Tulipanes Azules「DRARRY」

↬ Capítulo Dois ❧

— Você comeu? — perguntou Draco já dentro da casa, Harry estava parado ao lado da cabana sem dizer ou fazer nada.

— Sim. — ele disse ao outro. — Antes de sair de casa.

— Você sabe que horas eram?

— De manhã

— Bem... já foi o suficiente, vou preparar alguma coisa. — falou animado. — Vou aquecer água para você tomar banho. — ele disse e foi para a cozinha completamente com energia transbordante, mas parou e voltou para o lado de Harry, voltou para segurar seu braço e o puxar para uma cadeira ao lado da mesinha de madeira que tinha.

Draco acendeu as velas antes de iniciar suas tarefas e se virou para outro apenas para poder começar, mas Harry estava abatido e ele não gostou disso, ele era seu convidado e queria fazê-lo se sentir confortável.

— O que está acontecendo? — perguntou intrigado. — Tem algo te incomodando?

— Eu... não é isso senhor, quero dizer, Draco, eu só... acho que estou te dando muito trabalho, deixe-me ajudar...

— Mas não sei como você faria isso. — disse o dono da cabana. — Você pode se queimar, quando a água estiver pronta você vai tomar banho e eu te trarei roupas, depois a gente come, tá?

— Em... em casa eu corto os legumes ou lavo o arroz, se você me disser onde está, eu posso... — disse o menino com um tom levemente irritado, tentando ficar calmo e não incomodar Draco, mas o moreno adorou isso, falar com alguém sem fechar os olhos pelo menos uma vez era bom.

— Está bem. — concordou e deixou uma tigela com água e uma panela de arroz ao lado. — Na sua frente está a água e o arroz.

Draco deixou as coisas que estava fazendo e o observou silenciosamente, parece improvável que ele faça bem, Draco sempre amaldiçoou seus olhos, mas ele não sabia se era pior não ver nada.

Harry tocou suavemente a tigela de água, como se estivesse se familiarizando com ela e fez o mesmo com a tigela de arroz, pegando um punhado e levando para a água.

— Quanto arroz Draco? — perguntou.

— Eu costumo comer muito pouco. — ele disse atento aos seus movimentos. — Então alguns punhados e acrescente o que você quiser. — Harry adicionou só mais um punhado. — Tudo o que você quiser Harry. — repetiu.

Logo o som da faca cortando os vegetais ecoou no silêncio, Draco mal se concentrava em suas coisas porque ele observava o garoto atentamente.

— Onde coloco o arroz limpo? — ele perguntou.

— Espere, vou pegar uma coisa. — ele deixou uma panela ao lado e foi olhar a água.

Era quente ao toque então ele a carregou para o espaço que usava como chuveiro, próximo ao seu quarto, um pouco longe da cozinha, deixou tudo pronto para Harry e voltou para a cozinha encontrando o arroz pronto para cozinhar e o outro quieto, quieto e com as costas retas.

— A água está pronta, vem eu te levo. — ele disse e pegou seu pulso novamente, mas dessa vez Harry não deixou, e se afastou com força.

Draco ficou surpreso com isso, observou Harry preocupado, talvez o machucou e não percebeu, na realidade foram poucas vezes que tocou em alguém e não deu certo, não queria arruinar isso com ele.

— N-não é necessário, senhor. — ele disse rapidamente. — Eu estou bem... por favor.

— Se você vai ficar na minha cama deveria tomar um banho. — Draco disse com um tom leve e brincalhão, com as mãos nos quadris e parecendo relaxado, mas Harry não conseguia ver isso e sua respiração ficou trêmula.

— S-senhor, eu...

— Draco. — o corrigiu com uma carranca, sua voz saiu mais pesada, embora seu humor não tenha mudado muito.

— Draco, eu posso dormir no chão, ou do lado de fora, não deveria...

— Você realmente quer ficar assim? — perguntou Draco parecendo inquieto, ele queria ver o rosto do menino sem nenhuma mancha como estava agora e seu cabelo preto sem poeira.

Uma de suas mãos tocou a bochecha do garoto que se contorceu e se afastou, mas aquele segundo era suficiente para deixar o toque quente como lembrança nos dedos de Draco.

Ele pareceu pensar sobre isso, ele levou seu tempo antes de se levantar, seus olhos apontaram para Draco e o moreno sentiu que ele está olhando para si diretamente, mas sabia que não.

Ele estendeu a mão que tremia ainda mais e Draco pensou que era por causa do frio, ele iria preparar roupas quentes para Harry, mas pegou seu braço e cuidadosamente o levou para seu pequeno banheiro.

— Aqui está a água, e com isso você pode derramar. — colocou um pequeno recipiente em sua mão. — Coloquei suas roupas de lado, por isso me chame quando estiver banhado.

Harry soltou um suspiro pesado que Draco não entendeu, mas deixou pra lá e voltou para a cozinha, começando a cantarolar uma de suas músicas favoritas, uma das primeiras que as musas cantaram para ele do lado de fora. Terminou de cortar tudo e deixou ferver, era o seu melhor prato e ele esperava que Harry gostasse e quisesse voltar para mais.

Ele esperou pacientemente que Harry o chamasse, mas o outro não o fez, a comida estava pronta e ele ainda não o chamou, então apagou o fogo e foi até o banheiro.

Lento e cauteloso, não queria assustá-lo, conseguiu vê-lo de pé, completamente molhado e tremendo, mas ele não o chamou e Draco achou isso muito estranho, mas pegou uma toalha e se aproximou com um sorriso, só que parou a alguns passos, ainda sem fazer barulho, e sentiu como seu corpo esquentou, não conhecia essa sensação, estava vendo Harry nu, com os lábios rosados tremendo, as pernas grossas, peito pálido e algumas marcas estranhas em seus braços, ele deveria querer cobri-lo, mas é exatamente o oposto.

Ele limpou a garganta antes de dar mais um passo e isso fez Harry reagir.

— Uma toalha. — ele disse, esticando o braço até tocar Harry que soltou uma respiração forte e pegou o pano secando seu rosto antes de prosseguir com seu corpo, braços, pernas e abdômen, Draco continuou observando, ali em silêncio e não sabia se esse comportamento era normal ou se devia parar... — Posso fazer uma pergunta?

— S-sim. — disse o menino ainda tremendo.

— O que são essas marcas em seus braços? — ele disse com as bochechas queimando, ainda sem parar de olhar para a curva suave que a cintura de Harry tinha.

— Às vezes eu caio. — diz Harry. — Não é importante.

— Harry...

— O que?

— É normal que eu goste de ver seu corpo?