Andámos sem destino, apenas sobrevivendo.
Nesse dia, fiquei mais atrás, no grupo, junto de Abraham, Rosita e Tara. Essa última me lançava olhares assustados, e por momentos me fez lembrar da Beth, que me olhava do mesmo jeito quando eu chegara na prisão.
O ruivo era, surpreendentemente, um cara legal.
Daryl se afastara na noite anterior, para ir caçar, na esperança de achar algo que pudesse nos alimentar a todos.
- Então. - Olhei Abraham. - O que há em Washington?
Ele olhou o chão, erguendo depois a cabeça e me olhando. - Uma cura.
Tentei controlar mas não consegui. Um riso saiu pelos meus lábios e tapei a boca, como quem pede perdão por estar rindo.
- O quê? Me desculpa, Abraham, você parece ser um homem inteligente mas... Acredita mesmo nisso?
Ele indicou Eugene. - Ele é a chave. Ele sabe como fazer isso funcionar.
Olhei Eugene, observando o homem de cabelo esquisito, e depois encarei Abraham.
- Fala sério. Quais as probabilidades de isso ser verdade? Qual a probabilidade de ele ser quem diz ser? Doutor? Tá, e eu sou a empresária Barnes, dona de milhões! Já até reservei a Torre Eiffel, vou fazer a transferência do dinheiro assim que chegarmos no nosso destino.
- Você não acredita? Porque ele iria mentir? E como ele saberia as coisas que ele sabe?
Dei de ombros, no momento em que o grupo parava de andar.
- Inteligência?
Olhei para o lado, franzindo o cenho e percebendo que Abraham também escutara. Tinha um som vindo da floresta.
Todos nós erguemos as armas, ao mesmo tempo que Daryl saía do meio das árvores, erguendo os braços.
- Eu me rendo.
Sorri e abaixei o bastão, olhando Abraham.
- Não acredito nessa história. Me desculpa.
Ele assentiu. - Vou provar que é verdade.
Nesse momento, um grito chegou até nós. Alguém pedia ajuda de forma desesperada.
Troquei um olhar com Rick e ele negou.
- Pode ser um golpe. Podem ser eles.
Assenti. - Ou pode ser real. - Me afastei, correndo.
- Zoe! - Disse Rick. - Merda!
Corri, entrando na floresta e seguindo o som, escutando o grupo atrás de mim.
Mais na frente, no topo de uma pedra, tinha um homem vestido de negro, que tentava fugir de um zumbi.
Rodei o bastão e me aproximei, segurando com as duas mãos e batendo na cabeça dele, deixando o corpo cair no chão.
O homem me olhou e foi aí que percebi que se tratava de um padre.
Sorri, sacudindo o bastão. - A bênção, senhor padre.
Ele me olhou, e depois para o grupo, voltando a mim.
- Obrigado, senhorita. Fico lhe devendo a vida.
Sorri e assenti. - Vou cobrar.
Me afastei, deixando Rick falar com ele.
Toquei no braço da Judith, que seguia com o Carl e ela me olhou. Sorri.
- .... a palavra de Deus é a única proteção de que preciso.
Eu ri e todos me olharam. - É, a gente viu quão bem você estava protegido.
Glenn me sorriu. - A Zoe da prisão está de volta.
Abraham olhou ele. - Fala isso como se fossem más notícias.
Glenn riu. - Óbvio que não, só respira fundo, ela vai esgotar sua paciência.
Franzi o cenho. - Eu não sou assim tão terrível. - Me aproximei do padre. - Tem um grupo? Como é? Gabriel?
Ele olhou em volta e assentiu. - Parece que tenho um?
Olhei ele de alto a baixo. - Hum.
- Tem comida?
- Nozes. Talvez algo mais, mas só se você tiver um lugar seguro.
Ele nos olhou e depois suspirou. - Posso ajudar com isso. Me sigam.
Rick segurou o meu braço.
- Não podemos confiar.
Assenti. - Eu cuido disso. Iremos observar, lembra?
Rick sorriu, reconhecendo as suas palavras. - Confio em você.
O padre tinha uma igreja, o que era melhor do que aquilo que tinhamos em dias.
Daryl caçara alguns animais então dava para a gente preparar uma refeição quase digna de grupo grande.
Gabriel ainda tinha alguns enlatados e vinho, então a gente fez um belo banquete.
Eu segurava Judith, e brincava com a menina nos meus braços, quando ela se aproximou e sentou do meu lado. Fingi que nem tinha reparado.
- É... Oi.
Olhei ela, sem falar, e isso só pareceu deixá-la mais assustada.
- Sou a Tara, Tara Chambler. Eu... Me perdoa, eu não queria... Eu não sabia. Vocês eram o inimigo.
Assenti e indiquei o grupo. - Parecemos o inimigo?
Ela riu, nervosa. - Não, agora não. Mas naquele dia... Eu achei vocês muito ameaçadores.
Eu ri. - Tá. - Respirei fundo. - Você é um de nós, agora, né? Glenn te protegeu, e eu confio no coreano, de olhos fechados, então... - Dei de ombros. Levantei. - Mas não espere que eu te adore.
Me aproximei de Michonne e entreguei Judith, pegando depois o bastão e saindo da igreja.
Deixei que o ar da noite tocasse a minha pele e me acalmasse. Ainda era tudo muito recente.
- Você está bem?
Sorri e girei, vendo Daryl.
Assenti. - O que você está fazendo aqui?
Ele deu de ombros. - Só... pensando.
Andámos pela floresta, apenas pelo simples facto de andar, de nos afastarmos um pouco do grupo, de sermos apenas nós dois de novo.
Chegámos em uma estrada.
- Eu adorava aquele lugar. - Falei. - Por um dia, eu gostara dele.
Daryl sorriu. - Era uma funerária.
- E daí? A gente vivia em uma prisão, antes.
- É justo.
Do nada, parámos, escutando. Tinh barulho de carro se aproximando.
Daryl puxou meu braço e nos escondemos atrás de um carro abandonado na estrada e esperámos.
Um carro negro passou na frente, a grande velocidade, e Daryl saiu do meu lado, correndo que nem doido.
- Daryl!
Corri atrás dele, vendo ele parando na estrada principal.
- Eram eles! - Falou. - O carro com as cruzes brancas! Foram eles que levaram a Beth!
- O quê?
- Vem!
Segui ele e entrámos no carro, ligando ele e seguindo na mesma direção que o outro carro fora.
- E o grupo? - Perguntei.
- A gente regressa depois.
Andámos durante horas, até que reconheci a rodovia onde acabavamos de chegar.
- Não pode ser. - Disse Daryl.
Olhei os edifícios se erguendo em direção ao céu, e suspirei.
- Bem vindo de volta a Atlanta, Daryl Dixon.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Trust Me
FanfictionO fim do mundo muda as pessoas. Tendo essa regra como certa, Zoe sobrevive ao apocalipe zumbi tendo apenas como companhia, um cachorro que salvou da morte. Ela perdera a confiança nas pessoas depois de perder sua família... Pelo menos até achar um g...