Levando na conversa

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Tzuyu

Essas duas tão achando o que? Que eu sou uma guru do amor? 

Primeiro a Nayeon, que parece tão segura de si mesma que eu nem vejo sentido dela precisar de ajuda, agora a Sana?

— Cansou de ficar galinhando por aí, Minatozaki? — Ignoro a cara feia que Sana faz e abro o pacote pegando um pirulito.

— Vai me ajudar ou não? 

— Vou, mas não de graça. 

— Quer que eu te pague?

— Quer que eu te ajude? É pegar ou largar. 

— Ok, que seja.

— Mas se você tem tanta lábia com as pessoas, porque precisa disso? 

— Você é observadora Tzuyu, consegue ver o que a maioria não vê. É esse o motivo de eu pedir sua ajuda. E também...Você é um colírio pros meus olhos. — Sana fala a última parte em tom de cantada.

Essa garota é burra demais pra não perceber que tá perdendo dinheiro a toa, qualquer um com o mínimo de noção percebe que ela é do tipo que não conhece os próprios sentimentos e acaba confundindo tudo. 

Sana não está apaixonada pela Momo, mas até ela perceber isso, eu tiro dinheiro dela.

— A minha primeira instrução pra você é: jogue indiretas sobre o que sente. Sempre dá certo. 

E é claro que não vai funcionar. Ainda mais com a Momo, que vive no mundo da lua.

— Vou fazer isso! Continua pensando no que eu faço, e aí eu te pago. — Ela pensa que me engana? Logo ela que várias vezes paga fiado na padaria!

Seguro o braço de Sana antes que ela vá embora na cara de pau.

— Não. Pagamento adiantado, tá achando que vai me dar o calote? 

— E como eu vou dar o dinheiro antes sem saber se vai dar resultado? 

— Aí que tá. Não tem como saber com certeza se vai dar resultado. É um investimento. E em investimentos, ninguém sabe se vai dar certo, e mesmo assim, eles continuam investindo.

Sana fica pensativa por alguns segundos. As vezes até me surpreendo com o fato de que quase todo mundo cai nessa. É só eu falar qualquer coisa como se tivesse a maior propriedade do assunto, e pronto. 

— É. Tem razão. 

Solto seu braço e estendo a mão. 

—  Você acha que eu sou o que Tzuyu, filha do Bill Gates? Não tenho dinheiro comigo aqui!

— Você é uma pão-dura isso sim. Azar o seu, quero o dinheiro agora. 

— Parece mais uma desculpa pra passar mais tempo perto de mim. — De novo essa desgramada vem com essa mania de chegar perto demais. 

Ela sempre acha que eu vou me render ao joguinho de sedução porque sabe que é tão bonita que chega a ser irritante!

— Já procurou uma cura pra sua síndrome de última bolacha do pacote? 

— Eu não preciso. No seu eu sou sempre a primeira. — Juro que nunca vou entender ela! Olha como é vigarista! Toda hora tenta fisgar alguém! — Por que está tão inquieta Tzuyu? É por que eu estou chegando perto?

Filha da mãe desgraçada!

— Sai sua galinha de macumba! — Dou uma ombrada em Sana. — Agora para de palhaçada e vamos lá sacar o meu dinheiro!

Off

Pertinho dali, Mina esperava o sinal abrir, com um milhão de pensamentos na cabeça. O resultado do exame que havia feito a duas semanas nunca pararia de incomodar. O diagnóstico já estava pronto. Não tem mais volta.

Sempre achou que sua vida era boa. E precisou ficar doente pra descobrir que era só isso, boa. Confortável.

Não feliz. 

E agora o que poderia fazer? Viver tudo que não viveu em 28 anos em 6 meses? Jogar tudo pro alto? 

Essa foi a única alternativa que restou.

E pra começar, tinha que ajudar Momo com a fortuna, e poder criar os laços que não teve a chance de criar com ela. Agora era a hora. 

As buzinas dos carros logo atrás tiram Mina do transe, ela então arranca com o carro. 

Vai dirigindo com a velocidade acima do normal feito uma maluca com pressa, nada mais justo.

Até que na segunda curva que faz, não vê o carro parado com uma das portas abertas, outro veículo vem logo ao lado na contramão, Mina pisa no freio rezando pra que dê tempo de frear, até que ouve o barulho da porta sendo arrancada fora.

— Ai meu deus do céu. — Apoia a cabeça no volante e fecha os olhos. — Que maré de azar hein universo?!

A Myoui estranha o silêncio, e em questão de segundos alguém começa a bater com raiva na janela.

— SUA DESGRAÇADA BARBEIRA! VOCÊ ARRANCOU A MINHA PORTA SUA MALUCA! 

— Será que é um sonho? — Sussurra. — Que obra de arte...

A visão da garota batendo na janela é um verdadeiro vislumbre dos deuses. O que  uma deusa dessas faz fora do Olimpo?

— SAIA DESSE CARRO AGORA ANTES QUE EU TE ARRANQUE DELE! 

Mina sai do carro na mesma hora que ouve a morena ordenar.

— SUA LOIRA BURRA! VOCÊ DEVE TER ALGUM PROBLEMA DE VISÃO! COMO VOCÊ PASSOU NA PROVA SENDO VESGA DESSE JEITO?

Mesmo ela não parando de gritar, Mina continua fascinada e nem liga de ser chamada de loira burra, vesga, ou desgraçada. A garota é perfeita demais pra que preste atenção.

Mas Mina percebe o barraco que estava virando com ela gritando no meio da rua.

— Moça, calma.

— O que?

— SE ACALME! — Agora é Mina que grita, calando a garota. A japonesa se recompõe e ajeita o cabelo. — Não se preocupe, eu vou arcar com todo o prejuízo que causei no seu carro.

— É bom mesmo. Porque eu nem terminei de pagar! — Ela começa a se acalmar. 

Maravilhosa.

— Vamos fazer assim, você vê o valor do conserto, e a gente conversa. Qual o seu nome? — A voz de Mina é tão calma e suave, que faz a garota ter um leve arrependimento por gritar tanto com ela.

— Chaeyoung. Son Chaeyoung.

— Myoui Mina. — Mina entrega um cartão para Chaeyoung com um sorriso galanteador no rosto, e não deixa de dar uma piscada pra garota. — Me liga.

Chaeyoung vê a japonesa entrar no carro e ir embora. E fica sem acreditar.

A mulher arranca a porta do seu carro, flerta, e vai embora como quem não quer nada?

— Maluca. E linda.

Do outro lado da rua, no caixa eletrônico 24 horas, Sana e Tzuyu viam toda a cena de camarote. E até esqueceram do que foram fazer.

— Eu tenho quase certeza que a loira é a irmã da Momo. Pela roupa e pelo carrão. — Tzuyu comenta.

— E se meteu em barraco. É, não tá fácil pra ninguém. 

— E o meu dinheiro?

Uma Troca de Favores [NaMo]Onde histórias criam vida. Descubra agora