26 - Apenas Uma Amiga

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Daryl:

Ele se aproximou do vidro que separava o que outrora fora a sala de execução, da plateia. Hershel já se encontrava do outro lado e, mais afastada, debruçada sobre uma mesa, estava Zoe, com luvas nas mãos e escrevendo algo em um papel.

Daryl franziu o cenho, porque ela estava de luvas, ali?

- Já tem a lista? - Perguntou.

Hershel indicou Zoe. - Ela está copiando, porque diz que você não vai entender a minha letra.

- E não iria, mesmo. - Disse Zoe, mais afastada, tossindo um pouco e com a voz arrastada.

Daryl franziu o cenho e olhou Hershel, que o olhou de volta, mas havia algo no seu olhar, como um aviso e um "lamento".

Eles iriam buscar remédios, depois de Hershel falar que todos precisavam de ser tratados ou morreriam.

Assim que Herhsel ia falar, Zoe levantou e se aproximou do vidro. Daryl viu que seus olhos estavam vermelhos, seus lábios sem cor, sua pele quase tão branca quanto fantasma...

Ela entregou o papel a Hershel, que já estava com um lenço sobre o rosto.

O coração de Daryl parou. Zoe estava doente.

- Aqui, precisamos disso. - Disse Hershel. - Vou passar pela porta.

Daryl continuava de olhos fixos na garota, sua pele contrastando imensamente com o cabelo vermelho, dando a ela um ar fantasmagórico.

- Zoe...

Ela sorriu e ergueu as mãos. - Eu fico bem. Só... - Tossiu de novo. - Não demorem, isso é horrível. - Olhou Hershel. - Vou indo. - E saiu.

Hershel olhou Daryl, que mantinha seu olhar na porta por onde Zoe saíra.

- Ela está um farrapo. - Disse Hershel. - Mas mesmo assim, não pára de ajudar todo o mundo. Ela falou que, já que está doente, pode cuidar dos que estão piores, porque já pegou o mal que eles têm.

Daryl baixou o olhar para ele. - Errada não tá, mas...

- Vai lá, pega os remédios, eu mantenho ela viva. Prometo.

Daryl olhou ele e Hershel sorriu.

- Ela não é só uma amiga, é?

Daryl ficou olhando ele e não respondeu, se dirigindo na porta, pegando a lista e olhando o médico, erguendo a mão e acenando.

Quando deu as costas e saiu dali, Daryl percebeu que seu coração batia demasiado rápido e que suas mãos tremiam de nervoso.

Parou no meio do corredor vazio e fechou os olhos. Como ela fora adoecer? Justo ela!

Daryl se importava, a Zoe era diferente do resto do mundo e conhecia o mundo onde ele crescera, ela fazia parte desse universo, sabia como era ser um caipira. Ela entendia e se preocupava de verdade, até mesmo com o Merle, ela odiava ele, mas respeitava o facto de ele ser irmão dele.

Não que isso significasse que ele gostava dela a um nível maior do que amizade, mas pessoas como ela eram raras. Ela era como ele, mas em uma versão melhorada e não podia morrer.

Zoe estava doente. Poderia morrer se ele não chegasse a tempo. Depois sorriu fraco, mesmo assim, ela não parava quieta no lugar.

Parou junto do carro e Michonne franziu o cenho, olhando a prisão e depois para ele novamente.

- Cadê a Z?

Daryl olhou ela. - A Z pegou a doença.

- O quê? Oh meu Deus...

- Vamos, temos remédios para achar! - Daryl entrou no carro, querendo sair dali o mais rapidamente possível.

Horas depois...

Zoe:

Minha cabeça parecia que ia explodir. Meu peito doía de tanta tosse.

Deitei na cama e fechei os olhos. Só queria sumir dali. Ou então que Daryl e os outros regressassem rapidamente.

Acho que minha febre estava alta demais, porque escutei som de zumbi. Sorri. Eu estava delirando. Essa febre era pior do que drogas.

Escutei sinal de luta, mas permaneci ali. Queria dormir. Depois, devagarinho, meu cérebro começou a perceber que os sons vinham da cela do lado... e nessa cela, estava Glenn, que também pegara aquela estranha doença.

Abri os olhos. - Não.... - Falei.

Tentei sair da cama, mas acabei caindo, e fechei os olhos de dor. Todo meu corpo doía. Tentei levantar, mas fui me arrastando até á porta.

- Hersh! - Minha voz saiu como um sussurro, quando eu estava tentando gritar.

Segurei na beira e me ergui, apoiando o corpo na parede e saindo, andando na direção da cela do Glenn.

Forcei meus olhos a abrirem e entrei, vendo que tinha mesmo um zumbi ali, mas que o coreano estava pior do que eu, coberto de sangue.

O morto ia matar ele.

Tirei a faca do cinto e olhei o zumbi.

- Oh bonitinho...

Ele avançou sobre mim e caímos no chão, com ele tentando me morder. Tentei segurar ele, mas minhas forças estavam me abandonando e sentia seu rosto cada vez mais perto do meu

Era o fim. Eu ia morrer. Então, do nada, perdi as forças completamente e senti o zumbi fazendo força para baixo...

Hershel:

Ele já estava junto da porta, quando viu Daryl correndo pelo corredor, segurando uma mochila, que entregou a ele.

- Tudo aí. - Falou. - A Zoe?

Hershel olhou ele. - Piorou nas últimas horas, mas deixei ela na cama.

- Hershel...

- Eu sei, não se preocupa.

Daryl colocou a mão na porta. - Me deixa ajudar.

Hershel negou. - Não. Eu já tenho a Zoe, a Sasha e o Glenn, aqui, todos doentes. Não, você fica aí e seja útil desse lado.

- O Glenn?

- É. Agora deixa eu ir, estamos perdendo tempo e eles estão morrendo.

Daryl ficou olhando a porta, depois de ela fechar. Zoe estava morrendo? Claro que estava, pegara aquela coisa.

Suspirou e depois escutou ela.

- Ela vai ficar bem.

Daryl olhou para o lado e viu Carol, encostada na parede.

- Quê?

- A Z. Ela vai ficar bem.

Daryl deu de ombros. - Eu sei, a gente trouxe os remédios para eles. Todos eles.

Carol sorriu. - Tá.

Daryl mordeu o lábio, assentindo, segurou a besta no ombro e se afastou.

Tinha de fazer alguma coisa, não podia ficar andando por ali sem fazer nada, ou acabaria enlouquecendo.

Saiu no pátio e viu Loki, sentado olhando o nada.

- Lok! - Chamou.

O cachorro levantou e seguiu ele, os dois passando pelos portões e entrando na floresta. Daryl precisava sair daquele lugar por alguns minutos.

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