79 - Planos

168 21 6
                                    

Dias depois do sucedido, tudo parecia ter alcamado ao ponto de quase parecer normal novamente. Quase.

Lydia ficara em Hilltop. A garota não era bem vista pelos restantes membros da comunidade, mas parecia conseguir dar a volta por cima. Aliás, por muito que os adolescentes de Hilltop tentassem deixar Lydia para baixo, a garota ainda fazia eles sentirem medo dela, e ela sabia usar isso a seu favor.

No entretanto, Ezekiel trouxe de volta uma ideia antiga, organizar uma feira entre as comunidades, para que pudessem conviver e fazer trocas de coisas que cada uma produzia. Antes, a ideia fora descartada pelo perigo presente, mas agora, com tudo muito mais calmo, todos concordaram.

Eu queria acreditar que seria algo bom para as comunidades, mas ainda ficava de pé atrás com a ideia, por causa dos Sussurradores, mas Ezekiel parecia uma criança e planejava a feira á semanas...

- Partimos amanhã bem cedo. - Disse Tara, se aproximando, sorrindo e sentando junto de mim.

Ergui uma sobrancelha e sorri, negando com a cabeça e terminando de limpar o meu bastão.

Ela indicou ele com o queixo. - Vai trocar essa coisa?

Eu ri e girei ele. - Nunca.

Tara revirou os olhos. - Deus do céu.

Suspirei e depois olhei ela. - Acha que é uma boa ideia?

Tara deu de ombros. - Quer saber? Acho, acho sim. Não podemos viver presos aqui dentro por causa de um grupo de idiotas.

- Esses idiotas conseguem matar todo esse povo em segundos.

- Tá, senhora animação, mas se não o fizeram até agora... Acho que temos a possibilidade de fazer isso acontecer e dar certo.

Assenti, mordendo o lábio. - Talvez

- Vai dar certo. Rick iria querer isso, o Paul iria querer isso.

Abaixei o olhar, sentindo as lágrimas invadirem eles, mas segurei o choro. Falar dos meus amigos ainda era um assunto delicado. Depois ergui o olhar e sorri para Tara.

- Você tem razão.

Tara colocou um braço sobre os meus ombros. - Eu também sinto a falta deles. Todos eles.

Sorri e depois assenti.

Mais tarde, nesse mesmo dia, estava dentro do container médico, com Enid, e ela sorriu, girando a tela na minha direção, para que eu pudesse ver a imagem a preto e branco. Na verdade, eu não sabia o que estava olhando e nem o que era suposto olhar.

Enid entendeu o meu olhar perdido e sorriu. Pausou a imagem, tirou o pequeno aparelho de cima da minha barriga e suspirou. - Nada. Não tem nada aqui, Zoe.

Fechei os olhos e fiz uma prece silenciosa. Graças a Deus. Aquele não era o momento de ter filhos.

Abri os olhos e encarei a garota. - Tem certeza?

Ela indicou uma parte da imagem, com o dedo. - Todo esse espaço estaria preenchido se tivesse um bebê aqui, não tem nada.

Assenti e puxei a blusa para baixo, sentando em seguida. - Obrigada.

Ela desligou o aparelho de ultrassom e assentiu. - Sempre que precisar. Siddiq é um ótimo professor, e eu saberei identificar se algum dia você tiver um sobrinho para mim, aí dentro.

Revirei os olhos e pulei da cama. - Não fala com ninguém.

- Falou com o Daryl?

Assenti e passei a mão pela testa.

- Falei. Quase matei ele do coração. - Bati no seu ombro, devagar. - Valeu, Enid.

Saí e logo Daryl se aproximou. Percebi que ele estava nervoso e ele mordia o lábio, confirmando isso mesmo.

- E aí? - Seu olhar baixou até á minha barriga e depois de novo nos meus olhos.

Sorri. - Nada. Somos só nós dois, ainda.

Ele, literalmente, suspirou de alívio. - Ainda bem.

Mas depois algo chamou minha atenção no seu olhar. Franzi o cenho. - Não era o que você queria?

Daryl assentiu. - Claro.

- Daryl...

Ele deu de ombros. - Ah, seria legal... Mas não agora. - Me deu um abraço rápido e depois assentiu. - Me ajuda a carregar as últimas coisas? Agora sabemos que pode.

Eu ri e empurrei ele, mas segui o caipira até á carroça que iriamos levar para o Reino, onde algumas pessoas já colocavam as coisas para fazer a feira.

DJ, o ex-Salvador, me sorriu e eu sorri de volta.

Ajudei eles a carregar caixas e diversas coisas, até o anoitecer. Depois demos por terminado o serviço para aquele dia.

Os vigias se colocaram no topo dos muros, trocando de lugar entre si, para passar a noite.

Lydia se aproximou de mim, com os braços em redor do corpo, olhando em volta, e depois me sorrindo.

Sorri de volta. - E aí, garota?

- Acha boa ideia eu ir junto, amanhã? Porque... Bom... Eu não sou a pessoa mais indicada para...

- Pode parar. Você vai sim, e quem não estiver contente com isso pode ficar aqui. Quem não gostar de ver você lá, pode virar as costas e simplesmente ir embora. Você é uma de nós, agora.

Lydia assentiu. - Tá.

Sorri e puxei a garota para um abraço.

Nesse momento, uma mulher loira se aproximou de nós.

- Zoe?

Soltei Lydia e olhei ela, que me sorria de forma simpática.

- Sim?

Ela se aproximou e ergueu a mão, onde segurava algo pequeno, redondo e escuro.

Peguei e fiquei analisando, girando nos meus dedos. Parecia uma moeda, mas feita de madeira, com detalhes incríveis. Olhei ela.

- Eu e meu marido fizemos várias dessas. - Riu de forma nervosa. - Estávamos pensando em levar para a feira, como uma espécie de moeda, entende? Não tem valor, claro, mas para dar a ideia de uma feira de verdade, com dinheiro "do novo mundo".

Sorri e assenti. - Gostei da ideia.

- Sério?

- Uhum. Posso ficar com essa? Vou mostrar para a Tara.

- Claro. - A mulher sorriu, animada. - Pensei que fosse achar a ideia ridícula.

Neguei. - Estamos tentando nos reerguer, certo? Faz todo o sentido.

- Obrigada, Zoe. De verdade. - Ela tocou na minha mão. - Temos sorte em ter você. - E se afastou.

Fiquei sem saber o que dizer. Ainda não me sentia confortável quando as pessoas faziam elogios daquele tipo.

Senti a mão de Lydia batendo no meu ombro e olhei ela, que sorria.

- A rebelde Zoe Barnes ficou sem jeito?

- Ah cala a boca, garota zumbi. Vem, vamos achar a Tara.

Trust MeOnde histórias criam vida. Descubra agora