Juilliard (hyunlix)

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FELIX

Nossos pais chegaram na madrugada de quinta para sexta, já que não teríamos aula nesse dia. A semana passou tão normal quanto eu poderia imaginar; não encontrei Hyunjin e não tive nenhum incidente com a minha ansiedade. Acho que estava me acostumando ao lugar no qual passaria os próximos três anos.

Minho, Han e eu saímos de casa às três da manhã rumo ao aeroporto de La Guardia, onde o avião dos meus pais pousaria. Eles chegariam daqui uma hora, e, como era longe, não queríamos nos atrasar. Eu estava muito animado - fazia três semanas que estava longe deles. Isso nunca havia acontecido antes, então queria reencontrá-los e dizer à eles tudo que eu havia conhecido e feito. Principalmente, queria mostrar a melodia nova na qual estava trabalhando.

- Que horas vamos para Hamptons? - Han perguntou depois de alguns minutos dirigindo pelas ruas vazias de Upper East Side. Minho estava no banco do passageiro, e eu no banco de trás, quase dormindo durante o caminho.

- Acho que eles vão querer almoçar aqui e ir logo em seguida. E provavelmente vamos voltar só final da tarde de domingo, tudo bem pra você? - Minho questionou, encarando Han, que apenas assentiu com a cabeça.

- Não me importaria de ficar uma semana inteira lá apenas comendo frutas frescas, tomando drinks e andando de jet-ski. De graça? Há! Faria isso por meses. - ele responde e acabo por rir junto com Minho.

Depois, eles começam a conversar algo sobre uma coreografia que eles treinavam para uma aula prática, e me desligo do assunto deles. Encosto minha cabeça contra a janela fechada do carro e observo os prédios da cidade passarem por nós, porque, apesar de ser três da manhã, Nova Iorque era conhecida como a cidade que nunca dormia por um motivo: as luzes dos prédios estavam sempre acesas. E sempre havia várias pessoas pelas ruas, não importa o dia ou a hora. Nova Iorque não parava, e, apesar de eu preferir o campo ou qualquer lugar calmo, não podia negar que talvez eu pudesse me encaixar ali. Poderia ser um pianista famoso da Broadway, ou poderia entrar para uma orquestra e viajar o mundo em turnês com os mais diversos cantores famosos.

Han faz uma curva e poucos segundos depois estamos cruzando a ponte de Queensboro, rumo ao Queens, onde o aeroporto ficava. Para aquele lado da ponte, os prédios eram mais baixos e menos luxuosos. As ruas careciam de atenção devida pelo governo, além de estarem com lixo em quase todas as esquinas. Sorrio fraco ao ver um gatinho de rua.

De repente, me lembro de Hyunjin. Não fez nenhuma diferença falar com ele essa semana ou não, ainda estava com raiva o suficiente, mas ele não havia aparecido na faculdade nenhum dia daquela semana, o que me fazia perguntar: estava tudo bem com ele? Algo em mim se incomodava. Era fácil ignorar ele se não o via, mas teria sido fácil fazer isso se ele tivesse ido para a faculdade? Definitivamente não... mordo o lábio, percebendo que agora não conseguiria parar de pensar nele e no dia em que me levou para casa, depois de eu ter tomado um porre.

Engolindo toda minha raiva e orgulho, tiro meu celular do bolso do casaco que eu vestia e mando uma mensagem para ele, sem pensar muito.

Felix

Oi. Está tudo bem? (03:18am)

MINHO

Depois que buscamos nossos pais, fomos direto para o apartamento, e, pela hora do almoço, minha mãe já havia arrumado tudo que julgou bagunçado, comprado comida e abastecido a geladeira, feito café da manhã para nós e ajudado meu pai a arrumar coisas que estavam quebradas ou frouxas. Também organizou a mochila de Felix para o fim de semana e puxou saco de Han, que mentiu em tudo que podia especialmente sobre ser um ótimo aluno. Já meu pai, depois que concertou o que julgava necessário, saiu com Felix para andarem pela cidade, já que a cidade natal de meu pai era Nova Iorque e ele conhecia a mesma com a palma da sua mão.