Uma Troca de Favores [NaMo]

Tardes de vela

Os pensamentos eram parecidos, mas em certo ponto eles se separavam e se tornavam destinos prováveis totalmente diferentes.

Quando a última das quatro caixas foi colocada no canto do quarto, Mina não conseguiu disfarçar a tristeza em seu olhar. Principalmente quando olhava para Chaeyoung e a via feliz.

Chaeyoung pensava em viver por anos e anos com Mina, em acordar todos os dias com ela naquela cama. Finalmente tinha se encontrado e encontrado alguém, era algo sem preço.

Enquanto Mina agonizava com os dias que teria com ela, pois eles nunca seriam suficientes. Porém, só poderia se contentar com aquilo. Era tudo o que teria. Nenhum dia a mais.

— Não tem pouquinha coisa? — Chaeyoung achou estranho que tudo o que Mina trouxe na mudança foram três caixas e duas malas. Esperava mais coisa pelo tamanho do apartamento dela, até ver que Mina deixou todos os móveis pra trás. Foi a primeira vez em que foi na casa da japonesa, era um apartamento espaçoso demais para uma pessoa só. Chegava a ser solitário.

— Tá tudo certo Chaeng, tudo o que eu vou precisar. — Mina se estirou na cama puxando Chaeyoung. — Seu irmão não fica muito em casa né?

— Não. Melhor pra nós duas. Você vai gostar daqui. — Chaeyoung soltou um suspiro cansado.

— Eu já gosto. — Mina fechou os olhos, sentindo o cafuné que a garota fazia em seus cabelos. — Tá com fome?

— Sim. A gente fez tudo tão rápido, nem deu pra almoçar.

— Vou comprar alguma coisa no bar. Já venho. — Mina saiu e Chaeyoung continuou na cama, descansando.

Enquanto ela não voltava, Chaeyoung estava quase pegando no sono, até sentir o celular de Mina vibrar.

Viu um número desconhecido na tela, e não ia atender, mas o celular ainda chamava. Quem ligava era insistente.

— Alô?

— Senhorita Myoui?

— Não. Sou a namorada dela, o que deseja?

— Aqui é o Doutor Charles, pode pedir para ela passar no meu consultório ainda essa semana se possível? Nós precisamos refazer um exame. — Uma coisa que Chaeyoung odiava em médicos, era o tom neutro. Ela não conseguia saber se se tratava de uma coisa grave, ou se era só um exame corriqueiro.

— Posso sim. É...Que exame é esse? Ela está bem?

— É um exame de imagem. Avise a ela que é urgente. Tenho que desligar. — Chaeyoung bufou quando o médico praticamente desligou na cara dela.

Não respondeu a pergunta.

Ouviu o barulho da porta depois de alguns minutos e então correu até a sala.

— Seu médico ligou.

Mina gelou parada no lugar. Sentiu seu mundo começando a despencar.

— E...E o que ele disse? — Tirou as marmitas da sacola, sem encarar Chaeyoung.

— Que você precisa refazer um exame. — Conforme se aproximava dela, Chaeyoung notou a expressão preocupada em seu rosto. Mina estava de cabeça baixa como alguém que quer se esconder. — Mina, você está bem?

Ela continuou em silêncio.

— Eu preciso saber se você está bem, Mina. E acho que não está. Por favor, me fala.

Mina soltou um suspiro pesado. Não adiantava mais correr, esconder, adiar. Teria que dizer a verdade.

— Eu não estou bem. Estou doente. E...Eu não ia contar pra você. Porque a última coisa que quero ver é você sofrendo. — Aquilo iniciou um aperto no coração de Chaeyoung. Era grave. Ela sabia que era grave. — Mas uma hora você ia descobrir né? — Mina esboçou um sorriso sem ânimo. Fechou os olhos. Deveria ter contado antes. Não devia ter sido tão covarde.— Eu vou morrer em alguns meses.