Nada do que a gente já vivera nos tinha prepardo para esse momento. Absolutamente nada.
Rick saíra, a cavalo, para tentar levar a enorme horda em outra direção, á semelhança que fizeramos antes em Alexandria. Mas dessa vez, ele seguia sozinho.
Fiquei com Daryl e os outros, tirando todo mundo dali, bem como os recursos que eram importantes e que seriam destruídos caso a horda chegasse até ali. Maggie estava com a gente, garantindo o bem do seu pessoal.
Olhei em redor, perdida em meus pensamentos e foi quando senti a mão dele no meu ombro. Respirei fundo.
- Está demorando. - Falei.
Daryl olhou em frente. - É uma horda, talvez ele tenha decidido levar eles mais para longe.
Assenti, mordendo o lábio.
Mas nós não sabíamos o tamanho do nosso engano.
Rick estava mais próximo do que imaginávamos e, quando corremos pelas árvores e vi ele no cimo daquela ponte, meu coração parou. Ele estava coberto de sangue, andando de um jeito difícil e parecendo estranho, como se sua mente estivesse cá e lá.
- Rick! - Gritou Michonne, atrás de mim.
Daryl tirou a besta dos ombros e ergueu, mirando alguns zumbis que seguiam o líder e atirando.
Rick percebeu e girou a cabeça, procurando, até que viu a gente e sorriu.
- Temos de ajudá-lo! - Disse Maggie.
Apertei o bastão na minha mão e corri, ignorando os gritos de Daryl. Ainda ergui a mão e mandei todos ficarem ali e não me seguirem. Corri o mais que consegui, querendo chegar na ponte o mais rápido possível.
Tinha dois zumbis vindo desse lado, atraídos pelo barulho, e acertei nas suas cabeças, continuando a correr.
- Rick! - Gritei.
Sem me importar com mais nada, larguei o bastão no chão e peguei uma das minhas armas, erguendo ela e atirando nos zumbis em redor do Grimes, enquanto Daryl fazia o mesmo, mais abaixo.
Rick me olhou e me sorriu.
- Eu os encontrei.
Franzi o cenho. O que diabos ele estava falando? Assenti.
- É, encontrou. Agora vamos sair daqui! - Gritei.
Mas Rick parecia meio estranho e olhou para trás, para os mortos, e depois de novo para mim. Vi ele olhar os explosivos no meio da ponte e percebi o que ele iria fazer.
- Rick, não! - Comecei a correr novamente, querendo chegar no Grimes e mais uma vez, ele me sorriu.
Eu não escutei ele, mas consegui perceber o que seus lábios haviam dito "eu os encontrei". Depois disso, uma explosão rebentou a ponte e me fez voar para trás, caindo de costas no chão e sentindo minha perna se espetando em um dos espigões do meu bastão. Bati com a cabeça e fechei os olhos.
Escutava o som de coisas caíndo, queimando, o cheiro de zumbis queimados... Abri os olhos com dificuldade e percebi que estava chorando.
Rick explodira a ponte. Ele se sacrificara. E agora Judith? A menina já tinha perdido a mãe, o irmão...
Escutei gritos e percebi serem da Michonne.
Fechei os olhos. Já não sentia mais dor, apesar de sentir as lágrimas caíndo pelo meu rosto.
Minha mente parecia envolta em névoa, algo entre o cinza e o branco... Acho que a ultima coisa que escutei, para além do ruido da ponte, foi Daryl gritando o meu nome...
Semanas depois...
- Quando vou ter meu filho de volta?
Olhei para trás e sorri, vendo Maggie se aproximando e sentando junto de nós.
Eu estava na rua, com o pequeno Hershel. Estávamos em Hilltop, que era o local para onde eu havia sido levada depois da explosão, para recuperar. Todos os outros haviam regressado a Alexandria, menos eu e Daryl e, claro, Enid.
- Esse menino é muito fofo. - Falei, erguendo ele. - Dá vontade de colocar numa caixa e guardar para sempre.
Maggie riu. - Deveria fazer um.
Olhei ela e franzi o cenho. - Não. Minha opinião em relação a esse assunto ainda continua a mesma. E o Daryl sabe.
Maggie respirou fundo e tocou no rosto do filho. - São a melhor parte.
Assenti. - Eu sei. Mas... Se não for pelo mundo em que vivemos, olha o que aconteceu até agora. - Olhei ela. - Desculpa, eu sei que dói. Mas olha o Glenn, o Rick... - Neguei. - Eu não sou tão forte assim, que nem você e a Michonne. Eu não iria conseguir.
Maggie sorriu. - Você é mais forte do que todos que eu já conheci. Só não sabe. E não pode pensar dessa forma. Eu perdi o meu marido, sim, por causa de um lunático, mas olha o Hershel. Não poderia ter pedido presente melhor.
Sorri, entendendo.
- Eu sei. Mas mesmo assim, eu não quero arriscar. Desde o começo dessa merda de apocalipse, eu vivo perdendo pessoas. Não dá.
Mais tarde, depois de ter entregue Hershel para Maggie, caminhei por Hilltop. Passei pelos estábulos, acariciando os cavalos, andei pela frente da casa grande... Até que Jesus surgiu na minha frente.
- Vejo que melhorou bastante. - Indicou a minha perna.
Revirei os olhos. - Enid é incrível.
Ele assentiu. - Mas e você? Como você está?
Respirei fundo. - Muito melhor se parassem de me fazer essa pergunta.
Ele riu e depois cruzou os braços sobre o peito. - Vai regressar? Para Alexandria?
- Talvez. - Assenti. - Talvez vá, sim.
Paul ficou me olhando e depois deu de ombros, deixando os braços para baixo.
- Posso?
Franzi o cenho. - Pode o quê?
Ele se aproximou e me apertou em um abraço. No início, fiquei muito desconfortável com tudo aquilo, mas depois fechei os olhos, escondi o rosto no seu ombro e abracei ele de volta.
Toda a dor surgiu, de repente, e se abateu sobre mim. A perda dos nossos amigos, tudo. E eu nem sabia que estava precisando de um abraço assim. Respirei fundo e depois me afastei e vi Paul me sorrindo.
- Melhor?
Sorri e assenti. - Melhor. Obrigada, Paul.
Ele assentiu. - Sabe onde me encontrar se precisar.
Rimos e nesse momento, Daryl apareceu, se aproximando. Todos os dias ele saía, e todos os dias ele regressava a casa, falando que só não ficava na floresta por causa da minha recuperação. Nesse dia, ele se aproximou, beijou a minha cabeça e assentiu uma vez para Paul.
- Cabeludo. - Depois olhou para mim. - E aí?
Sorri e coloquei as mãos no seu peito. Respirei fundo.
- Eu te ajudo.
Daryl entendeu as minhas palavras e assentiu uma vez, sem parar de me olhar e depois se aproximou um pouco mais.
- Tem certeza?
Assenti. - Estou pronta, Daryl. Se ele estiver por aí, vamos achá-lo. E precisamos regressar a casa.
Daryl concordou. - Um dia.
Assenti. - Um dia.
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Trust Me
FanfictionO fim do mundo muda as pessoas. Tendo essa regra como certa, Zoe sobrevive ao apocalipe zumbi tendo apenas como companhia, um cachorro que salvou da morte. Ela perdera a confiança nas pessoas depois de perder sua família... Pelo menos até achar um g...