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MINHO

Não sei para onde estava indo. Não pensava para onde queria ir, não sabia para onde queria ir, não tinha para onde ir. Não tinha alguém para ir. Se acontecesse algo com Felix, ele poderia vir até mim ou Hyunjin. Se acontecesse algo com Hyunjin, ele poderia ir até Felix, os meninos ou sua família. Todos eles podiam encontrar conforto em alguém, eu não. Não jogaria isso em cima de Felix, e não tinha mais Han. Nem pai ou mãe. 

E aquilo tudo era pesado demais. Há meses eu carregava coisas demais, e estava pesado, sufocante. Talvez finalmente o dia que eu não aguentaria mais estivesse mais próximo do que imaginei. 

Esbarro em algumas pessoas enquanto caminhava apressado pelas ruas de Manhattan, querendo ir o mais longe possível do apartamento de Jisung, murmurando desculpas enquanto deixava todas as emoções tomarem conta de mim. Não queria concordar, mas eu sabia que o que Han me disse no dia em que brigamos estava certo. Agora, eu percebia que não podia mais aguentar tudo sozinho. E as lágrimas grossas que escorriam pela minha bochecha enquanto eu continuava andando eram a prova disso. Mas eu havia sido orgulhoso o suficiente para deixar chegar a esse ponto, mesmo quando sabia que eu não estava bem.

Não queria ter deixado a faculdade. Não queria ter desistido do meu sonho, não queria ter deixado de dançar. Não queria ter começado a trabalhar em um lugar que era meu sonho entrar, mas como treineiro. Agora, todos os dias, observava várias pessoas da minha idade chegando até a empresa para seguir o sonho que era meu, que estava adiado por tempo indefinido. Apesar de ver Felix feliz ser algo incrivelmente bom, eu não estava. E isso não soava certo, eu tinha que renunciar a minha felicidade por conta do meu irmão? Não soava certo, mas meus pais me ensinaram que sim. 

Sento no primeiro banco que encontro na rua quando percebo que, se eu continuasse andando sem pensar e com a mente cheia, acabaria saindo da cidade. Leva horas, mas só consigo me acalmar depois de chorar tudo o que sentia. Mesmo que todos me encarassem torto, eu não me importei, porque, quando finalmente decidi que estava bem para ir para casa, me sentia leve e pronto para aguentar por mais algumas semanas. Pronto para continuar sendo o irmão que Felix precisava.

HAN

— Mas que porra?! — Bangchan exclama, confuso, assim que conto para eles o que aconteceu. — Por que não terminou de se vestir antes de abrir a porta? Ou olhou pelo olho mágico! 

— Eu não pensei! Achei que vocês tinham desistido de ir patinar e viriam direto pra cá! Não achei que pudesse ser ele...

— Que tipo de pessoa se veste na sala de estar? — Seungmin pergunta e bufo irritado.

— Olha a bagunça que tá isso, você sequer tem um guarda roupa? — Hyunjin questiona enquanto anda pela sala, chutando as roupas no chão. Roupas limpas.

— Meus pais estão ficando aqui... tive que esvaziar o guarda roupa para eles, por isso me troquei aqui! — respondo irritado. Não era tão incomum assim se vestir em qualquer cômodo da casa quando se mora sozinho. 

— Eu só estava vestindo uma roupa de frio pra gente sair! — Changbin se defende quando Felix encara ele por longos minutos, e, mesmo que não demonstrasse nada, era óbvio que defenderia o irmão.

— Ele só pegou tudo fora de contexto, e nem quis me ouvir — falo, chutando meu tênis e me sentando no único espaço livre de roupas no sofá.

— Ele meio que tem motivos — Seungmin cutuca, se referindo à primeira vez que fomos em Hamptons. Desvio o olhar, irritado com a situação. 

— É só se explicar para ele com calma. Qualquer um pensaria o que ele pensou — Bangchan tenta me tranquilizar, mas aquilo só piorou o que eu sentia. Culpa.

Juilliard (hyunlix)Onde histórias criam vida. Descubra agora