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FELIX

Era minha primeira sexta-feira em Nova Iorque, e era a sexta-feira do aniversário de Han. Então, na quarta-feira, quando Minho anunciou que sexta iríamos para um pub subterrâneo em comemoração, comecei a me preparar psicologicamente para isso. Quer dizer, ele me deu a opção de não ir e de ficarmos em casa, mas não queria estragar a noite dele, e sabia que a presença do meu irmão era importante para Han. Não poderia ser estraga prazeres assim, e além de tudo eu queria mesmo conhecer. Queria sair e ser sociável, queria fazer amigos do jeito que pessoas comuns fazem, queria me divertir como alguém normal.

Havia tomado meus remédios de ansiedade antes de sair de casa, e, assim que chegamos ao lugar, agradeci por isso. Não era pequeno, mas estava abafado e lotado de pessoas. A música era estridente nos auto falantes enquanto raios de luzes coloridas iluminavam o lugar precariamente. Minho cortava caminho entre as pessoas e eu o seguia segurando sua mão. As pessoas esbarrando em mim poderiam me fazer chorar, como no aeroporto, se eu não estivesse dopado dos remédios. No dia da viagem devia ter feito a mesma coisa. 

— Minho! — Han gritou ao que nos aproximamos de uma mesa de canto. Havia um balde cheio de gelo e bebidas ali em cima e algumas pessoas em volta conversando e bebendo. Como pedi, Minho não me apresentou para ninguém, apenas as cumprimentou como se as conhecesse há anos. — Felix, está bem mesmo? — Han perguntou quase gritando ao se aproximar de mim, me esticando uma garrafa de bebida. Neguei com a cabeça.

— Eu não bebo — respondi, e Han desfez o sorriso.

— Como assim seu irmão não bebe? — ele perguntou, voltando sua atenção para Minho que já estava agarrado com uma garrafa de um líquido transparente. 

— E nem pode, ele tomou os remédios antes de sair — respondeu e sorri sem graça quando o olhar decepcionado de Han caiu sobre mim novamente. Me sentei no canto da mesa, onde o assento era um sofá em L, cruzando os braços em frente do corpo e ficando ali.

Seria uma noite terrivelmente longa, mas, se eu pudesse ficar sentado ali sem ter milhares de pessoas se esbarrando em mim, eu não me importaria.

[...]

Não sei que horas eram, mas eu já havia bocejado no mínimo quinze vezes seguidas. As pessoas que estavam à mesa quando cheguei agora pulavam na pista de dança enquanto o som ensurdecedor tomava conta do lugar. Minho e Han também dançavam bêbados na pista com as outras pessoas. Olho para a mesa, percebendo que estava sozinho ali e que não havia nenhuma garrafa de água, apenas de álcool. Respiro fundo. Não levantaria dali nem se fosse caso de vida ou morte, provavelmente acabaria sendo pisoteado por aquela multidão na pista de dança e não queria estragar a noite dos dois. Afundo mais no sofá e dobro os joelhos para cima, pisando no estofado e olhando em volta.

Todo mundo parecia bêbado demais. Muitos deles sequer andavam em linha reta, enquanto outros pulavam e dançavam, gritando e se balançando. Volto meu olhar para a mesa, vendo uma garrafa fechada de um líquido azul translúcido. Olho em volta uma última vez, sequer vendo sinal do meu irmão ou de Han, eles com certeza também estava bêbados demais para lembrarem que eu estava ali. Olho para a bebida novamente e me estico, pegando a mesma e, sem me importar em tentar ler o rótulo para saber o que era aquilo, abro e viro um gole.

Apesar de estar gelada, a bebida desceu queimando minha garganta, mas do contrário que eu esperava ela era doce. Tão doce que em poucos minutos havia bebido a garrafa inteira, já me sentindo o que imaginava que era o que se sentia quando estava bêbado. Deixo a garrafa vazia em cima da mesa e pego outra, dessa vez pela metade, vendo que seu líquido era rosa e nem um pouco translúcido. Viro um pouco na boca, a bebida dessa vez desceu refrescante, mas seu gosto era amargo. Faço uma careta e largo a garrafa, desistindo daquela. Era horrível.

Juilliard (hyunlix)Onde histórias criam vida. Descubra agora