- Cheguei! - Gritou uma voz vinda da porta da frente.
Escutei passos pesados e sobe exatamente quem era, mesmo que não tivesse reconhecido a voz.
- Barnes! - Gritou ele.
Saí de dentro de uma das salas e encarei ele.
- Quer parar de gritar? Não sou surda.
Ele ignorou o que eu disse e seguiu na direção da cozinha, colocando um coelho morto sobre a mesa.
Me aproximei e passei a ponta dos dedos sobre o pelo cinza dele. Daryl me olhou como se eu fosse louca.
- O que foi? - Perguntei. - Eu gosto de coelhos, são fofos. Vai dizer que nunca imaginou essas fofuras correndo, com um par de óculos na ponta do nariz, um relógio na mão e gritando: " é tarde! É tarde!"
Ele fez uma careta. - Não. Porque deveria? Coelhos não falam e nem usam esses negócios aí.
- Nunca viu o filme da Alice?
Daryl me deu as costas, colocando a besta no chão. - Sei nem de quem está falando.
Revirei os olhos e fui até o armário, retirando um monte de temperos que achara.
Daryl assentiu, abrindo o coelho. - Ótimo.
Nessa noite, Daryl estava sentado na minha frente, depois de terminarmos o coelho, enquanto eu falava sem parar. Ele permanecia calado, apenas me escutando e soltando um "hum" ocasionalmente.
Eu continuava achando incrível a forma como eu me sentia tão bem perto dele.
Levantei depois de um tempo, e Daryl franziu o cenho.
- Vai onde?
Sorri. - Esticar as pernas. Estarei na rua, se precisar.
Saí da cozinha e segui na direção da porta, abrindo, mas quando abri, vários rostos podres olharam na minha direção, erguendo os braços e se lançando sobre a porta.
Fechei, mas alguns braços impediam a porta de fechar, então eu tive de segurar.
- Daryl! - Chamei.
Ele apareceu correndo, segurando a besta e parou assim que me viu, correndo depois para mim, tirando a faca do cinto e espetando em algumas cabeças que já surgiam do lado de dentro da porta.
- O que aconteceu?
- Não sei, eles estavam todos lá fora!
Daryl olhou a porta e depois para trás, olhando de novo para mim.
- Se afasta, eu cuido disso.
Neguei. - Nem pensar!
Daryl segurou o meu braço e me olhou.
- Sai daqui! Pula pela janela, eu vou distrair eles, depois saio e encontro você lá fora.
- Isso é uma burrice enorme! - Falei.
- Zoe, sai daqui! Agora!
Fiquei olhando ele e depois olhei a porta.
- Eu te encontro. - Disse Daryl.
Inclinei a cabeça para o lado. - Daryl...
- Prometo. Agora vai, sai daqui! Entra na floresta, depois a gente regressa. Vai!
Respirei fundo, peguei o bastão e me afastei, correndo na direção da janela, vendo Daryl dar balanço e se afastar da porta, deixando os mortos entrarem.
Pulei e levantei, segurando o bastão e correndo na direção da floresta, tal como Daryl falara, mas alguns dos mortos que estavam junto da estrada, começaram a me seguir.
- Oh merda. - Falei. - Merda, merda, merda!
Corri, me afastando cada vez mais da casa. Senti o ramo de uma árvore batendo no meu rosto, fazendo doer tanto quanto uma queimadura, mas continuei.
Mais na frente, quando coloquei o pé no chão, percebi que não tinha chão, mas sim um buraco e acabei caindo, batendo com a cabeça no chão.
- Au. - Falei, fechando os olhos.
Um zumbi caiu sobre mim, me pegando de surpresa, e segurei ele, tentando afastar do meu rosto enquanto minhas mãos procuravam a minha faca. Assim que meus dedos acharam o cabo, peguei e espetei a cabeça dele, sentindo aquele corpo podre, com um cheiro nauseabundo, caindo sobre mim.
Fechei oss olhos, fazendo careta de dor, e depois senti que estava perdendo os sentidos... Só esperava que Daryl me achasse.
Depois disso, desse pequeno pensamento de esperança, perdi completamente os sentidos.
Daryl:
- Zoe!
Daryl conseguiu sair da casa, mas a ruiva não estava por ali.
Ele mandara ela ir na floresta, certo?
De repente, um carro surgiu na estrada, seguindo demasiado rápido e Daryl se escondeu, mas viu algo no vidro de trás que fez ele se arrepiar.
Era Beth!
- Beth!
Daryl correu atrás do carro negro, com cruzes brancas no vidro de trás, mas eles iam demasiado rápido e Daryl teve de parar. Nunca iria conseguir.
E depois tinha a Zoe.
O caçador olhou na direção do carro, depois na direção da floresta e respirou fundo, começando a correr para o meio das árvores.
- Zoe! - Gritou, mas ninguém respondeu.
Estava escuro, apesar da lua, e tinha vários corpos mortos por ali, o que indicava que Zoe tinha seguido naquela direção.
- Zoe! - Gritou de novo. - Barnes!
Nada. Ninguém falou, respondendo ao seu chamado.
Ele parou, olhando em volta, e depois regressou na estrada, olhando para os lados.
- Zoe! - Gritou uma última vez.
Seria possível que as pessoas que levaram a Beth, tivessem achado a Zoe e levado ela também? Era isso? Zoe sumira, juntamente com Beth?
Ou ela estaria por ali? Poderia ter se machucado, ou pior! Ter sido pega por zumbis.
Não. A Zoe não se deixaria pegar, ela era esperta.
De repente, Daryl percebeu que estava sozinho. Não protegeu o grupo na prisão e agora não protegera a Zoe. E ele sabia que ela não queria ficar sozinha. Entendera que isso era um problema para ela e foi exatamente isso que aconteceu, ele deixara ela sozinha. Ele prometera e deixara ela ficar sozinha.
Daryl andou toda a noite e quando amanheceu, sentou no chão, chorando. Nunca mais iria encontrar a ruiva.
Ele falhara até com ela.
Escutou barulho e levantou, erguendo a besta, ao mesmo tempo que um grupo de homens saía da floresta e o cercavam, mas Daryl manteve sua mira naquele que parecia ser o líder.
Sua mente continuava focada em Zoe, e no seu desaparecimento, entorpecida para conseguir pensar em outra coisa, mas se esforçou por dar toda a sua atenção para aquele grupo.
Ele iria matá-los se precisasse.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Trust Me
FanfictionO fim do mundo muda as pessoas. Tendo essa regra como certa, Zoe sobrevive ao apocalipe zumbi tendo apenas como companhia, um cachorro que salvou da morte. Ela perdera a confiança nas pessoas depois de perder sua família... Pelo menos até achar um g...