6 - Daryl Dixon

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Respirei fundo, olhando aquele olho incrivelmente azul.
Assenti. - Deveria ter avisado.
Ele assentiu. - Só vi que era você quando cheguei perto o suficiente para ver esse cabelo vermelho.
Dei de ombros. - Tá, agora já viu. Pode ir.
Ele assentiu e deu as costas, se afastando.
Respirei fundo e fechei os olhos, me odiando. Depois abri novamente.
- Daryl.
Ele parou automaticamente, e girou, me olhando sério.
- Porque estava me seguindo?
Ele estreitou os olhos. - Não estava seguindo, eu estava apenas por aqui. Eu venho aqui às vezes, gosto da floresta, escutei esse seu andar de bisonte e resolvi ver o que era.
Eu ri. - Eu não tenho andar de bisonte. Eu sou silenciosa.
- Pffff. Poderia escutar você a dez estados de distância, no meio de uma cidade barulhenta que nem Atlanta. - Daryl falava, agitando o braço numa direção aleatória, acima da cabeça.
- Você é um caipira idiota, mesmo. Vai, me deixa aqui. Eu me viro com meu andar de bisonte, senhor perfeição.
Nesse momento, um pequeno grupo de zumbis apareceu, se aproximando.
Revirei os olhos.
- Era só o que faltava. - Rodei o bastão na mão.
Me aproximei deles mas vi Daryl do meu lado.
Bati com o bastão no primeiro zumbi e olhei Daryl.
- Eu sei me virar.
- São muitos. - Disse ele.
- Já enfrentei pior!
A gente falava enquanto matava zumbi, o que era ridículo para qualquer pessoa que visse isso de fora.
- Onde você aprendeu isso tudo? - Perguntou. - Porque patricinhas que nem você, não sabem usar armas e nem rastrear.
Abri a cabeça de um zumbi, fazendo o sangue sujar meu rosto.
- Não sou patricinha! E não tenho de explicar nada para você!
Parámos, olhando o grupo, todos mortos. Respirei fundo, sacudi o bastão e vi Daryl pegando as flechas.
Indiquei a besta. - E você? Onde arranjou isso?
Daryl me olhou por cima do ombro.
- Não tenho de explicar nada para você.
Sorri. Ele me devolvera minha resposta.
Suspirei, passando a mão pelo rosto e depois vi algo mais na frente e me aproximei.
Era uma flor, branca, com pétalas largas e um centro mais escuro. Sorri, era uma das minhas favoritas. Era uma...
- Cherokee Rose. - Disse Daryl atrás de mim.
Olhei ele e ele ergueu a mão. - Sabe o que significa?
Assenti. - Sei. É minha favorita. Meu padrasto costumava apanhar uma para mim, sempre que íamos na floresta. Todos os sábados.
Daryl passou por mim, pegou uma flor e eu quase temi que ele quebrasse ela com a sua mão enorme, mas não, ele foi incrivelmente delicado e pegou a flor sem danificar. Depois, olhando ela, girou na minha direção e me entregou.
Olhei ele e Daryl deu de ombros.
- Pode ser que ele esteja por aí, algures.
Peguei a flor e neguei com a cabeça.
- Não, ele virou. Eu matei ele, de vez. Mas obrigada.
- Lamento. - Disse ele.
Olhei ele e sorri, erguendo a mão para que ele apertasse, como se fosse a primeira vez que via ele, mas Daryl ficou me olhando como se eu fosse doida.
- Zoe Barnes. - Falei.
Ele esticou a mão, depois de uma eternidade me olhando, e apertou a minha.
- Daryl Dixon.

