você, porque roubou minhas coisas, lembra? Além disso, não imagino você cantando coisa nenhuma. Deve ser horrível.
Daryl deu as costas e mudou de direção, avançando na direção da prisão.
Franzi o cenho. - Hey!
Corri atrás dele, conseguindo alcançá-lo mais na frente.
- Se mantém afastada, como antes, lá na prisão. É o melhor. - Disse ele.
Quase parei de andar e franzi o cenho.
- O quê? Só porque eu disse que você era péssimo cantor?
Daryl parou de andar e girou tão rápido que quase perdi o equilíbrio, se não fosse sua mão agarrar meu braço. Seus olhos encararam os meus.
- Acredita em mim, fica afastada.
Ele me soltou e se afastou.
Fiquei olhando as costas dele e neguei com a cabeça.
- Você é bipolar? - Gritei.Quando chegámos na prisão, Daryl sumiu e eu decidi viver como se nunca tivesse encontrado o caipira na floresta.
Loki correu na minha direção, latindo feito idiota e eu abaixei, fazendo carinho na sua cabeça.
- Se mantém afastado do Daryl, ele tem problemas de personalidade. - Falei, acariciando o cachorro.
- Aí Z, o que diabos você fez ao Dixon?
Ergui o olhar quando escutei a sua voz e sorri, levantando.
- Nada.
T-Dog riu. - Parecia que batera na cabeça dele com o bastão, sem querer.
Ri junto com ele. - Acho que o Daryl já nasceu esbravejando e com aquele ar dele. E sse eu batesse com o bastão, nunca que seria sem querer.
T-Dog tocou no meu ombro. - Gosto de você.
Assenti. - Só fiquei por sua causa, se quer saber.
Ele estreitou os olhos. - Sério? E eu achando que tinha sido por causa do Dixon e do condomínio de luxo que a gente tem aqui.
Pulei, e coloquei o braço em redor do seu pescoço, apertando.
- Cala a boca, T!
- Misericórdia, é como viver com crianças.
Pulei no chão e olhámos para o lado, vendo Daryl.
Encarei. - Não era para afastar? - Coloquei as mãos na cintura.
Daryl assentiu mas depois indicou os meus bolsos.
- Cadê os cigarros que achou no morto?
Eu ri e cruzei os braços sobre o peito.
- Sério? O que vai dar em troca?
Ele estreitou os olhos.
- Nada.
Dei de ombros e peguei o bastão, colocando no ombro.
- Nada feito.
Dei as costas, piscando o olho para T-Dog.
- Qual é, Barnes?! - Disse Daryl.
Girei e encarei Daryl. Se ele achava que podia vir bancar o bipolar para cima de mim, estava bem enganado.
Sorri e me aproximei, vendo ele se mexer, nervoso.
- Tira, tá aí. - Falei.
T-Dog, atrás de mim, riu feito louco quando percebeu em que bolso estavam os cigarros.
Daryl olhou ele.
- Ah, Daryl, a Z é mais esperta que você.
Suspirei. - Vai tirar ou não?
Daryl me olhou, depois para os bolsos dos meus jeans e deu as costas.
Sorri e olhei para o Loki.
- Loki!
O cachorro surgiu correndo e eu abaixei.
- Leva para o Daryl.
O cachorro pegou o pequeno pacote com cuidado e seguiu na direção do Dixon, que me olhou e aceitou a oferta do cachorro.
Encarei o Daryl. - Acho que deveria manter a distância, agora. - Falei, alto para que ele escutasse.
Ele ergueu a mão, mostrando o dedo do meio.
T-Dog colocou um braço sobre os meus ombros.
- Você vai ser a morte dele.
Olhei ele. - Daryl veio comigo na floresta, depois ficou estranho. Ele que perceba que eu não tenho tempo para isso, não. - Segurei a mão do T, por cima dos meus ombros. Era bom ter ele ali.
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Trust Me
FanfictionO fim do mundo muda as pessoas. Tendo essa regra como certa, Zoe sobrevive ao apocalipe zumbi tendo apenas como companhia, um cachorro que salvou da morte. Ela perdera a confiança nas pessoas depois de perder sua família... Pelo menos até achar um g...