Uma Troca de Favores [NaMo]

Azar ou sorte?

— Senhorita Im, seu cartão foi recusado.

— Recusado? Tenta mais uma vez.

— Aqui diz que está sem saldo.

Sem saldo? Como um cartão meu estaria sem saldo? Tudo bem que eu talvez gaste demais as vezes, mas sempre me certifico se tem o suficiente na conta. Inclusive fiz isso hoje.

— Quais são as chances...De ser erro da máquina?

— São pouquíssimas. Porém se quiser eu passo em outra. Não que vá adiantar alguma coisa. — O funcionário esboça aquele sorriso de quem está se divertindo. Aish, esse desgramado deve estar rindo horrores da minha cara por dentro.

— Tenta com esse aqui. — Tiro o outro cartão do bolso e entrego para ele. Digito a senha e aperto o botão verde.

— Advinha — Ele me mostra a maquininha com um enorme "RECUSADO" escrito. — Recusado. Você anda com dinheiro senhorita Im? Ah...Esquece. A conta aqui está alta demais e você obviamente não andaria com uma quantia dessas no bolso.

Filho de chocadeira!

— Você deve estar se divertindo com isso não é?

— Estou usufruindo da minha única diversão no momento, ver vocês ricos darem piti porque o papai não deu o dinheiro da mesada.

A vontade que me dá é de bater a cara dele bem forte no balcão. Mas felizmente eu não vou me dar ao trabalho de fazer isso.

— Eu vou ao banheiro e quando voltar resolvo isso. — Suspiro e caminho rapidamente até o banheiro.

Ok Nayeon, você deve ter gastado demais. E vai achar uma solução. Pego o celular no bolso e abro o aplicativo do banco pra ter certeza do saldo. De algum jeito está zerado. Mas não entra na minha cabeça que eu tenha sido tão burra e irresponsável a ponto de gastar tudo!

— Nay vem logo! Vamos pedir mais uma rodada! — Ouço a voz alta de Jisoo me chamar do outro lado da porta. Merda. Quem iria arcar com tudo hoje era eu.

— Claro! J-Já vou!

Droga o que eu vou fazer?

Minha conta está zerada e mesmo eu adiando uma hora vou ter que pagar a conta toda. Não tenho cara de quem pede dinheiro emprestado para os outros e isso eu nunca vou fazer.

Só se...

Eu for embora!

Isso, eu vou embora. Só não posso sair pela festa com todo mundo vendo. A janela do banheiro é a minha única saída viável, infelizmente.

— Noite miserável. — Subo na privada e olho pra fora da janela, dá em um beco. E a queda vai ser direto em uma lata gigante de lixo. — Eu nunca deveria ter entrado nessa espelunca!

É isso ou passar vergonha. E se tem uma coisa para qual eu não nasci é pra passar vergonha!

Abro a janela grande até o final e pego impulso, e cá estou em cima de vários sacos fedidos de todo tipo de lixo. Olhando pelo lado menos pior...Pelo menos a minha queda foi amortecida.

Desço do latão com dificuldade e tiro qualquer resquício de lixo que tenha sobrado grudado na roupa.

— E agora vou embora como?

Vejamos...

Pego a carteira e sem ser os dois cartões de crédito, a identidade, mais alguns cartões inúteis, tem algum dinheiro. Graças a deus. Ele ainda não me abandonou.

Guardo a carteira no bolso e começo a sentir aqueles pelos na minha perna.

Ótimo, um gato preto ronronando e dando voltas a meu redor.