63 - Precisamos Disso

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Rick e os outros iriam regressar a Hilltop, já que Ezekiel não iria de todo lutar.

O Reino deu proteção para mim e Daryl, e sendo assim, iríamos ficar, mesmo que Daryl quisesse seguir com o nosso grupo.

Dias depois, eu estava sentada na frente de uma das mesas, com um pedaço enorme de papel aberto sobre a mesma, na minha frente, um lápis na mão e roendo uma cenoura. Segurei ela com os dentes e escrevi algumas palavras no papel, junto de uns desenhos que eu já fizera.

- O que você está fazendo?

Ergui o olhar e vi o Rei na minha frente. Eles tinham acabado de perder o irmão do pequeno Henry, e ainda era visível a dor no olhar dele.

Suspirei e ele sentou na minha frente.

Virei o papel e indiquei os desenhos com o lápis.

- Isso é o Santuário, desenhei cada canto, cada coisa que eu lembro daquele lugar. - Indiquei o outro desenho. - Isso é Alexandria. Imagina que o Negan decide atacar eles, com a quantidade de pessoas certas, é possível fazer um ataque surpresa por esse lado daqui. - Olhei o Rei. - Negan tem homens e armas, mas ele fica um pouco desatento quando o assunto é o Rick. Então, no caso de um ataque, eu acho que, se ele não souber desse ponto aqui, ele nem vai vigiar.

Olhei o Rei novamente e foi quando percebi que Jerry e Daniel estavam ali também, me olhando.

Jerry sorriu. - Gosto bastante dela, senhor.

Sorri e encarei o Rei. - Com o pessoal do Reino e Hilltop, é possível derrubar os Salvadores.

Ezekiel ficou olhando o papel por uma eternidade e depois me olhou.

- São vidas, Barnes.

Assenti. - O irmão do Henry também era uma dessas vidas, Ezekiel.

Ele estremeceu e fechou os olhos, levantando e saindo dali.

Suspirei.

- Ele vai pensar sobre. - Disse Jerry. - Confia em mim. Já pensou em liderar?

- Pffff. - Revirei os olhos.

Percebi alguém nos observando e percebi ser Carol, que me fez sinal para ir até ela.

Carol me levou para um jardim do qual eu nem sabia a existência.

- Daryl foi embora.

Meu coração bateu de forma muito rápida e senti uma tontura.

- O quê?

- Foi para Alexandria. Pediu para eu não deixar você segui-lo. Rick falou com ele, pelo rádio, vão atacar o Santuário.

Passei a mão pelo cabelo e me afastei.

- Isso é suicidio!

Senti a mão da Carol no meu braço e olhei ela.

- Não adianta você ir.

Franzi o cenho e sacudi a mão dela.

- Não... Não adianta?! Sabe o que o Negan vai fazer com o Daryl se pegar ele de novo?! Sabe do que ele é capaz, sequer?!

- Zoe...

- Eu perdi a minha família uma vez, agora perdi meus amigos, não vou deixar o Rick fazer o Negan tirar mais nada de mim! - Suspirei. - Eles estão mortos, Carol. Mortos!

- Eu sei, é por isso que preciso de você!

Fiquei confusa e balancei a cabeça. - O quê?

Carol suspirou.

- Eles mataram uma pessoa especial, uma criança. Isso tem de parar. Ezekiel tem medo de condenar essas pessoas á morte, levando elas para uma luta, mas nós precisamos lutar.

Fiquei olhando ela e depois mordi o lábio, assentindo.

- Você é a única que entende. - Disse ela. - Você me entende.

Fechei os olhos e assenti, abrindo de novo. - O que quer que eu faça?

- Me ajuda a convencer o Rei. Precisamos disso.

Olhei em volta. - É arriscado, os guerreiros podem não concordar.

Carol assentiu. - Eu sei, mas até eles estão cansados de viver sob a ameaça do Negan. - Ela esticou a mão para mim, com as lágrimas no olhar. - Me ajuda, por favor?

Fiquei olhando ela, mas depois segurei a sua mão e assenti.

- Pode contar comigo.

Ela me sorriu.

Convencer o Rei não foi fácil e eu estava quase perdendo a paciência, que era cada vez menos, e comecei andando de um lado para o outro na sala grande, enquanto Carol falava com ele.

Passei a mão pelo cabelo e depois parei e encarei eles.

- Ele tem pessoas dentro do Santuário que nem querem estar ali. - Falei, chamando a atenção deles. - Pessoas têm de trabalhar por pontos para terem comida, medicamentos... Tem mulheres grávidas, idosos... E existe um grupo de mulheres que ele chama de Esposas, que só vivem para dormir com ele. Os maridos, a famila, delas vivem no Santuário, mas nada podem fazer. Elas são obrigadas a dormir com ele, quando ele quer.

Ergui as mãos, balançando a cabeça, e dei as costas para eles, me afastando do palco mas girando e regressando novamente.

- Ele não vai parar! Negan só vai piorar as coisas. Vai matar de novo só para mostrar que continua no comando! - Encarei o Rei. - Eu vivi um inferno naquele lugar, eu e o Daryl. Eu perdi meus dois melhores amigos, Negan ameaçou o filho do Rick... Ele matou um adolescente, em Hilltop, só para ser respeitado e temido. - Dei um passo em frente. - Ele não vai parar.

Jerry, de pé junto do Rei, me olhou como se estivesse orgulhoso. Daniel, do seu lado, me sorriu. Carol prendeu a respiração. Mas meu olhar estava no Rei.

Depois de um tempo, ele respirou fundo e me olhou.

- Você morreria pelo seu grupo, não era?

Assenti. - Todos os dias.

Ele assentiu. - Zoe Barnes Dixon, aceita levar e lutar com o pessoal do Reino, junto comigo?

Abri muito os olhos. Ele aceitara?

Carol estava tão surpresa quanto eu.

- Partimos quando quiser. - Respondi.

Ezekiel assentiu. - Iremos ajudar o Rick, mas faremos sem eles saberem.

Jerry, Daniel e o próprio Rei me sorriram, perante meu olhar confuso.

Ezekiel se inclinou na frente, apoindo um cotovelo no joelho. - Ainda tem aquele papel?

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