FELIX
Domingo.
Meu último dia morando com meus pais. Meu último dia no casarão em que morei desde que nasci.
Minhas coisas já estavam todas empacotadas em caixas grandes, com a escrita da minha mãe identificando o que havia dentro de cada uma delas. Não havia sobrado nada meu no meu próprio quarto, a não ser os móveis. Minhas roupas, sapatos, itens pessoais... tudo dentro de caixas.
Entrar em Juilliard, a melhor faculdade do mundo para dança, drama e artes, foi a maior conquista que já tive em vinte anos de vida, mas, agora, olhando para o quarto vazio, não sabia se estava mesmo certo sobre essa decisão. Eu não iria conseguir viver longe dos meus pais, iria?
Quer dizer, eu era tão dependente deles quanto um peixe de aquário depende do seu dono. Para tudo. Desde criança meus pais foram superprotetores e isso me trouxe grandes inabilidades sociais, como por exemplo: fobia social, pânico de lugares muito cheios e ansiedade. Eu era uma criança de vinte anos de idade que sequer conseguia falar com o garçom do restaurante sem ter uma crise. Apesar disso, nunca senti raiva dos meus pais, pois eles sempre foram os melhores do mundo.
Nunca tive uma fase rebelde ou algo parecido, diferente do meu irmão, mas quando contei que teria que me mudar para Nova Iorque para estudar em Juilliard, meus pais ficaram arrasados. Minha mãe tentou de todas as formas me fazer desistir - e eu quase aceitei, se não fosse meu irmão, que também estuda em Juilliard, e acabou por convencer minha mãe de que aquilo seria bom para mim.
Mas agora, faltando poucas horas até irmos para o aeroporto, sentia que deveria desistir de tudo. Havia sido idiotice me inscrever em Juilliard. Não podia sair do lado dos meus pais, meu irmão não seria como eles e isso só pioraria minha ansiedade. Tenho certeza. É melhor eu desistir. Não posso viver sozinho. Não sou como Minho.
— Eu não quero mais ir — disse, chegando na cozinha, onde os três conversavam algo sobre o apartamento que haviam comprado para nós dois em Nova Iorque. Minho, meu irmão, virou-se na cadeira, me olhando irritado.
— Vai começar com isso de novo? Não tem mais como desistir, você vai sim — ele falou, uma carranca se formando em seu rosto.
— Eu não posso ir — disse, sentindo minhas mãos suarem.
— Por que não? O que aconteceu? — minha mãe perguntou, levantando da cadeira e vindo até mim, segurando minhas mãos com cuidado como sempre fazia quando percebia que eu estava perto a ter uma crise de ansiedade.
— Felix... — meu pai começou — esse não é seu sonho?
— É, mas... — meu queixo tremeu e senti meu corpo inteiro tremer. A possibilidade de ir embora para uma cidade totalmente desconhecida me assolava. Não podia fazer isso. — Mas... não posso fazer isso, não posso ir pra longe de vocês — olhava para minha mãe, as lágrimas se acumulando em meus olhos — não vou conseguir...
Ouvi meu irmão bufar, irritado. Quando ele saiu de casa para ir estudar em Juilliard no ano passado, tudo que ganhou foi um "bons estudos". Agora, comigo indo, iríamos ter um apartamento só para nós e, dois dias atrás, minha mãe disse que enviaria dinheiro mensalmente para nós dois.
Então, se eu não fosse, ele perderia tudo isso e voltaria a ter que se virar, porque não era o filho favorito.
— Meu amor... — minha mãe murmurou, podia perceber que ela também estava triste com a ideia de perder seu outro filho para o mundo — você vai conseguir — e sorriu, fazendo um carinho na minha bochecha e secando as lágrimas que escorriam — vai dar tudo certo, eu prometo, e seu irmão vai ajudá-lo, você não vai estar sozinho, tudo bem? Podemos ir no próximo final de semana, se quiser. Podemos ficar indo todo fim de semana até você se acostumar, que tal?
Podia ouvir os pensamentos de Minho gritarem "não aceite isso!"
— Tudo bem... pode ser... — falei, ainda inseguro sobre a ideia de ir embora.
— Se você não gostar, pode voltar para casa a hora que quiser, ok?
— Mas dê uma chance para a cidade, a faculdade e as pessoas — meu pai disse — pelo menos um mês. Se, depois de um mês, você não gostar, você volta e faz faculdade aqui mesmo.
— Isso! — minha mãe concordou, animando-se por mim.
— Tudo bem... acho que posso fazer isso... — disse, recebendo um sorriso e um abraço apertado de minha mãe. Pude jurar ter ouvido meu pai dizer "ainda bem".
xxx
Oii! Minha primeira fic hyunlix, espero muito que gostem.
Vou tentar manter uma atualização semanal depois do primeiro capítulo! A conta da fic no twitter é AUJuilliard, por lá estarei divulgando ela e postando extras (ainda penso muito sobre transformar a fic em versão AU também).
VOCÊ ESTÁ LENDO
Juilliard (hyunlix)
FanfictionLee Felix foi aprovado na melhor faculdade de artes, drama e música do mundo: Juilliard. E, mesmo tendo problemas de socialização causados pela superproteção de seus pais, ele resolve sair de casa e ir para Juilliard, onde descobrirá mais de si mesm...