37 - Regresso a Atlanta

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Andámos sem destino, apenas sobrevivendo.

Nesse dia, fiquei mais atrás, no grupo, junto de Abraham, Rosita e Tara. Essa última me lançava olhares assustados, e por momentos me fez lembrar da Beth, que me olhava do mesmo jeito quando eu chegara na prisão.

O ruivo era, surpreendentemente, um cara legal.

Daryl se afastara na noite anterior, para ir caçar, na esperança de achar algo que pudesse nos alimentar a todos.

- Então. - Olhei Abraham. - O que há em Washington?

Ele olhou o chão, erguendo depois a cabeça e me olhando. - Uma cura.

Tentei controlar mas não consegui. Um riso saiu pelos meus lábios e tapei a boca, como quem pede perdão por estar rindo.

- O quê? Me desculpa, Abraham, você parece ser um homem inteligente mas... Acredita mesmo nisso?

Ele indicou Eugene. - Ele é a chave. Ele sabe como fazer isso funcionar.

Olhei Eugene, observando o homem de cabelo esquisito, e depois encarei Abraham.

- Fala sério. Quais as probabilidades de isso ser verdade? Qual a probabilidade de ele ser quem diz ser? Doutor? Tá, e eu sou a empresária Barnes, dona de milhões! Já até reservei a Torre Eiffel, vou fazer a transferência do dinheiro assim que chegarmos no nosso destino.

- Você não acredita? Porque ele iria mentir? E como ele saberia as coisas que ele sabe?

Dei de ombros, no momento em que o grupo parava de andar.

- Inteligência?

Olhei para o lado, franzindo o cenho e percebendo que Abraham também escutara. Tinha um som vindo da floresta.

Todos nós erguemos as armas, ao mesmo tempo que Daryl saía do meio das árvores, erguendo os braços.

- Eu me rendo.

Sorri e abaixei o bastão, olhando Abraham.

- Não acredito nessa história. Me desculpa.

Ele assentiu. - Vou provar que é verdade.

Nesse momento, um grito chegou até nós. Alguém pedia ajuda de forma desesperada.

Troquei um olhar com Rick e ele negou.

- Pode ser um golpe. Podem ser eles.

Assenti. - Ou pode ser real. - Me afastei, correndo.

- Zoe! - Disse Rick. - Merda!

Corri, entrando na floresta e seguindo o som, escutando o grupo atrás de mim.

Mais na frente, no topo de uma pedra, tinha um homem vestido de negro, que tentava fugir de um zumbi.

Rodei o bastão e me aproximei, segurando com as duas mãos e batendo na cabeça dele, deixando o corpo cair no chão.

O homem me olhou e foi aí que percebi que se tratava de um padre.

Sorri, sacudindo o bastão. - A bênção, senhor padre.

Ele me olhou, e depois para o grupo, voltando a mim.

- Obrigado, senhorita. Fico lhe devendo a vida.

Sorri e assenti. - Vou cobrar.

Me afastei, deixando Rick falar com ele.

Toquei no braço da Judith, que seguia com o Carl e ela me olhou. Sorri.

- .... a palavra de Deus é a única proteção de que preciso.

Eu ri e todos me olharam. - É, a gente viu quão bem você estava protegido.

Glenn me sorriu. - A Zoe da prisão está de volta.

Abraham olhou ele. - Fala isso como se fossem más notícias.

Glenn riu. - Óbvio que não, só respira fundo, ela vai esgotar sua paciência.

Franzi o cenho. - Eu não sou assim tão terrível. - Me aproximei do padre. - Tem um grupo? Como é? Gabriel?

Ele olhou em volta e assentiu. - Parece que tenho um?

Olhei ele de alto a baixo. - Hum.

- Tem comida?

- Nozes. Talvez algo mais, mas só se você tiver um lugar seguro.

Ele nos olhou e depois suspirou. - Posso ajudar com isso. Me sigam.

Rick segurou o meu braço.

- Não podemos confiar.

Assenti. - Eu cuido disso. Iremos observar, lembra?

Rick sorriu, reconhecendo as suas palavras. - Confio em você.

O padre tinha uma igreja, o que era melhor do que aquilo que tinhamos em dias.

Daryl caçara alguns animais então dava para a gente preparar uma refeição quase digna de grupo grande.

Gabriel ainda tinha alguns enlatados e vinho, então a gente fez um belo banquete.

Eu segurava Judith, e brincava com a menina nos meus braços, quando ela se aproximou e sentou do meu lado. Fingi que nem tinha reparado.

- É... Oi.

Olhei ela, sem falar, e isso só pareceu deixá-la mais assustada.

- Sou a Tara, Tara Chambler. Eu... Me perdoa, eu não queria... Eu não sabia. Vocês eram o inimigo.

Assenti e indiquei o grupo. - Parecemos o inimigo?

Ela riu, nervosa. - Não, agora não. Mas naquele dia... Eu achei vocês muito ameaçadores.

Eu ri. - Tá. - Respirei fundo. - Você é um de nós, agora, né? Glenn te protegeu, e eu confio no coreano, de olhos fechados, então... - Dei de ombros. Levantei. - Mas não espere que eu te adore.

Me aproximei de Michonne e entreguei Judith, pegando depois o bastão e saindo da igreja.

Deixei que o ar da noite tocasse a minha pele e me acalmasse. Ainda era tudo muito recente.

- Você está bem?

Sorri e girei, vendo Daryl.

Assenti. - O que você está fazendo aqui?

Ele deu de ombros. - Só... pensando.

Andámos pela floresta, apenas pelo simples facto de andar, de nos afastarmos um pouco do grupo, de sermos apenas nós dois de novo.

Chegámos em uma estrada.

- Eu adorava aquele lugar. - Falei. - Por um dia, eu gostara dele.

Daryl sorriu. - Era uma funerária.

- E daí? A gente vivia em uma prisão, antes.

- É justo.

Do nada, parámos, escutando. Tinh barulho de carro se aproximando.

Daryl puxou meu braço e nos escondemos atrás de um carro abandonado na estrada e esperámos.

Um carro negro passou na frente, a grande velocidade, e Daryl saiu do meu lado, correndo que nem doido.

- Daryl!

Corri atrás dele, vendo ele parando na estrada principal.

- Eram eles! - Falou. - O carro com as cruzes brancas! Foram eles que levaram a Beth!

- O quê?

- Vem!

Segui ele e entrámos no carro, ligando ele e seguindo na mesma direção que o outro carro fora.

- E o grupo? - Perguntei.

- A gente regressa depois.

Andámos durante horas, até que reconheci a rodovia onde acabavamos de chegar.

- Não pode ser. - Disse Daryl.

Olhei os edifícios se erguendo em direção ao céu, e suspirei.

- Bem vindo de volta a Atlanta, Daryl Dixon.

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