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MINHO

- Você realmente não viu esse garoto, em nenhum momento? - pergunto para a vigésima segunda pessoa do dia logo após mostrar a foto mais recente de Felix que tinha no celular. 

Até agora, a única coisa que sabíamos era que ele havia entrado em um carro preto na frente do prédio. Tínhamos anotado a placa, mas, sem a ajuda da polícia, não servia de nada. E até onde eu sei, poderia ser um Uber.

Deixo a pessoa para trás quando a mesma nega com a cabeça e ando até a próxima, fazendo a mesma pergunta. Fazia pouco tempo que andava pela região perguntando para todos que via, porém ficaria ali por mais horas se aquilo me ajudasse a saber qualquer coisa sobre ele.

Tentei ligar para meu pai quando outra pessoa negou, mas caiu na caixa postal. De novo. Liguei para Felix, e também desligado. Onde ele poderia ter ido? Por que pegaria um Uber, se de fato fosse um carro de aplicativo? A pizzaria era apenas a duas quadras de distância e ele gostava de andar. E ele também não entraria no carro de um desconhecido. Felix jamais faria isso, e sequer era capaz de pedir um Uber, pois aquilo significaria ter que falar com um completo estranho. Não fazia sentido. Nada fazia sentido.

- Minho! - escuto a voz de Han gritar, e me viro apenas para ver ele e Changbin correndo em minha direção. - Você conseguiu alguma coisa?

- Não - respondo, sem esperanças. Eles também não pareciam ter nenhuma notícia boa para mim.

- A polícia deu prazo de vinte e quatro horas para podermos denunciar um desaparecimento... - Changbin comentou, me lançando um olhar que parecia dizer "sinto muito, cara". 

Respiro fundo. Não poderia esperar por vinte e quatro horas sem saber onde Felix estava. Não conseguiria. Não tinha como. Eu não podia ficar sentado esperando de braços cruzados enquanto alguma coisa havia acontecido com meu irmão. Era Felix, meu irmão mais novo que, apesar de todas as brigas, eu amava. Não podia deixá-lo sozinho. Eu tinha que achar ele, eu tinha que protegê-lo e ser um bom irmão mais velho. Felix precisava de mim tanto quanto eu precisava dele.

- Minho?! Você está bem? - A voz de Hanji me tirou de meus pensamentos, e só então percebi que eu tremia como se estivesse congelando de frio. Mas, na verdade, eu estava apenas prestes a desmaiar. Sinto sua mão segurar meu ombro e vejo que ele falava alguma outra coisa enquanto me balançava, mas eu não conseguia ouvir o que era. Não conseguia ouvir nada ao meu redor, e minha visão começava a ficar turva. 

Até que tudo escureceu ao ponto de minhas pernas cederem.

HAN

- Ele ainda está dormindo? - Hyunjin perguntou assim que entrou na sala de estar, que agora estava lotada com todos ali. Todos, exceto Felix, que ainda não tínhamos nenhuma notícia, e Minho, que dormia desde a hora em que desmaiou. Quer dizer, ele já havia acordado, mas voltou a dormir poucos minutos depois por conta do cansaço. E era melhor assim, pelo menos dormindo ele não lembraria do irmão desaparecido.

- Sim - respondo, sentado no sofá enquanto encarava minhas mãos. Nunca havia estado na posição de Minho, porque, agora que ele dormia e seu irmão estava desaparecido, eu sentia toda sua responsabilidade cair sobre mim. 

E era muita. Ao ponto de poder me sufocar se eu não soubesse lidar com tudo aquilo. 

- Quantas horas faltam? - Bangchan perguntou, se referindo ao tempo que faltava para podermos denunciar às autoridades. 

- Doze - Jeongin responde. Ele estava balançando a perna desde que sentou na poltrona, ansioso como todos os outros. 

Apoio o cotovelo nas coxas e abaixo a cabeça, passando a mão pelo cabelo. Tinha que pensar em alguma coisa. Não podíamos esperar por mais doze horas. 

Juilliard (hyunlix)Onde histórias criam vida. Descubra agora