Andávamos pela floresta, Daryl do meu lado, segurando a besta no ombro.
Eu colocara a flor no bolso da jaqueta, deixando as pétalas de fora.
- Então... Você nunca conheceu seu pai?
Neguei com a cabeça. - Não. Ele abandonou minha mãe antes de eu nascer.
Daryl assentiu. - Às vezes penso que seria bom o meu ter feito o mesmo. - Falou bem baixo.
- O quê?
Ele negou. - Nada não.
Decidi deixar quieto. Daryl já era distante o suficiente, não precisava de incentivo.
Ele deu de ombros. - Porque você ficou?
Respirei fundo, pensando. É, porque eu ficara?
- Bom... A prisão parece um lugar legal e seu grupo é fantástico. Além disso - Revirei os olhos. - O Loki adorou o Carl.
- Pffff. Ficou pelo cachorro?
Eu ri. - Ele tem sua opinião, sim.
- Misericórdia.
- Ah, qual é? Até parece que você é muito normal?
Ele me olhou. - Pelo menos não falo com cachorros.
Estreitei os olhos. - Ainda. O Loki gostou de você.
- Quer saber? Nem sei porque ainda estou aqui.
Assenti. - É, eu também gostaria de saber. Já que você me odeia.
Ele franziu o cenho. - Não odeio.
- Haha, ah tá.
- Só não confio, é diferente. Você surgiu sabe Deus de onde, armada em zumbi, atacando o Carl e entrando na prisão, com um cachorro enorme como guarda costas... Queria o quê? Uma noite de cantoria em redor da fogueira?
Tentei não rir, juro, mas não consegui e tive de rir na cara dele.
Daryl parou de andar e ficou me olhando, agora claramente me achando maluca.
- Eu também não confio em você, porque roubou minhas coisas, lembra? Além disso, não imagino você cantando coisa nenhuma. Deve ser horrível.
Daryl deu as costas e mudou de direção, avançando na direção da prisão.
Franzi o cenho. - Hey!
Corri atrás dele, conseguindo alcançá-lo mais na frente.
- Se mantém afastada, como antes, lá na prisão. É o melhor. - Disse ele.
Quase parei de andar e franzi o cenho.
- O quê? Só porque eu disse que você era péssimo cantor?
Daryl parou de andar e girou tão rápido que quase perdi o equilíbrio, se não fosse sua mão agarrar meu braço. Seus olhos encararam os meus.
- Acredita em mim, fica afastada.
Ele me soltou e se afastou.
Fiquei olhando as costas dele e neguei com a cabeça.
- Você é bipolar? - Gritei.

Quando chegámos na prisão, Daryl sumiu e eu decidi viver como se nunca tivesse encontrado o caipira na floresta.
Loki correu na minha direção, latindo feito idiota e eu abaixei, fazendo carinho na sua cabeça.
- Se mantém afastado do Daryl, ele tem problemas de personalidade. - Falei, acariciando o cachorro.
- Aí Z, o que diabos você fez ao Dixon?
Ergui o olhar quando escutei a sua voz e sorri, levantando.
- Nada.
T-Dog riu. - Parecia que batera na cabeça dele com o bastão, sem querer.
Ri junto com ele. - Acho que o Daryl já nasceu esbravejando e com aquele ar dele. E sse eu batesse com o bastão, nunca que seria sem querer.
T-Dog tocou no meu ombro. - Gosto de você.
Assenti. - Só fiquei por sua causa, se quer saber.
Ele estreitou os olhos. - Sério? E eu achando que tinha sido por causa do Dixon e do condomínio de luxo que a gente tem aqui.
Pulei, e coloquei o braço em redor do seu pescoço, apertando.
- Cala a boca, T!
- Misericórdia, é como viver com crianças.
Pulei no chão e olhámos para o lado, vendo Daryl.
Encarei. - Não era para afastar? - Coloquei as mãos na cintura.
Daryl assentiu mas depois indicou os meus bolsos.
- Cadê os cigarros que achou no morto?
Eu ri e cruzei os braços sobre o peito.
- Sério? O que vai dar em troca?
Ele estreitou os olhos.
- Nada.
Dei de ombros e peguei o bastão, colocando no ombro.
- Nada feito.
Dei as costas, piscando o olho para T-Dog.
- Qual é, Barnes?! - Disse Daryl.
Girei e encarei Daryl. Se ele achava que podia vir bancar o bipolar para cima de mim, estava bem enganado.
Sorri e me aproximei, vendo ele se mexer, nervoso.
- Tira, tá aí. - Falei.
T-Dog, atrás de mim, riu feito louco quando percebeu em que bolso estavam os cigarros.
Daryl olhou ele.
- Ah, Daryl, a Z é mais esperta que você.
Suspirei. - Vai tirar ou não?
Daryl me olhou, depois para os bolsos dos meus jeans e deu as costas.
Sorri e olhei para o Loki.
- Loki!
O cachorro surgiu correndo e eu abaixei.
- Leva para o Daryl.
O cachorro pegou o pequeno pacote com cuidado e seguiu na direção do Dixon, que me olhou e aceitou a oferta do cachorro.
Encarei o Daryl. - Acho que deveria manter a distância, agora. - Falei, alto para que ele escutasse.
Ele ergueu a mão, mostrando o dedo do meio.
T-Dog colocou um braço sobre os meus ombros.
- Você vai ser a morte dele.
Olhei ele. - Daryl veio comigo na floresta, depois ficou estranho. Ele que perceba que eu não tenho tempo para isso, não. - Segurei a mão do T, por cima dos meus ombros. Era bom ter ele ali.

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