31 - Promessas

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- Cheguei! - Gritou uma voz vinda da porta da frente.

Escutei passos pesados e sobe exatamente quem era, mesmo que não tivesse reconhecido a voz.

- Barnes! - Gritou ele.

Saí de dentro de uma das salas e encarei ele.

- Quer parar de gritar? Não sou surda.

Ele ignorou o que eu disse e seguiu na direção da cozinha, colocando um coelho morto sobre a mesa.

Me aproximei e passei a ponta dos dedos sobre o pelo cinza dele. Daryl me olhou como se eu fosse louca.

- O que foi? - Perguntei. - Eu gosto de coelhos, são fofos. Vai dizer que nunca imaginou essas fofuras correndo, com um par de óculos na ponta do nariz, um relógio na mão e gritando: " é tarde! É tarde!"

Ele fez uma careta. - Não. Porque deveria? Coelhos não falam e nem usam esses negócios aí.

- Nunca viu o filme da Alice?

Daryl me deu as costas, colocando a besta no chão. - Sei nem de quem está falando.

Revirei os olhos e fui até o armário, retirando um monte de temperos que achara.

Daryl assentiu, abrindo o coelho. - Ótimo.

Nessa noite, Daryl estava sentado na minha frente, depois de terminarmos o coelho, enquanto eu falava sem parar. Ele permanecia calado, apenas me escutando e soltando um "hum" ocasionalmente.

Eu continuava achando incrível a forma como eu me sentia tão bem perto dele.

Levantei depois de um tempo, e Daryl franziu o cenho.

- Vai onde?

Sorri. - Esticar as pernas. Estarei na rua, se precisar.

Saí da cozinha e segui na direção da porta, abrindo, mas quando abri, vários rostos podres olharam na minha direção, erguendo os braços e se lançando sobre a porta.

Fechei, mas alguns braços impediam a porta de fechar, então eu tive de segurar.

- Daryl! - Chamei.

Ele apareceu correndo, segurando a besta e parou assim que me viu, correndo depois para mim, tirando a faca do cinto e espetando em algumas cabeças que já surgiam do lado de dentro da porta.

- O que aconteceu?

- Não sei, eles estavam todos lá fora!

Daryl olhou a porta e depois para trás, olhando de novo para mim.

- Se afasta, eu cuido disso.

Neguei. - Nem pensar!

Daryl segurou o meu braço e me olhou.

- Sai daqui! Pula pela janela, eu vou distrair eles, depois saio e encontro você lá fora.

- Isso é uma burrice enorme! - Falei.

- Zoe, sai daqui! Agora!

Fiquei olhando ele e depois olhei a porta.

- Eu te encontro. - Disse Daryl.

Inclinei a cabeça para o lado. - Daryl...

- Prometo. Agora vai, sai daqui! Entra na floresta, depois a gente regressa. Vai!

Respirei fundo, peguei o bastão e me afastei, correndo na direção da janela, vendo Daryl dar balanço e se afastar da porta, deixando os mortos entrarem.

Pulei e levantei, segurando o bastão e correndo na direção da floresta, tal como Daryl falara, mas alguns dos mortos que estavam junto da estrada, começaram a me seguir.

- Oh merda. - Falei. - Merda, merda, merda!

Corri, me afastando cada vez mais da casa. Senti o ramo de uma árvore batendo no meu rosto, fazendo doer tanto quanto uma queimadura, mas continuei.

Mais na frente, quando coloquei o pé no chão, percebi que não tinha chão, mas sim um buraco e acabei caindo, batendo com a cabeça no chão.

- Au. - Falei, fechando os olhos.

Um zumbi caiu sobre mim, me pegando de surpresa, e segurei ele, tentando afastar do meu rosto enquanto minhas mãos procuravam a minha faca. Assim que meus dedos acharam o cabo, peguei e espetei a cabeça dele, sentindo aquele corpo podre, com um cheiro nauseabundo, caindo sobre mim.

Fechei oss olhos, fazendo careta de dor, e depois senti que estava perdendo os sentidos... Só esperava que Daryl me achasse.

Depois disso, desse pequeno pensamento de esperança, perdi completamente os sentidos.

Daryl:

- Zoe!

Daryl conseguiu sair da casa, mas a ruiva não estava por ali.

Ele mandara ela ir na floresta, certo?

De repente, um carro surgiu na estrada, seguindo demasiado rápido e Daryl se escondeu, mas viu algo no vidro de trás que fez ele se arrepiar.

Era Beth!

- Beth!

Daryl correu atrás do carro negro, com cruzes brancas no vidro de trás, mas eles iam demasiado rápido e Daryl teve de parar. Nunca iria conseguir.

E depois tinha a Zoe.

O caçador olhou na direção do carro, depois na direção da floresta e respirou fundo, começando a correr para o meio das árvores.

- Zoe! - Gritou, mas ninguém respondeu.

Estava escuro, apesar da lua, e tinha vários corpos mortos por ali, o que indicava que Zoe tinha seguido naquela direção.

- Zoe! - Gritou de novo. - Barnes!

Nada. Ninguém falou, respondendo ao seu chamado.

Ele parou, olhando em volta, e depois regressou na estrada, olhando para os lados.

- Zoe! - Gritou uma última vez.

Seria possível que as pessoas que levaram a Beth, tivessem achado a Zoe e levado ela também? Era isso? Zoe sumira, juntamente com Beth?

Ou ela estaria por ali? Poderia ter se machucado, ou pior! Ter sido pega por zumbis.

Não. A Zoe não se deixaria pegar, ela era esperta.

De repente, Daryl percebeu que estava sozinho. Não protegeu o grupo na prisão e agora não protegera a Zoe. E ele sabia que ela não queria ficar sozinha. Entendera que isso era um problema para ela e foi exatamente isso que aconteceu, ele deixara ela sozinha. Ele prometera e deixara ela ficar sozinha.

Daryl andou toda a noite e quando amanheceu, sentou no chão, chorando. Nunca mais iria encontrar a ruiva.

Ele falhara até com ela.

Escutou barulho e levantou, erguendo a besta, ao mesmo tempo que um grupo de homens saía da floresta e o cercavam, mas Daryl manteve sua mira naquele que parecia ser o líder.

Sua mente continuava focada em Zoe, e no seu desaparecimento, entorpecida para conseguir pensar em outra coisa, mas se esforçou por dar toda a sua atenção para aquele grupo.

Ele iria matá-los se precisasse.

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